segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Hamas liberta 20 reféns israelenses após mais de 700 dias de cativeiro em Gaza

Grupo terrorista tinha até as 6h desta segunda para libertar todas as vítimas. Israel afirma que outros 28 reféns que ainda estão sob o poder do grupo terrorista estão mortos
Por Wesley Bischoff, Aline Freitas, g1 — São Paulo

Os 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam sob poder do grupo terrorista Hamas foram finalmente libertados após mais de dois anos de cativeiro, na madrugada desta segunda-feira (13). A operação faz parte de um acordo de cessar-fogo assinado entre Israel e o Hamas.

O que aconteceu até agora:
  • Havia 48 reféns sob poder do Hamas na Faixa de Gaza. Desses, 20 foram libertados com vida. Israel diz que os demais 28 reféns estão mortos, mas dois deles ainda têm a situação oficialmente desconhecida.
  • No total, o Hamas sequestrou 251 pessoas no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Outros reféns foram libertados ao longo de outros acordos de cessar-fogo.
  • Como contrapartida, o governo israelense libertou 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que haviam sido condenados à prisão perpétua por crimes cometidos contra Israel e sua população.
  • Os prisioneiros libertados por Israel embarcaram em ônibus da Cruz Vermelha para serem enviados para Gaza, Cisjordânia e outros países.
O Hamas sequestrou 251 pessoas durante os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023. Segundo Israel, o grupo ainda mantinha 48 vítimas na Faixa de Gaza, das quais 28 estão mortas. Os demais sequestrados foram libertados em outros dois acordos de cessar-fogo ou resgatados por militares israelenses.

Os 28 corpos dos reféns mortos não foram entregues pelo Hamas a Israel até a última atualização desta reportagem. Ainda não foram divulgados detalhes sobre a entrega dos restos mortais desses reféns.

Sete reféns foram libertados por volta das 2h desta segunda-feira, no horário de Brasília. Os outros 13 foram entregues duas horas depois. Eles foram encaminhados para uma base, onde reencontraram familiares e receberam atendimento médico.

Os reféns libertados nesta segunda-feira foram entregues à Cruz Vermelha e, depois, às Forças de Defesa de Israel, para deixarem a Faixa de Gaza.

Em troca, Israel prometeu soltar quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que cumpriam penas de prisão perpétua. A Reuters informou que os detentos embarcaram em ônibus da Cruz Vermelha para serem enviados para Gaza, Cisjordânia e outros países.

Na quarta-feira (8), Israel e o Hamas anunciaram um plano de paz para interromper a guerra na Faixa de Gaza. Pelo acordo, o grupo se comprometeu a libertar todos os reféns vivos e a devolver os restos mortais das vítimas que morreram.

O Hamas tinha até as 6h desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, para concluir a libertação. O grupo pediu mais tempo para localizar todos os corpos dos reféns mortos.

Ainda não há prazo para que todos os corpos sejam devolvidos. A Turquia anunciou uma força-tarefa para ajudar o Hamas a encontrar os restos mortais das vítimas na Faixa de Gaza.

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O acordo
O plano de paz entre Israel e Hamas foi apresentado no fim de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Veja alguns pontos a seguir.

🟢 Reféns: O Hamas mantinha 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses.

💥 Ataques em Gaza: O plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza e o recuo das tropas israelenses
  • O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro prevê uma retirada gradual das tropas do território palestino.
  • Logo após o anúncio do cessar-fogo, as forças israelenses recuaram para uma linha acordada com o Hamas.
  • Com isso, Israel diminuiu a área de ocupação em Gaza de 75% para 53%.
  • O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns.


🔎 O que falta esclarecer: Apesar do início do cessar-fogo, vários detalhes do plano de paz ainda não foram divulgados.
  • Segundo o presidente Trump, outras fases do acordo estão em negociação. Ainda não se sabe como serão as próximas etapas.
  • Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca.
  • Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. O grupo terrorista tem indicado que não concorda com a ideia.
  • O Hamas disse também que não vai acertar uma tutela estrangeira na governança de Gaza, algo previsto no plano dos Estados Unidos.
Uma cerimônia para oficializar a assinatura do acordo será feita nesta segunda-feira, no Egito. Trump e outras 20 lideranças internacionais devem participar do evento.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Ao querer mudar o mundo pela tela do celular alguns têm travado guerras virtuais e violado princípios eternos
Já virou um hábito! Basta uma brecha no trabalho, uma palestra tediosa, um bom sinal Wi-Fi por perto ou um smartphone com pacote de dados generoso para que o indicador continue seu movimento automático, quase involuntário, deslizando sobre a tela e um mundo de informações. Assim tem sido a rotina de milhões de pessoas nas redes sociais. O que não interessa cai no esquecimento; se algo compensar, quem sabe ganha um like, um comentário ou alguma crítica.

Redes sociais fazem de nós espectadores da vida. Porém, os inúmeros recursos oferecidos por essas plataformas digitais nos dão a possibilidade de não somente observar o que se passa na rede, mas de ser autores, promotores e incentivadores de qualquer ideia. É nesse ponto que vale a pena refletir sobre a maneira como temos utilizado esses espaços virtuais, considerando que eles têm tomado direções perigosas que esbarram em questões éticas, morais e espirituais.

Já nos acostumamos a ser inundados de postagens com pensamentos prontos, frases de efeito, memes, sátiras, ironias e insinuações. Muitas delas abordando situações do dia a dia e, diga-se de passagem, algumas muito criativas e engraçadas. Entretanto, temos observado o crescente número de conteúdos falsos, produzidos por grupos com interesses ideológicos, comerciais e políticos. São as chamadas fake news. De acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos EUA, as notícias falsas se espalham 70% mais rápido do que as notícias verdadeiras. Já a consultoria internacional Trend Micro concluiu que se trata de um mercado consolidado que tem orçamentos que chegam a 400 mil dólares. Com essa verba, é possível criar uma celebridade digital ou manipular um processo de decisão. De fato, temos constatado o papel delas na formação da opinião pública sobre os diferentes temas da atualidade.

Não podemos esquecer que tudo o que falamos ou fazemos exerce algum tipo de impacto na vida de outras pessoas. Nosso comportamento nos ambientes virtuais pode igualmente influenciar a maneira de outros pensarem e agirem, tanto para o bem quanto para o mal. Em um tempo tão solene, infelizmente muitos cristãos estão desperdiçando as boas oportunidades que são oferecidas de promover o bem, a paz e o amor. Em vez disso, preferem transformar as redes em campos de guerra ideológica, política e religiosa. Alguns, de maneira intransigente e descuidada, ignoram a possibilidade de se tornarem agentes de uma eventual fake news quando postam ou compartilham conteúdos sem se certificar da autenticidade da informação.

Considerando a maneira como Deus deseja que vivamos, a questão é mais grave do que parece. Nosso papel é restaurar a verdade, não propagar a mentira. Os adventistas têm dado grande ênfase na obediência à Lei de Deus, os dez mandamentos, com especial destaque no quarto mandamento, que diz respeito ao sábado como dia sagrado. Contudo, consideramos que os outros nove devem ser igualmente praticados, inclusive o nono, que afirma: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20:16, NVI). Não seria o caso de pensarmos na grave possibilidade de milhões de usuários virtuais se enquadrarem em uma rotineira transgressão do nono mandamento quando atribuem a personalidades, políticos, autoridades e a outras pessoas frases descontextualizadas, pensamentos distorcidos ou vídeos editados com propósito de defender seus próprios interesses?

No meio jurídico, testemunhar a respeito de alguém é tão sério que pode ser determinante sobre uma decisão judicial a favor ou contra determinada pessoa. No ambiente virtual, cada notícia falsa que é compartilhada e viralizada seguramente cumprirá seu propósito de difamar e denegrir a pessoa mencionada, podendo trazer sérias consequências psicológicas e emocionais sobre a mesma. Nesse sentido, Fernando Peres, advogado especialista em direito digital e crimes cibernéticos, expressa que os usuários são virtuais, mas as vítimas são reais.

Contrariamente, há quem possa dizer que rede social é um amplo espaço para discussão das questões contemporâneas, e que seu uso, ainda que de forma inadequada, deve ser aproveitado para denunciar conceitos filosóficos, ideologias, assim como falhas de líderes políticos e religiosos. Entretanto, considere a seguinte questão: Seria essa a missão do povo de Deus para os dias finais da Terra? Não deveríamos gastar mais energia na tarefa de amar e apresentar o Cristo Salvador ao próximo do que em batalhas virtuais? Alguns têm manifestado uma verdadeira obsessão em sempre levar a melhor em debates e discussões. Contudo, a Palavra de Deus adverte que “nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6:12, NVI). Este é um conflito sério demais para ser reduzido a um ambiente virtual com cristãos armados com frases de efeito ou imagens convincentes.

Aqui na Terra, Cristo venceu o mal propondo uma revolução. Não um levante contra o corrupto sistema vigente. A revolução de Cristo consistia numa deflagrada reversão dos efeitos do pecado sobre cada pessoa, materializada em cada gesto de amor, em cada sofrimento aliviado, ou então numa singela palavra compassiva. Assim, Cristo transformou pessoalmente um ser humano de cada vez, preparando-o para sair deste mundo, e não para ficar nele.

Ser um militante da rede pode fazer alguém parecer engajado nas questões sociais, mas isso não passa de uma fantasia particular. Sendo assim, será que vale a pena querer mudar o mundo pela tela de um celular, correndo o risco de violar princípios eternos, principalmente o nono mandamento?

Ellen G. White orientou: “Cultivem o hábito de falar bem do próximo. Detenham-se sobre as boas qualidades daqueles com que estão associados e olhem menos possível para seus erros e fraquezas” (A Ciência do Bom Viver, p. 492). Faça logoff das teorias, objeções, tumultos e insurreições e login na prática do serviço, amor e serenidade do evangelho. Todas as partes envolvidas só terão a ganhar.

Um olhar sobre o nono mandamento e o nono mandamento no olhar

Neste artigo, faço uso das diversas e abrangentes definições dadas pelo dicionário para a palavra “mentira”, aliadas a uma pesquisa exegética e bibliográfica do assunto para desvendar algumas possibilidades de aplicações para uma melhor compreensão do nono mandamentos da Lei de Deus. Considerando que as palavras possuem um grande poder, e, portanto, um “falso testemunho” também pode causar um grande mal, procuro mostrar a origem desse mal através de uma leitura mais atentiva e interpretativa do Sermão do Monte.

1. Introdução

Certa vez, em 2006, pude testemunhar uma história digna de um filme. Refiro-me ao meu terceiro ano como professor de escola pública estadual em São Paulo, capital, numa escola da periferia da Zona Leste. Foi lá que tive o privilégio de conhecer a Professora Marta, que, em decorrência de um problema em suas cordas vocais, trabalhava na biblioteca da escola. Muito ativa e sempre simpática, não havia ninguém que não apreciasse sua boa companhia. Ao mesmo tempo, era uma pessoa organizada e responsável, zelosa pela ordem. De tal forma que o jornal local a convidara para fazer uma matéria sobre a biblioteca e a dificuldade da escola em adquirir novos livros e organizá-los num espaço razoável para que todos os alunos tivessem um bom acesso.

Próximo ao fim do ano, Marta recebeu uma carta, com o endereço da escola, de um escritório de advocacia. Preocupada, abriu-o com rapidez e teve uma grande surpresa ao começar a ler… Era Paulo, um ex-aluno, de quem Marta pouco se lembrava, mas que estava a sua procura havia um bom tempo. Aliás, já estava quase desistindo de procurar, quando encontrou, em seu escritório, um jornal já vencido, o qual por coincidência abriu… Nem é preciso dizer quem ele viu. A matéria citava apenas o nome da escola. Paulo pesquisou o endereço e realizou seu desejo: o de se comunicar com sua antiga professora a fim de agradecer por sua importante ajuda. Paulo, em sua carta, agradecia simplesmente por um dia ter sido incentivado a ler na sala de aula, de frente para os colegas. Por sua timidez, teve medo, vergonha, tremedeira, como muitos nessa situação. Errou palavras, engasgou, e nem se lembra ao certo se conseguira chegar até o fim, mas Paulo jamais esqueceu as palavras de incentivo e o elogio que Marta fizera a sua leitura e a sua voz. Paulo esperava uma bronca, uma palavra de desagrado por seu erro, risos, porém, ao contrário, recebeu um elogio, um incentivo, uma palavra de afeto. Em sua carta, Paulo afirmava, com convicção, que aquele dia fora um divisor em sua vida, que o fez modificar sua maneira de agir e lhe possibilitou ser o que era hoje, um profissional bem sucedido.

2. O Poder das Palavras

Quanto poder há num simples elogio! Uma simples palavra transformou a vida de Paulo. A Bíblia, em diversas ocasiões, demonstra e chama a atenção para esse poder que um elogio ou uma palavra de afeto possui, especialmente no livro de Provérbios: “Favos de mel são as palavras agradáveis, doçura para a alma e saúde para os ossos.” (Pv. 16.24); “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11). No entanto, com o mesmo poder que uma palavra pode salvar, infelizmente também pode destruir. A Bíblia, igualmente no livro de Salomão, demonstra a importância e o cuidado que devemos ter com o poder das palavras por meio de mensagens de aviso e também de condenação: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite.” (Pv. 12.22); “O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a falsa testemunha diz engano.” (Pv. 12.17); “a falsa testemunha não fica impune e o que profere mentiras não escapará.” (Pv. 19.9). Entre muitos outros textos sobre o assunto, sem dúvida o mais conhecido é o nono mandamento em Êxodo 20.16 – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.”

Ao olharmos para o nono mandamento do decálogo, logo nos vem à mente a idéia de mentira, ou o ato de mentir. Contudo, o nono mandamento deve ser entendido de forma mais profunda, pois assim como os outros mandamentos, não se limita a uma simples sentença negativa ou a uma simples regra, mas a uma norma de conduta e de relacionamento entre Deus e os homens. “Os Dez Mandamentos nos convida a descobrir nossas obrigações com relação a Deus, ao próximo e à sociedade” Por isso o conceito de “lei” em toda a Bíblia se resume no amor, pois está baseado em relacionamentos, primeiro entre Deus e os homens e depois entre o homem e seu próximo. E não há relacionamento verdadeiro sem amor.

3. Um Olhar sobre o Nono Mandamentos: Olhando Além da Mentira

“Não dirás falso testemunho” pode ser entendido como falar falsamente, dizer algo com o intuito de enganar, contrariar a verdade. Ellen White amplia o alcance do texto ao dizer que “por um relance de olhos, um movimento da mão, por uma expressão do rosto pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras.” Essa afirmação é confirmada pelo texto original, na língua hebraica, no qual a palavra “ta’aneh”, traduzida como “dirás”, também pode ser expressa como “dar a entender” , portanto, não se refere apenas ao falar, mas também ao agir.

Se recorrermos ao dicionário, poderemos ter definições ainda mais enriquecedoras, e abrangentes como: dar indicação contrária à realidade, cessar de ser bom, criar intriga, tirar a boa fama, desacreditar… e por este primeiro grupo de definições podemos entender outra implicação do nono mandamento: a difamação, ou seja, o esforço no sentido de prejudicar a reputação, a “fama” de alguém. Podemos adicionar ainda outra tradução possível para o termo em hebraico mencionado anteriormente: “concordar”. Desta forma, não somente aquele que difama, mas também aquele que concorda com o que é falado ou permite que falem enganosamente de outro sem se manifestar contra, transgride o nono mandamento, uma vez que possibilita a outros serem tentados a acreditar e repetir tudo o que é indigno para aqueles cuja opinião ou atitude pretendem reprovar. Também está incluso aqui a paradoxal declaração “mentir para o bem”, isto é, “insinuar ou divulgar informações à desvantagem pessoal de outros, como se fossem justificados em pensar mal de alguém que entendem estar agindo errado” espalhando suspeitas sobre as motivações da conduta ou do outro. Motivo pelo qual os homens atraem tanta culpa a si próprios e criam tantos problemas para outros.

Em um segundo grupo de definições, observamos outra possibilidade de aplicação: disfarçar, encobrir as intenções, fingir, simular, não revelar os sentimentos, ocultar… , essas definições demonstram uma intenção que não consiste somente em prejudicar o próximo, como na anterior, mas em obter algum benefício próprio por não mostrar a verdade ou por mostrá-la de forma incompleta. Podemos mencionar diversos exemplos, como simular uma doença para receber atenção, fingir simpatia por alguém importante para ganhar algum beneficio de sua amizade, como diz Brokke : “o falso testemunho nem sempre é engano, por vezes é adulação”. Forjar uma prova para inocentar-se de alguma acusação ou para acusar outro em seu lugar, como o exemplo bíblico dos irmãos de José que sujaram sua túnica nova com sangue de um animal como prova de que ele estava morto, também é dizer falso testemunho. Temos ainda outro exemplo bíblico em Gênesis, onde Abraão apresenta Sara como sua irmã omitindo que era também sua esposa. Deste modo, essa definição “não se limita a ação consciente contra alguém, mas abrange também o resultado ulterior e, ás vezes, inesperado das palavras falsas” , pois as mentiras que dizemos, ou as verdades que ocultamos para satisfazer e ou justificar a nós mesmos, sempre refletirão contra alguém e poderão produzir efeitos imensuráveis de sofrimento, amargura e ódio.

4. Olhando para os Efeitos

Uma última definição encontrada no dicionário que me chamou a atenção foi “atenuar o efeito de”. Um importante aspecto está implícito nessa definição, visto que a ordem de Deus para não dizer falso testemunho nos faz atentar, em primeiro lugar, para o grande valor da verdade. O relativismo do atual mundo pós-moderno considera as preferências pessoais acima do conceito de verdade e entende a liberdade de expressão como premissa para o direito de dizer o que quiser, doa a quem doer, já que “os direitos são mais importantes que as responsabilidades”, tornando a aplicação da verdade apenas local e temporal. Através da mídia e do excesso de informações, o valor da verdade se torna cada vez menos relevante e cada vez mais conceitual, de forma que os mandamentos e a as verdades bíblicas, eternas e atemporais, são incluídas imperceptivelmente no mesmo paradigma, sob uma máscara de aculturação ou abertura a novas idéias, por aqueles que deveriam defendê-las como tal. É fácil observar como o relativismo mina a verdade e a vida da mente mesmo quando aparece mascarado de esclarecimento e tolerância. Portanto, não dizer falso testemunho abarca não “atenuar o efeito” que a verdade tem, não reter uma verdade que precisa ser dita. Em outras palavras, abarca defender a verdade para que o seu valor não seja diminuído.

Num outro aspecto, o nono mandamento também nos previne para o grande valor do nome de uma pessoa. Para os judeus, o nome de Deus, representado pelo tetragrama de quatro consoantes “YHWH”, era tão sagrado que usavam uma pena diferente e especial para escrevê-lo nas Escrituras e só era pronunciado uma vez ao ano pelo Sumo Sacerdote. Considerando que os seres humanos foram criados à “sua imagem e semelhança”, eles também devem ter seus nomes protegidos contra falsos testemunhos. Deste modo, “mentir se torna mais grave do que roubar” , já que o ladrão leva apenas coisas materiais que podem ser repostas, enquanto o mentiroso tira algo que talvez nunca mais possa ser restituído. William Shakespeare, sobre este assunto, declarou: “Quem me rouba a bolsa, escória rouba… Mas quem me surripia o bom nome, furta aquilo que em nada lhe enriquece e que a mim me deixa na miséria.” Portanto, “atenuar o efeito” de um bom nome é o mesmo que roubar o valor de uma pessoa. E, por conseguinte, é o mesmo que prejudicar todos os seus relacionamentos como família, igreja e sociedade. Pois “quando a verdade é substituída pela fraude em qualquer relacionamento, este perde seu valor”

Num terceiro aspecto, o nono mandamento nos faz atentar para o valor da palavra de uma pessoa . Em Mateus 12.34, Jesus diz: “A boca fala do que está cheio o coração”, ou seja, pode-se ver o estado do coração de um homem mediante as palavras que pronuncia, pois as palavras não são apenas sons vocalizados pela boca, mas idéias que resultam do “bom ou mau tesouro do coração” (v. 35), são símbolos da condição espiritual de uma pessoa. Certamente não há nada tão revelador como as palavras. Destarte, revelamos continuamente o que somos mediante o que dizemos e por isso a palavra de uma pessoa é tão importante. “Atenuar o efeito” da palavra de alguém é como tirar o valor de suas intenções mais íntimas sem conhecê-las. Por outro lado, é possível que muitas das palavras que um homem pronuncia em público sejam finas e nobres, e que suas conversações privadas sejam o oposto, grosseiras e maldosas. “A palavra que se diz com muito cuidado pode ser uma hipocrisia calculada” . Assim, o hipócrita pode ser incluído nesse aspecto como aquele que “atenua o efeito” de suas próprias palavras, pois não age de acordo com elas, não dá valor a elas e, conseqüentemente, não valoriza a si mesmo, pois não se mostra como é verdadeiramente. Reprime as palavras que estão em seu coração, mas fala as que provêm de seu orgulho. Cada homem deve analisar-se a si mesmo. Deve examinar suas palavras para poder descobrir o estado de seu coração. E deve recordar que Deus não o julga pelas palavras que pronuncia com cuidado e premeditação, mas sim pelas que pronuncia quando desapareceram todas as barreiras convencionais e os verdadeiros sentimentos de seu coração aparecem na superfície.

5. Olhando Internamente

No Novo Testamento, a lei é repercutida no Sermão da Montanha, em que Cristo nos mostra uma interpretação mais profunda e uma aplicação mais “atualizada” da lei de Moisés. Jesus, nas bem-aventuranças, aplica a lei ao caráter; nas metáforas do sal e da luz, aplica a lei à influência que Seus seguidores deveriam exercer no mundo. Ao dizer que não veio “ab-rogar, mas cumprir” (Mt.5.17), Jesus aplica a lei à justiça confirmando sua autoridade. Nas comparações entre os dois senhores, entre as coisas terrenas e celestiais, Jesus aplica a lei às motivações e desejos do homem. Em suma, no Sermão da Montanha Jesus aplica a lei ao relacionamento entre Deus e o homem e entre o homem com o seu próximo , e assim como foi dito anteriormente, o amor deve ser o elo desses relacionamentos, pois este é o grande mandamento da lei: “amarás a teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu entendimento… e ao próximo como a ti mesmo” (Mt. 22.37-39).

Como vimos, o nono mandamento não se resume em somente não mentir, mas envolve muitos outros aspectos relacionais, de modo que, se o Sermão do Monte é uma ampliação da aplicabilidade da lei nos relacionamentos humanos, deve então ampliar a nossa visão sobre o nono mandamento. Stott comenta que com bastante freqüência o olho nas Escrituras é equivalente ao coração, isto é, “colocar o coração” e “fixar os olhos” em alguma coisa são sinônimos. O que vemos, fisicamente, nos afeta e nos influencia, da mesma forma, o que vemos espiritualmente (aquilo em que fixamos nosso coração) afeta toda a nossa vida. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt. 6:21). Por isso Jesus pede a seus ouvintes que não ajuntem tesouro na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, mas no céu, pois o materialismo e a ganância nos faz perder o senso de valores e o discernimento das coisas temporárias e as eternas. Esse verso é seguido pela analogia dos olhos, que Jesus compara com a lâmpada do corpo: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teu olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas” (v. 22, 23). Portanto, o olho bom é como um binóculo que amplia o alcance ou como uma lente que melhora a visão distorcida pelo pecado e o olho mau é como uma catarata que obscurece a visão, ou como uma venda que cega e conduz às trevas.

6. O Nono Mandamento no Olhar

A palavra nesse texto traduzida como “bom” tem um sentido bastante comum no grego do Novo Testamento, como generoso ou generosidade, como no livro de Tiago que diz, com respeito a Deus, que ele dá a todos “generosamente” (Tiago 1:5). E o advérbio que usa em grego, é o mesmo que aparece no texto como adjetivo. Por oposição, a palavra traduzida por “mau” tanto no Novo Testamento como na Septuaginta, também significa miserável ou mesquinho. Assim sendo, Jesus está afirmando que não há nada como a generosidade para nos permitir ver a vida e as pessoas de maneira correta e não há nada como a avareza para fazer com que nossa visão das coisas e das pessoas seja incorreta. Olho bom é aquele olhar que busca dar e não receber, que olha para ajudar, para entender, para compartilhar, para agradecer… olha com amor. Ao contrário, o olho mau é aquele olhar que só busca receber, olha com cobrança, com julgamento, esperando algo que ele mesmo não tem, sempre querendo mais e sempre insatisfeito.

Seguindo essa interpretação, podemos dizer que o nono mandamento nos conduz a dar um melhor significado a coisas duvidosas. Leva-nos a esperar o que é bom sobre o nosso próximo, ou pelo menos dar ao próximo o benefício da dúvida, mesmo que ele tenha feito algo de errado, visto que toda pessoa é capaz de mudar de idéia. “A calúnia não é só incriminar e achar erro no inocente onde não há razão para isso, mas é também dar o pior significado a coisas ditas de forma comum” . Um olho mau desconfia, entende coisas ditas, correta ou ambiguamente, da pior forma possível. Isso não significa que devemos ser ingênuos ou ignorar o óbvio, mas que devemos ser generosos em nossos julgamentos com respeito a outros. Uma das características da natureza humana é pensar sempre o pior, e encontrar um prazer maligno em repetir o pior. Todos os dias vêem assassinar a boa reputação de pessoas perfeitamente inocentes na fofoca de pessoas cujos julgamentos estão impregnados de veneno. O mundo se veria sacado de muito sofrimento se tratássemos de pensar o melhor, e não o pior, com respeito a nossos próximos, e se nossa interpretação de suas ações fosse sempre “generosa”.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Programa com foco em neurociência estreia na TV Novo Tempo

O Curiosamente, apresentado pela doutora em neurociência Rosana Alves, explora o universo da mente humana em harmonia com a Bíblia
Rosana Alves durante interação com o mascote Jerônio, que a acompanhará ao longo dos episódios (Imagem: Reprodução)

O Curiosamente, uma produção que promete aproximar o público do fascinante universo da mente humana, está no ar na TV Novo Tempo. Com uma abordagem leve, acessível, embasada na Bíblia e com credibilidade científica, a produção revela como o cérebro influencia cada aspecto do dia a dia — das emoções e decisões à memória, relacionamentos e saúde integral.

Com linguagem clara, o programa explora temas ligados à neurociência e à saúde mental, sem perder a profundidade necessária para oferecer informação de qualidade. A cada episódio, o público será conduzido por reflexões práticas sobre como cuidar do cérebro significa investir no bem-estar físico, mental e espiritual.
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A apresentação do programa é da doutora Rosana Alves. Ela é psicóloga formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre e doutora em Neurociência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Possui três pós-doutorados, sendo dois no Brasil (Unifesp e Universidade de São Paulo, a USP) e um nos Estados Unidos (Marshall University). Tem experiência na psicologia, com foco em neuropsicofarmacologia. É presidente do Neurogenesis Institute, localizado nos Estados Unidos, além de palestrante e escritora.

“Ele é feito tanto para o público adulto quanto idoso e até crianças. Fala de aspectos positivos dessa mente, com tantos problemas, e como podemos aplicar dicas práticas para lidar com todas essas demandas. Esse programa é importante porque tem a ver com a vida humana. São perguntas que surgem do dia a dia, são necessidades que a pessoa pode, através do programa, tirar suas dúvidas”, ressalta Rosana. E ela completa dizendo que “o maior desafio foi transformar essa linguagem científica em uma linguagem acessível, para que todos possam entender e se beneficiar.”

Entre os assuntos que ganham destaque estão: como melhorar a memória, o impacto da fé e da espiritualidade na saúde mental, a influência das emoções e do estresse no corpo, os efeitos do sono e da alimentação no desempenho cerebral, as mudanças do cérebro em cada fase da vida, e até como a tecnologia pode afetar o foco e a criatividade. O programa une ciência e fé para mostrar que entender o cérebro é um passo essencial para viver de forma mais equilibrada, saudável e plena.

Veja mais detalhes no vídeo abaixo:

Discussão de temas relevantes para o telespectador

Willian Silvestre, coordenador do núcleo de programas espirituais da TV, se diz animado com a estreia. “Ele traz uma abordagem totalmente inédita para um tema de grande importância. Nossa equipe se dedicou intensamente para oferecer o melhor aos telespectadores, contemplando corpo, mente e vida espiritual”, ressalta.

O primeiro episódio, intitulado “Introdução ao Cérebro”, mergulha de forma leve e acessível no funcionamento da máquina mais poderosa do corpo humano. Com uma linguagem clara e simples, recursos visuais criativos e muitas metáforas, o programa explica como o cérebro organiza emoções, memórias e experiências para guiar decisões.

O mascote Jerônio, um simpático cérebro animado, interage com a doutora para mostrar na prática como esse órgão “vive” os temas abordados. Entre curiosidades, ilusões de ótica e comparações com máquinas modernas, o conteúdo revela a grandiosidade do cérebro e traz dicas para mantê-lo saudável, ressaltando que ele é único em cada pessoa e um presente especial de Deus.

Jerônio é a representação de um cérebro com personalidade própria. Sua função é deixar o conteúdo mais divertido e didático. Por isso, reage às explicações, faz comentários bem-humorados e ajuda a mostrar, de forma prática, como o cérebro “pensa”, economiza energia, toma decisões e até se engana em certas situações.

Para Daiana Leon, diretora do programa, esse é um novo desafio. "Aceitar o trabalho de dirigir o programa Curiosamente foi, sem dúvida, um grande desafio para mim. Trata-se de um projeto com um formato inovador, criado por Ketlin Brito e Andrícia Rodríguez, que idealizaram um programa dinâmico, acessível e cheio de recursos visuais para tornar a ciência compreensível e fascinante para todos. Assumir essa responsabilidade significou sair da minha zona de conforto e aprender a olhar o conteúdo com uma nova perspectiva: não apenas do ponto de vista técnico, mas também humano e criativo", ressalta. "Foi um desafio que me impulsionou a crescer profissionalmente e, ao mesmo tempo, me permitiu contribuir com a minha visão para dar vida a um projeto que busca despertar a curiosidade, simplificar o complexo e, sobretudo, conectar-se com as pessoas de uma maneira clara e significativa."

O programa vai ao ar todos os domingos, às 18h (horário de Brasília), e também está disponível no NT Play.

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A água pode facilitar a perda de peso mais do que você imagina

Estudos e práticas comprovam os benefícios da água para o corpo humano, principalmente para aqueles que precisam de alguns quilos a menos.
Água traz inúmeros benefícios para o corpo humano (Foto: Shutterstock)

Minha neta Arly estava conversando com sua mãe: "Mãe, você sabe que às vezes eu tenho fome, então eu como algo e continuo com fome, mas depois bebo água e não tenho mais fome? Talvez eu não estivesse com fome, mas com sede!" E a mãe dela, Caroline, respondeu: "Obrigada por compartilhar isso. É bom que você esteja ouvindo o seu corpo!"

Estamos ouvindo nossos corpos?

Tenho lutado com o controle de peso há muitos anos. Sim, o doutor Hildemar também tem problema com o peso. Sou humano e sou meio norte-americano (75% deles têm excesso de peso). Meu peso varia de 90 a 95 quilos, meu IMC é de cerca de 26 e meu percentual de gordura corporal está entre 21 e 22%. Posso ser considerado limítrofe do sobrepeso ou quase lá. No entanto, tenho uma boa quantidade de músculos e minha gordura corporal não é muito alta. Além disso, o IMC normal atual para idosos gira em torno de 26 a 27 (sim, sou idoso). Portanto, acho que estou bem. No entanto, minha balança de bioimpedância InBody ainda insiste que preciso perder 6,3 quilos de gordura. O que há de errado com essa balança?

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Mas, voltando à água, no ano passado precisei fazer um tratamento enquanto bebia uma quantidade extra de água. Quando verifiquei meu peso naquele mês, estava com 88 kg. Meu menor peso em anos.

Então, revisei a literatura. Uma revisão sistemática conduzida em 2019 por Guillermo Bracamontes-Castelo et al. (Nutr. Hosp.) encontrou uma relação positiva entre a ingestão de água e a perda de peso. No geral, cerca de 5% da perda de peso pode ser alcançada simplesmente aumentando a ingestão de água ou bebendo água antes das refeições para suprimir o apetite. No entanto, a estratégia mais eficaz consiste em substituir bebidas com alto teor calórico por água.

Uma pesquisa recente, conduzida em 2024, revelou que a ingestão de água está associada à perda de peso e a um menor risco de cálculos renais. O mesmo estudo também destacou investigações individuais demonstrando benefícios para diabetes, hipertensão, enxaquecas e infecções do trato urinário (Nizar Hakam et al., JAMA Netw Open, 2024).

A água é o fator de estilo de vida mais fácil, barato e simples. E ainda pode estar relacionado a melhorias na saúde que ainda não foram identificadas. Por exemplo, o Estudo Adventista de Saúde revelou que beber água diminui o risco de doenças cardiovasculares (Jacqueline Chan et al., Am J Epidemiol. 2002). Cheguei a checar nossos clientes no Centro de Estilo de Vida em Loma Linda, comparando a ingestão de água com a hipertensão, mas não obtivemos resultados significativos (artigo não publicado).

Auxiliando a perda de peso

Portanto, a Arly pode ter razão. Assim, se você está lutando contra o seu peso (e quem não está?), tente beber mais água. E ela estava absolutamente certa sobre o mecanismo: você pode estar com fome, mas também pode estar com sede, então beba água. Minha dica final é beber mais água entre as refeições, para que você não sinta sede durante as refeições. Quanto à quantidade de água, o Estudo Adventista de Saúde informou que cinco copos de 240 ml de água por dia ou mais podem ser benéficos. Você também pode verificar a cor da sua urina; se estiver consistentemente amarelo-escura, precisa de mais água. Você já bebeu água hoje?

“Eles não terão fome nem sede, nem o calor do deserto nem o sol os castigarão. Aquele que se compadece deles os guiará e os conduzirá para fontes de água” (Isaías 49:10).

Câmara aprova com votação unânime projeto que amplia faixa de isenção do IR para R$ 5 mil

Proposta ainda prevê alíquota progressiva de até 10% para rendimentos acima de R$ 600 mil por ano. Foi aprovada também uma compensação, a ser garantida pela União, para estados e municípios não perderem arrecadação.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (1º) um projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. 
A votação foi unânime: 493 votos a favor. 
🖊️ O texto ainda terá que passar pelo Senado Federal e depois ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para entrar em vigor.
 O projeto entrou em pauta esta semana após o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmar que a Câmara precisava tirar da frente "pautas tóxicas". A medida faz parte de um esforço para aliviar a imagem dos deputados após, no fim de setembro, a Casa aprovar PEC da Blindagem, texto polêmico que virou alvo da opinião pública e que foi, posteriormente, derrubado no Senado.
 Relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), o projeto foi enviado pelo governo ao Congresso Nacional em março e é uma promessa da campanha de Lula de 2022.
 O texto prevê isenção de Imposto de Renda para pessoas com renda mensal até R$ 5 mil – ou R$ 60 mil ao ano – e desconto para quem ganha até R$ 7.350 mensais.
➡️Atualmente, a tabela do Imposto de Renda funciona de forma progressiva. Ou seja, conforme o valor da renda aumenta, o contribuinte passa a pagar um imposto maior sobre aquela parcela de rendimentos. Pela tabela atual, quem ganha até R$ 3.036 está isento. A partir daí, a tributação começa a incidir em "faixas", que chegam a 27,5% de imposto. 
Veja mais abaixo, na calculadora do g1, o que muda para cada salário. 
Custo aos cofres públicos
Em 2026, a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil vai custar R$ 25,8 bilhões aos cofres públicos.
Para compensar a perda de arrecadação, Lira manteve a proposta do governo de tributar com uma alíquota progressiva de até 10% rendimentos acima de R$ 600 mil por ano. 
🔎 No direito tributário, alíquota é o percentual ou valor fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para apurar o valor de um tributo. A nova tributação recai sobre lucros e dividendos, que hoje são isentos do Imposto de Renda. Já quem tem apenas o salário como fonte de renda não será afetado, pois continua sujeito à tabela progressiva do IR, com retenção em folha de até 27,5%. Lira também acrescentou um dispositivo que destina parte do dinheiro de arrecadação a estados e municípios. 
🔎 De acordo com parecer, mesmo com a ampliação da faixa de desconto parcial, haverá uma sobra de R$ 12,7 bilhões até 2027. Esse dinheiro será usado para compensar a redução da alíquota da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), instituída pela Reforma Tributária.

'Justiça social'

Após a aprovação da proposta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que ampliar a isenção gera justiça social.

"A ampliação do imposto de renda é um avanço da justiça social do país, garantindo mais dinheiro no bolso do trabalhador que ganha até R$ 5 mil. Esta não é apenas uma mudança técnica, é um alívio direto no bolso de milhões de trabalhadores. É dinheiro que volta para a economia, para o consumo, que garante comida na mesa da sua mesa", afirmou.

Motta disse ainda que a votação unânime mostra que a Câmara se une quando o tema é de interesse do país.

"Esta vitória é a prova de que, com liderança firme, responsabilidade e capacidade de articulação, o Congresso Nacional é capaz de promover mudanças que impactam positivamente a vida de todos".

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A seguir, veja outros detalhes do projeto:

Isenções
O texto aprovado isentou da alíquota mínima do IRPF pagamentos, créditos, entregas ou remessas de lucros, ou dividendos, de:
  • governos estrangeiros, desde que haja reciprocidade de tratamento em relação aos rendimentos auferidos em seus países pelo governo brasileiro;
  • fundos soberanos;
  • entidades no exterior que tenham como principal atividade a administração de benefícios previdenciários, tais como aposentadorias e pensões, conforme definidas em regulamento.
Estados e municípios

Como o governo está reduzindo o Imposto de Renda de algumas pessoas, a arrecadação cai. Para que estados e municípios não saiam no prejuízo, eles vão ser compensados automaticamente com mais recursos dos Fundos de Participação dos Estados. O relatório calcula aumento na arrecadação desses fundos.

Se não for possível fazer a compensação com o fundo (o aumento do fundo não for suficiente), a União vai colocar mais dinheiro a cada três meses, usando a arrecadação extra que surgir com a nova lei.

Ou seja:

Primeiro, garante-se que ninguém perde arrecadação (estados e municípios).
Depois, o que sobrar serve para baratear a CBS, beneficiando toda a economia.

Cartórios

De acordo com a proposta, os profissionais que atuam em cartórios, como notários e registradores, ganharam um alívio tributário com a nova legislação fiscal.

A norma regula que os repasses obrigatórios previstos em lei, não serão mais incluídos no cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) na modalidade de tributação mínima.

Na prática, isso significa que os valores que esses profissionais apenas arrecadam e repassam, como taxas destinadas ao poder público ou a fundos específicos, não serão considerados como rendimento próprio e, portanto, não serão tributados.

Lucros e dividendos

Outra mudança diz respeito à tributação dos lucros e dividendos pagos por empresas a pessoas físicas.

A nova regra estabelece um mecanismo de compensação para evitar que a soma dos tributos pagos pela empresa e pela pessoa física ultrapasse os limites previstos pela legislação.

Se for constatado que a carga tributária efetiva total, considerando o imposto pago pela empresa (IRPJ e CSLL) e o imposto mínimo pago pela pessoa física sobre os lucros recebidos foram maiores do que a carga nominal prevista em lei, a Receita Federal concederá e um redutor no valor do imposto devido pela pessoa física.

Andamento no Senado

➡️ Em paralelo, há outro projeto de isenção do IR em tramitação no Senado, apresentado por Renan Calheiros (PP-AL). O texto, originalmente apresentado em 2019, foi resgatado sob o argumento de que o texto da Câmara estava parado.

A proposta foi aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em caráter terminativo (ou seja, não precisa passar pelo plenário principal da Casa) e tem teor semelhante ao texto da Câmara. O projeto de Renan ainda precisa ser avaliado pelos deputados.

🔎 Uma disputa política entre Lira e Renan é o pano de fundo da articulação dos projetos. Os dois devem concorrer ao Senado em 2026.

Qual a estimativa de pessoas que ficarão isentas?

Caso o PL do IR seja aprovado na forma enviada pelo executivo, serão mais de 26,6 milhões de contribuintes isentos do Imposto de Renda, aproximadamente 65% dos declarantes.

Este número engloba:

mais de 15,2 milhões de declarantes isentos atualmente;
quase dois milhões de pessoas isentas em razão da lei que eleva a atual faixa de isenção para quem ganha até dois salários-mínimos por mês; e
quase 9,4 milhões de declarantes que passarão a ser isentos com o projeto que Câmara vai analisar.

Quanto paga quem ganha hoje R$ 5 mil e quanto pagará?

O contribuinte com renda de R$ 5 mil paga atualmente R$ 335,15 por mês. Ou seja, R$ 4.467,55 por ano, considerando o 13º e férias. Com a aprovação do projeto, esse dinheiro seria diretamente revertido aos trabalhadores.

👉🏽 Outras simulações também foram elaboradas pela Receita Federal. Como exemplo:

uma professora cujo salário mensal seja de R$ 4.867,77 paga R$ 305,40/mês de IR e passará a pagar zero, gerando uma economia de R$ 3.970,18;
um profissional autônomo que recebe R$ 5.450/mês paga hoje R$ 447,43/mês de IR e passará a pagar somente R$ 180,56/mês, gerando uma economia de mais de R$ 3.202,50/ano.

A Receita Federal e o relator calculam que mais de 5,5 milhões de pessoas terão redução no Imposto de Renda por receberem entre R$ 5 mil e R$ 7.350 por mês.

Qual a alíquota média por faixa das pessoas de alta renda?

Considerando dados de 2022, a alíquota média efetiva atual de quem ganha mais de R$ 600 mil por ano é de somente 2,54%. O projeto propõe uma alíquota média efetiva de aproximadamente 9% por meio da cobrança de um Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas Mínimo (IRPFM), que afetará 141,4 mil pessoas.


Veja na calculadora abaixo o que muda a depender do salário de cada pessoa

🔎A calculadora indica a redução do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 7.350 mensais, mas não considera a sobretaxa aplicada a quem recebe acima de R$ 50 mil por mês.

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