segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Round 6 – a escassez da paz

Por que é importante que os cristãos falem mais sobre paz em tempos de tanta violência e descaso à dignidade humana? Especialmente a paz que vem de Deus.
Por Odailson Fonseca
A paz, tão apresentada em centenas de textos bíblicos, é a antítese do que muitos pregam hoje e do que algumas séries também retratam. (Foto: Shutterstock)

Ela bateu todos os recordes. Em 28 dias, mais de 111 milhões de lares consumiram seus episódios. Isso fez dela a série mais assistida da história da Netflix. Como só se fala nisso no streaming-space, trata de um assunto que nos leva a refletir. Estou falando de Round 6, uma k-série sul-coreana que transformou jogos infantis na luta pela sobrevivência. Sim, dos 456 participantes concorrendo ao prêmio de 200 milhões de reais (atualizado), nesta história sinistra, quem perde paga com a própria vida. E haja sangue cenográfico espirrando na tela!
Batatinha-frita 1, 2, 3...
Confesso que não assisti a toda a série. As cenas violentas, tentando fazer sinfonia de um massacre em cores vibrantes, afastaram meu interesse por este espetáculo do avesso. É um fenômeno que usa agressividade social como matéria-prima. Por isso, sinceramente, e sem fazer publicidade, desacredito merecer o tempo de quem tem mais para pensar, sonhar e testemunhar. Até porque para falar de um crocodilo não é preciso entrar no tanque com ele. E muitos já tratam do conteúdo desta série por diferentes ângulos.
No entanto, com tantos maratonistas-usuários no percurso do entretenimento digital, vale uma sinopse conceitual (sem spoiler) de Round 6. Aqui vai: é uma crítica pesadíssima ao descaso pela valorização humana em que a rivalidade gananciosa se deforma na luta mais sombria pela existência, além de destacar a desigualdade como combustível desumanizador carregado de orgulho, egoísmo e descaso com as “criaturas feitas à imagem de Deus” (Gênesis 1:26-28).
Nada novo debaixo do céu, concorda?
A verdade é que todo este conteúdo pode ser resumido numa única expressão: a escassez da paz. É isso! Por séculos e séculos, nossa sociedade adoecida continua refém da profecia pós-edênica “maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida” (Gênesis 3:17). Desde lá, o homem nunca mais teve plenitude de calma e sossego. Rastejamos em um cotidiano desidratado de tranquilidade solidária capaz de violentar a perfeição que o Criador carinhosamente repassou à sua obra-prima na criação. É a economia do desamor. Onde se gasta tempo fugindo da morte, tão inevitável quanto cada vez mais próxima.
Pessimismo? Apenas realismo saltando da tela para o nosso desjejum diário. “Os dias em que vivemos são solenes e importantes. O Espírito de Deus está, gradual, mas seguramente, sendo retirado da Terra. Pragas e juízos já estão caindo sobre os que desprezam a graça de Deus. As calamidades em terra e mar, as condições sociais agitadas, os rumores de guerra, são assombrosos. Prenunciam a proximidade de acontecimentos da maior importância”[1].
Na escassa felicidade garimpada por nós – sobreviventes – sobram tristes exemplos de solidão, vazio sem fim e agressividade tingindo nossas memórias de sangue de verdade. Além disso, a pandemia que nos distanciou, contribuiu ainda mais para o isolamento existencial de nossa raça decaída. Com o otimismo rarefeito, a Bíblia é super atual: “sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno” (1 João 5:19). Este é o absolutismo do inimigo. Por isso, não escapo de uma citação de Manuel Castells, em seu livro Redes de Indignação e Esperança, quando afirma que “um mundo não violento não pode ser criado pela violência, muito menos pela violência revolucionária”[2]. Isso é forte e necessário! A não-violência é a verdadeira arma de combate ao totalitarismo opressor da significância.
Paz
Ultrapassando 400 citações bíblicas mencionando diretamente a importância da paz, necessitamos falar, pensar e mostrar este atributo do cristão em tempos de ausência. “O mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira” (2 Tessalonicenses 3:16). Conseguiremos ser pacificadores genuínos?
“Na sociedade do desempenho é preciso poder fechar os olhos – ou o sujeito do desempenho se despedaça sob a coação de sempre ter de produzir mais desempenho”.[3] Será possível fechar os olhos em tempos de obsessão extrema na competição pelo pódio exclusivo? Faz-se necessária a reversão transformadora que só Deus é capaz de fazer.
“Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo!” (João 14:27). Esse é o Round 7 de quem vai além da escassez da paz. Sem esperar o próximo, seja o pavio do bem detonando a revolução da serenidade, da plenitude, da solidariedade. Lembre-se de que só os pioneiros marcam as horas cheias! Que o melhor que está por vir comece desde já. Afinal, uma geração que consome violência de sobra precisa urgentemente rever seus conceitos. Há esperança antiavareza para o prêmio do verdadeiro sucesso. Que sucesso? “Sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança – é a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Colossenses 3:24).
Entenda de uma vez que pacificadores são herdeiros do Reino, arautos do bem e “filhos de Deus” (Mateus 5:9). Promova a série profética de um Deus que está para voltar, maratonando na comunhão com Ele. O melhor está para vir e não haverá escassez de nada mais.

Trump diz não ver problema em envio de tropas de paz europeias para a Ucrânia e afirma que 'Putin aceitará'

Presidente dos EUA recebe o francês Emmanuel Macron na casa Branca nesta segunda-feira (24) para discutir a guerra no Leste Europeu.
Donald Trump recebe o presidente da França, Emmanuel Macron, na Casa Branca, em 24 de fevereiro de 2025 — Foto: Brian Snyder/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (24) não ver problema em um eventual envio de tropas europeias de paz para a Ucrânia.
Trump, que disse já ter conversado por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou ainda que "Putin aceitará" a permanência dessas tropas em território ucraniano. O presidente americano deu as declarações ao lado do francês Emmanuel Macron, a quem recebeu para uma reunião na Casa Branca.

Ao longo da guerra da Ucrânia, que completou três anos nesta segunda, Putin disse diversas vezes que consideraria a presença de tropas do Ocidente na Ucrânia como uma declaração de guerra direta.
Neste caso, no entanto, as tropas europeias não lutariam ao lado de soldados de Kiev, mas seriam enviadas para manter a paz no país após um eventual fim da guerra. A intenção de não colocar soldados europeus no front, mas apenas como garantia para o encerramento dos combates, foi confirmada por Macron.
A declaração de Trump é feita dias após o presidente americano ter direcionado declarações ríspidas ao líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. Na última quarta (19), Trump chamou Zelensky de "comediante modestamente bem-sucedido" e "ditador", além de fazer ameaças diretas.
Dois dias depois, ele afirmou que a presença de Zelensky na mesa de negociações não era muito importante: "Ele está lá há três anos. Ele faz com que seja muito difícil fechar acordos", afirmou, em uma entrevista.
Zelensky, por sua vez, acusou Trump de exigir US$ 500 bilhões em riquezas da Ucrânia em troca de apoio dos Estados Unidos. O presidente ucraniano afirmou ainda que não poderia vender o próprio país.
Representantes dos EUA e da Rússia chegaram a se reunir na Arábia Saudita para negociar o fim do conflito sem a presença de nenhuma autoridade ucraniana.

Reunião de emergência
No último dia 17, líderes europeus já haviam afirmado estar prontos para enviar tropas de paz para a Ucrânia após a assinatura de um acordo de paz entre Moscou e Kiev. O continente demonstrou preocupação com a aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin.
Os europeus defenderam aumentar o gasto militar para se proteger da ameaça expansionista da Rússia, após uma reunião de emergência realizada em Paris.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse estar "pronto e disposto" a enviar tropas britânicas para a Ucrânia como parte de um possível acordo de paz.
O presidente dos EUA, Donald Trump, surpreendeu os aliados europeus na Otan (aliança militar ocidental criada na Guerra Fria para frear a União Soviética) e na Ucrânia no início do mês passada quando anunciou que havia mantido uma ligação com Vladimir Putin sem consultá-los e que iniciaria um processo de paz.
No domingo (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse estar disposto deixar o governo de seu país em troca de um fim da guerra na Ucrânia.
Zelensky também condicionou uma eventual saída do cargo à entrada da Ucrânia na Otan. Disse ainda que está disposto a uma saída imediata do cargo e que "não planejo estar no poder por décadas".

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Como manter relações saudáveis em um mundo doente

Autocuidado, empatia e aceitação são pilares para o bom convívio com outras pessoasPor
 Por Karyne Correia | Brasil
O ser humano é sociável por natureza, e precisa conhecer os fundamentos para construir boas relações (Foto: Shutterstock)
Todos os dias, nos consultórios de Psicologia, ouvimos relatos de problemas nas relações interpessoais. As queixas vêm de casais, pais e filhos, pessoas vivendo em vínculos abusivos, entre outros casos. Mesmo aqueles problemas que não são relacionais, quase sempre derivam destes. E, na maior parte das vezes, a busca por ajuda acontece quando já há uma crise estabelecida. A verdade é que as pessoas estão doentes e adoecendo outras.

Criados para nos relacionarmos

Nós, humanos, somos serem relacionais. Fomos criados para interagir com outras pessoas. Diferentemente das tartarugas marinhas, por exemplo, cujos filhotes nascem sozinhos e precisam lidar por conta própria com as adversidades para sobreviver e prosperar, o bebê humano depende de cuidado e afeto, e é por meio dos relacionamentos que ele constrói sua personalidade, senso de identidade, crenças, valores e caráter.
Leia também:
Curando feridas com perdão
Um cérebro projetado para regular as emoções

Temos a necessidade de nos relacionarmos intimamente com pessoas, compartilhando sentimentos e pensamentos. Precisamos sentir que temos alguém com quem contar. Também carecemos de sentir-nos parte de um grupo, de algo maior que nós mesmos.

Nosso bem-estar é afetado por nossas relações. Se estas não são boas, sofremos emocional e até fisicamente. Pesquisadores verificaram que interações sociais pobres ou extremamente limitadas têm um efeito na mortalidade humana que se compara ao de fumar, e duas vezes maior que o da obesidade [1].

Estabelecendo relações saudáveis

Para nos relacionarmos bem com os outros, precisamos, primeiramente, nos relacionar bem conosco. Uma visão equilibrada e respeitosa sobre quem somos nos possibilita enxergar as demais pessoas da mesma forma. Mas se nossa autoestima está baixa, temos a tendência de considerar os outros como mais importantes que nós e entrar em relações abusivas.

A construção de bons vínculos também requer que sejamos capazes de ver o mundo sob a perspectiva dos outros. Ao passo que temos a nossa própria forma de pensar e interpretar as coisas, as demais pessoas têm a delas, e isso não significa, necessariamente, que elas estão erradas. Qualquer coisa pode ser vista por diversos ângulos. Ao exercitarmos o olhar empático, nos conectamos mais intensamente às pessoas e melhor compreendemos sua forma de sentir e agir.

Algumas pessoas entendem empatia como “sentir o que o outro sente”. Isto é impossível. Cada experiência é única. A empatia nos permite identificar-nos emocionalmente com o outro, não porque compartilhamos o que está sentindo, mas porque nos esforçamos para ver as coisas como vê o outro e compreender as suas emoções.

Também é preciso exercitar a aceitação. As pessoas não são, necessariamente, como gostaríamos que fossem. E elas têm o direito de serem assim. Aceitar não é concordar, mas permitir e respeitar, ao invés de resistir e tentar moldar.

Se tivermos um olhar equilibrado e respeitoso sobre nós mesmos, nos dispusermos a enxergar sob a perspectiva do outro, formos empáticos e exercitarmos a aceitação, construiremos relações saudáveis e saberemos deixar aquelas que são danosas.

Para finalizar, gostaria de acrescentar algo prático que tem um potencial imenso de melhorar nossas relações. O livro Mente, Caráter e Personalidade, volume 1, página 209, diz: "Amor igual ao de Cristo atribui a mais favorável das intenções aos motivos e atos dos outros. Não expõe desnecessariamente suas faltas; não ouve com avidez relatórios desfavoráveis, mas antes procura trazer à mente as boas qualidades dos outros". Por melhores que sejam nossos relacionamentos, eles não são perfeitos. Exercitar um amor semelhante ao de Cristo, que busca enxergar no outro o que há de melhor, nos ajuda a viver o melhor das nossas relações.

Round 6 – a escassez da paz

Por que é importante que os cristãos falem mais sobre paz em tempos de tanta violência e descaso à dignidade humana? Especialmente a paz que...