Sábado à tarde
Verso para memorizar:
“Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23).
Leituras da semana:
Rm 1:16, 17, 22-32; 2:1-10, 17-23; 3:1, 2, 10-18, 23
No início do livro de Romanos, Paulo procurou
demonstrar uma verdade crucial e fundamental para o evangelho: o triste
estado da condição humana. Essa verdade existe porque, desde a queda,
todos foram contaminados pelo pecado. Ele está ligado aos nossos genes
assim como a cor de nossos olhos.
Martinho Lutero, em seu comentário sobre o livro de
Romanos, escreveu o seguinte: “A expressão ‘todos estão debaixo do
pecado’ deve ser tomada em um sentido espiritual; ou seja, não como o
homem se enxerga nem como os outros o enxergam, mas como ele permanece
diante de Deus. Todos estão debaixo do pecado, os transgressores
manifestos aos olhos dos homens, bem como os que parecem justos aos seus
próprios olhos e diante dos outros. Muitos que realizam boas obras
exteriormente o fazem por medo do castigo, por amor ao ganho, pela
glória, ou pelo prazer em determinado objetivo, mas não por um espírito
voluntário e pronto. Assim, o homem se exercita continuamente na prática
das boas obras exteriores, mas interiormente está totalmente imerso em
desejos pecaminosos e paixões malignas, que se opõem às boas obras”
(Martinho Lutero, Commentary on Romans [Comentário Sobre Romanos], p. 69).
Incentive seus amigos a fazer a assinatura da Lição da Escola Sabatina
para toda a família e a adquirir as Meditações Diárias para 2018.
Domingo, 15 de outubro
O poder de Deus
1. “Não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se
revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por
fé” (Rm 1:16, 17). Qual é o significado desse texto? Você já
experimentou as promessas e a esperança encontradas nessa passagem?
Várias palavras-chave ocorrem nessa passagem:
1. Evangelho. Essa palavra é a tradução de um termo
grego que significa literalmente “boa mensagem” ou “boa notícia”.
Sozinha, ela pode se referir a qualquer boa mensagem, mas como está
modificada nessa passagem pelas palavras “de Cristo”, significa “a boa
notícia sobre o Messias” (Cristo é a transliteração da palavra grega que
significa “Messias”). A boa notícia é que o Messias veio, e as pessoas
podem ser salvas pela fé nEle. É em Jesus e em Sua perfeita justiça –
não em nós mesmos, nem na lei de Deus – que se pode encontrar a
salvação.
2. Justiça. Essa palavra se refere
à qualidade de ser justo para com Deus. O livro de Romanos revela um
significado específico para ela, que iremos expor à medida que
prosseguirmos com o estudo do livro. Devemos ressaltar que, em Romanos
1:17,
a palavra é qualificada pela expressão “de Deus”. É a justiça que vem de Deus, que o próprio Senhor apresentou. Como veremos, essa é a única justiça boa o suficiente para nos conduzir à promessa da vida eterna.
a palavra é qualificada pela expressão “de Deus”. É a justiça que vem de Deus, que o próprio Senhor apresentou. Como veremos, essa é a única justiça boa o suficiente para nos conduzir à promessa da vida eterna.
3. Fé. As palavras traduzidas como “crê” e “fé” nessa passagem são as formas verbais e substantivadas dos termos gregos pisteuo (crer) e pistis (crença ou fé), que vêm da palavra peithó
(fé, fidelidade). O significado de fé relacionada à salvação será
desdobrado à medida que avançarmos no estudo do livro de Romanos.
Você já lutou com a questão da certeza da salvação? Já questionou se
está salvo ou não? Por quê? A insegurança pode estar fundamentada num
estilo de vida que nega sua profissão de fé? Quais escolhas você deve
fazer para ter as promessas e as certezas oferecidas por Jesus?
Fortaleça sua vida por meio do estudo da Palavra de Deus: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org/
Segunda-feira, 16 de outubro
Todos pecaram
2. Leia Romanos 3:23. Por que é tão fácil
acreditar nessa mensagem hoje? Ao mesmo tempo, por que algumas pessoas
questionam a veracidade desse texto?
Surpreendentemente, algumas pessoas realmente se opõem à
ideia da pecaminosidade humana, argumentando que as pessoas são
basicamente boas. O problema, no entanto, decorre da falta de
compreensão sobre o que é a verdadeira bondade. Uma pessoa pode se
comparar à outra e se sentir bem consigo mesma. Afinal, sempre podemos
encontrar alguém pior do que nós mesmos. Mas isso dificilmente nos torna
bons. Quando nos comparamos a Deus, à Sua santidade e justiça, nenhum
de nós sai com outra coisa senão um sentimento avassalador de aversão e
repugnância de nós mesmos.
Romanos 3:23 também fala sobre “a glória de Deus”. Essa
expressão tem sido interpretada de várias maneiras. Talvez a
interpretação mais simples seja atribuir-lhe o significado que ela
possui em 1 Coríntios 11:7: o homem “é imagem e glória de Deus” (NVI).
Em grego, em certo sentido, a palavra para “glória” pode ser considerada
equivalente ao termo para “imagem”. O pecado tem desfigurado a imagem
de Deus no homem. Os seres humanos pecadores estão longe de refletir a
imagem ou a glória de Deus.
3. Leia Romanos 3:10-18. Alguma coisa
mudou hoje? Qual dessas representações melhor descreve você, ou como
você seria se não fosse por Cristo em sua vida?
Por pior que sejamos, nossa situação não é irremediável. O
primeiro passo é reconhecer nossa total pecaminosidade e também nossa
impotência para fazer qualquer coisa a respeito dessa situação. É obra
do Espírito Santo produzir essa convicção. Se o pecador não resistir a
Ele, o Espírito levará o pecador a arrancar a máscara da autodefesa,
pretensão e justificação própria, e se lançar sobre Cristo,
implorando Sua misericórdia: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18:13, NVI).
implorando Sua misericórdia: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18:13, NVI).
Como você avalia a si mesmo, seus motivos, suas ações e sentimentos?
Essa experiência pode ser muito angustiante, não é mesmo? Qual é sua
única esperança?
Terça-feira, 17 de outubro
Progresso?
Na virada do século 20, as pessoas viviam com a ideia de
que a humanidade estava se tornando melhor, que a moralidade aumentaria e
que a ciência e a tecnologia ajudariam a inaugurar uma utopia.
Acreditava-se que os seres humanos estivessem essencialmente no caminho
da perfeição. Mediante o tipo certo de educação e treinamento moral, as
pessoas pensavam que poderiam aperfeiçoar muito a si mesmas e a
sociedade. Tudo isso deveria começar a acontecer em massa quando
entrássemos no maravilhoso mundo novo do século 20.
Infelizmente, as coisas não aconteceram desse jeito, não é
mesmo? O século 20 foi um dos mais violentos e bárbaros de toda a
história, ironicamente, em grande parte graças aos avanços da ciência, o
que tornou muito mais possível que as pessoas matassem outras numa
escala com a qual os mais depravados loucos do passado só puderam
sonhar.
Qual foi o problema?
4. Leia Romanos 1:22-32. De que maneira
vemos as coisas que foram escritas no primeiro século se manifestando
hoje no século 21? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Os pecados descritos no primeiro século não ocorrem hoje com tanta intensidade quanto ocorreram no passado.
B.( ) A lista de pecados de Romanos 1:22-32 é um retrato fidedigno da atualidade.
Podemos necessitar de fé para acreditar em muitas coisas
sobre o cristianismo, entre elas a ressurreição dos mortos, a segunda
vinda de Jesus, um novo céu e uma nova Terra. Mas quem precisa de fé
para crer no estado decaído da humanidade? Hoje, cada um de nós está
vivendo as consequências dessa condição arruinada.
5. Concentre-se especificamente em
Romanos 1:22, 23. Como vemos esse princípio sendo manifestado hoje? Ao
rejeitar a Deus, o que os humanos em nosso século passaram a adorar e
idolatrar? E, ao fazê-lo, como se tornaram tolos?
Quarta-feira, 18 de outubro
O que os judeus e gentios têm em comum
Em Romanos 1, Paulo estava lidando especificamente com os
pecados dos gentios, os pagãos que haviam perdido Deus de vista havia
muito tempo e, portanto, caído nas práticas mais degradantes.
Porém, ele não deixaria também seu próprio povo, seus
compatriotas, dispensados da advertência. Apesar de todas as vantagens
que lhes foram dadas (Rm 3:1, 2), eles também eram pecadores, condenados
pela lei de Deus e necessitavam da graça salvadora de Cristo. Nesse
sentido – de serem pecadores, de terem transgredido a lei de Deus e de
necessitarem da graça divina para a salvação – os judeus e os gentios
eram iguais.
6. Leia Romanos 2:1-3, 17-24. Contra o
que Paulo advertiu nessas passagens? Qual lição todos nós, judeus ou
gentios, devemos tirar dessa advertência? Assinale “V” para verdadeiro
ou “F” para falso:
A.( ) Não devemos ser hipócritas.
B.( ) A lei moral não tem mais validade.
“Depois que o apóstolo mostrou que todos os pagãos são
pecadores, de maneira especial e enfática, ele mostrou que os judeus
viviam em pecado também, sobretudo porque obedeciam à lei apenas
exteriormente, ou seja, de acordo com a letra e não segundo o espírito”
(Martinho Lutero, Commentary on Romans [Comentário Sobre Romanos], p. 61).
Muitas vezes, é fácil ver e apontar os pecados dos outros.
Quantas vezes, porém, somos culpados das mesmas coisas, ou piores
ainda? O problema é que temos a tendência de ignorar nossos pecados, ou
nos sentimos melhores observando quanto as pessoas são ruins comparadas a
nós.
Paulo não tolerou nada disso. Ele advertiu seus
compatriotas a não se apressarem a julgar os gentios, pois eles, os
judeus, mesmo como povo escolhido, eram pecadores. Em alguns casos, eles
eram ainda mais culpados do que os pagãos a quem estavam prontos a
condenar, pois, como judeus, tinham recebido mais luz do que os gentios.
O argumento de Paulo em tudo isso é que nenhum de nós é
justo, nenhum de nós satisfaz o padrão divino, ninguém é inerentemente
bom nem santo. Judeus ou gentios, homens ou mulheres, ricos ou pobres,
tementes a Deus ou os que O rejeitam, todos estamos condenados. E, se
não fosse pela graça de Deus revelada no evangelho, não haveria
esperança para nenhum de nós.
Mesmo que apenas em pensamento, você já condenou os outros pelas coisas
de que você mesmo era culpado? Como você pode mudar essa atitude?
Quinta-feira, 19 de outubro
O evangelho e o arrependimento
7. “Desprezas a riqueza
da Sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade
de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2:4). Qual mensagem esse
texto revela sobre a questão do arrependimento?
Devemos notar que a bondade de Deus conduz os pecadores ao
arrependimento. Deus não usa coerção. Ele é infinitamente paciente e
procura atrair todas as pessoas pelo Seu amor. Um arrependimento forçado
destruiria todo o propósito desse ato, não é mesmo? Se Deus forçasse o
arrependimento, não estariam todos salvos? Por que Ele forçaria alguns a
se arrepender e outros não? A tristeza pelo pecado deve ser uma ação do
livre-arbítrio, uma resposta ao mover do Espírito Santo em nossa vida. O
arrependimento é um dom de Deus, mas temos que estar preparados e
abertos para recebê-lo, uma escolha que só nós podemos fazer por nós
mesmos.
8. De acordo com Romanos 2:5-10, o que
receberão aqueles que resistem ao amor de Deus, recusam-se a se
arrepender e permanecem na desobediência? Assinale a alternativa
correta:
A.( ) Ira, tribulação e angústia no dia do juízo.
B.( ) Perdão, pois todos serão salvos.
Em Romanos 2:5-10, e frequentemente em todo o livro de
Romanos, Paulo enfatizou o lugar das boas obras. O conceito de
justificação pela fé sem as obras da lei jamais deve ser interpretado
como significando que as boas obras não tivessem lugar na vida do
cristão. Por exemplo, em Romanos 2:7, Paulo afirmou que a salvação
alcança aqueles que a buscam “perseverando em fazer o bem”. Embora o
esforço humano não possa trazer a salvação, ele faz parte de toda a
experiência da salvação. É difícil entender como alguém pode ler a
Bíblia e sair com a ideia de que obras e atos não têm importância
nenhuma! O verdadeiro arrependimento, o que vem voluntariamente do
coração, sempre será seguido por uma determinação de vencer e abandonar
as coisas das quais precisamos nos arrepender.
Você tem a atitude de arrependimento? Ele é sincero, ou você tende
apenas a ignorar suas falhas, defeitos e pecados? Caso seja a última
opção, como pode mudar? Por que deve mudar?
Sexta-feira, 20 de outubro
Estudo adicional
“A terminologia bíblica mostra,
portanto, que o pecado não é uma calamidade que se abateu sobre o
inconsciente ser humano, mas o resultado de uma atitude e escolha ativa
da parte do ser humano. Além disso, pecado não é a ausência do bem; é
“não atingir” as expectativas de Deus. É um caminho mau que o ser humano
escolhe por livre e espontânea vontade. Não se trata de uma fraqueza
pela qual os seres humanos não podem ser responsabilizados, pois o ser
humano, na atitude ou no ato de pecar, escolhe deliberadamente um
caminho de rebelião contra Deus, de transgressão contra a Sua lei, e
deixa de ouvir a Palavra de Deus. Pecado é tentar ultrapassar os limites
estabelecidos por Deus. Em resumo, pecado é rebelião contra Deus” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 239).
“Foi-me apresentado terrível quadro da condição do mundo.
[…] Jamais o vício ergueu a cabeça disforme com tal ousadia como o faz
agora. O povo parece estar entorpecido, e os amantes da virtude e da
verdadeira piedade se acham quase desanimados por sua ousadia, força e
predominância. A abundante iniquidade não se limita apenas aos
incrédulos e zombadores. Quem dera que assim fosse! Mas não é. Muitos
homens e mulheres que professam a religião de Cristo são culpados. Mesmo
alguns que professam estar esperando Seu aparecimento não estão mais
preparados para esse acontecimento do que o próprio Satanás” (Ellen G.
White, Testemunhos para a Igreja, v. 2, p. 346).
Perguntas para discussão
1. O que você diria àqueles que insistem em dizer que a humanidade está melhorando? Quais são os argumentos contra essa ideia?
2. Com base na citação de Ellen G. White acima, por que
você não deve se desesperar, mas continuar reivindicando as promessas do
perdão e da purificação? Satanás quer que você diga: “Não adianta. Sou
corrupto. Jamais serei salvo, então é melhor desistir”. Mas Jesus lhe
diz: Eu não “te condeno; vai e não peques mais” (Jo 8:11). A quem você
dará ouvidos?
3. Por que é importante compreender o pecado e a
depravação humana? O que ocorre quando perdemos de vista essa triste
realidade? Um falso entendimento da nossa condição pode nos levar a
quais erros?
4. Pense no número incontável de protestantes que
escolheram morrer em vez de abandonar a fé. Somos fortes para morrer
pela nossa fé?
Respostas e atividades da semana: 1. Reflexão pessoal. 2.
Divida a classe em dois grupos e promova um debate sobre o tema da
universalidade do pecado. Após alguns minutos, peça a um representante
de cada grupo que exponha as conclusões do grupo. 3. Reflexão pessoal. 4. B. 5.
Atualmente, algumas religiões pregam, no lugar de Deus, a adoração a
imagens feitas por homens. O Senhor é desonrado, e os adoradores
tornam-se tolos, pois esses ídolos não falam, não respondem e não podem
fazer nada. 6. A. 7. Pergunte aos alunos quem é o responsável por promover o arrependimento em nós. 8. A.
Resumo da Lição 3
A condição humana
TEXTO-CHAVE: Romanos 3:23
O ALUNO DEVERÁ
Saber: Que os seres humanos caíram num poço de pecado e morte do qual não conseguem se libertar.
Sentir: A condição de impotência e nutrir a certeza de que Deus não o abandonou.
Fazer: Rejeitar as noções de virtude e progresso humanos que impedem as pessoas de sentir a necessidade de Cristo.
ESBOÇO
I. Saber: Consciência do problema
A. Por que o pecado deveria ser compreendido como
um problema universal e permanente, e não como um acidente ocasional e
localizado?
B. Com as variadas propostas de cura para os males
da humanidade (educacional, política, social, etc.), por que devemos
focalizar a solução no que Deus tem realizado por meio de Cristo?
II. Sentir: Enfrentar o problema
A. Quais mentiras culturais nos mantêm insensíveis quanto à realidade do nosso pecado e da nossa necessidade de Deus?
B. Visto que a percepção da nossa pecaminosidade
pode ser uma experiência autodestrutiva, como podemos remodelar esse
conceito como um primeiro passo em direção a Cristo?
III. Fazer: Combater a negação do problema
A. Como você responderia à declaração de que a
humanidade não é tão má (portanto, não precisa de um Salvador), tendo em
vista a existência de pessoas amáveis e amorosas que não possuem
ligação com o cristianismo?
B. A distinção entre a vida interior e as ações exteriores ajuda a responder à pergunta anterior? Explique.
RESUMO: Os seres
humanos terão dificuldade para compreender e apreciar o glorioso
evangelho da salvação divina se negarem ou subestimarem a realidade de
sua condição pecaminosa coletiva.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Focalizando as Escrituras: Romanos 2
Conceito-chave para o crescimento espiritual:
Quando uma comunidade específica é abençoada ou privilegiada por Deus, o
reconhecimento que essa comunidade tem de seu próprio pecado pode ficar
comprometido. Os pecados daqueles que não pertencem à comunidade são
ampliados e os pecados dos que pertencem à comunidade são minimizados ou
negados. A consciência da necessidade de Cristo é perniciosamente
substituída pela presunção e hipocrisia.
Para o professor: O objetivo da lição é impedir que
a igreja caia na mesma armadilha em que caiu o interlocutor de Paulo em
Romanos 2. Adotar padrão duplo em relação ao pecado implica em desastre
teológico e missional. De modo amável, incentive os alunos a reconhecer
que essa sutil dimensão do pecado é algo que se aplica a cada um de
nós. Reforce as fortes denúncias de Paulo (Rm 2:1-5, 23, 24) para
enfatizar que essa questão não é insignificante e que o testemunho da
igreja e o caráter de Deus estão em jogo (Rm 2:24).
Discussão inicial: Maximizar o pecado dos outros e
minimizar o nosso tem se tornado quase uma segunda natureza. Tome como
exemplo um motorista no trânsito: algumas vezes, as palavras e a ira que
reprimimos quando outros motoristas erram são muito embaraçosos. No
entanto, quando cometemos os mesmos erros, apenas nos desculpamos como
se não fosse nada e sussurramos: “Ops”, “lamento por isso”. Foi esse
padrão duplo que Paulo expôs em Romanos 2, e é esse mesmo padrão que
precisa ser exposto em nossa vida, a fim de que tenhamos consciência de
nossas falhas.
Perguntas para discussão
1. Aplicar o problema do pecado apenas aos não cristãos faz com que empreguemos mal o evangelho? Comente.
2. Ter um padrão duplo em termos de pecado e julgamento anula o nosso testemunho ao mundo?
Compreensão
Para o professor: Romanos 2 é um capítulo bastante
negligenciado, inserido entre a repetida frase protestante de que “o
justo viverá por fé” (Rm 1:17) e as incontestáveis gemas teológicas de
Romanos 3–8. Os eruditos têm discutido como Romanos 2 se encaixa na
estrutura do livro. Essa confusão dá ampla margem para reflexão.
Encoraje a classe a explorar um território inexplorado. Chame a atenção
para a maneira pela qual o comportamento específico esboçado em
Romanos 2 demonstra que (1) o pecado é um problema universal e (2) a
desobediência abordada está enraizada numa presunção pecaminosa acerca
da graça de Deus.
Comentário bíblico
I. Juízes sob julgamento
(Recapitule com a classe Rm 1:28-30; 2:1-11.)
Depois de apresentar um discurso acerca do comportamento
pecaminoso (Rm 1:23-31), foi preciso acrescentar uma denúncia. Não
apenas esses pecados eram praticados descaradamente, mas os pecadores
aprovavam plenamente os que cometiam tais pecados (Rm 1:32). Não há
alegações de inocência nem ignorância nesse caso, mas ousada rebelião.
Um tanto inesperado, Paulo reverteu a situação contra a
pessoa que estava julgando esses pecados. Ele utilizou o artifício
retórico diatribe (crítica severa), num diálogo com um parceiro
imaginário para tornar claro seu ponto de vista. Esse parceiro, ao
contrário daqueles que aprovavam o flagrante pecado, condenou toda
essa perversidade (Rm 2:1). Há apenas um problema. Esse “justo” juiz
praticava os mesmos pecados que condenava, e com esse discernimento
profundo, Paulo conseguiu colocar todo o mundo no mesmo dilema (Rm 3:9),
para que pudesse aplicar a solução do evangelho indiscriminadamente a
todas as pessoas. Os judeus, representados pelo crítico parceiro do
diálogo (Rm 2:17), e os gentios, com a longa lista de pecados deles,
agora estavam no mesmo patamar diante do justo juízo de Deus (Rm 2:3, 5,
16; 3:19).
No entanto, uma questão instigante se levanta: Como uma
população que possui conhecimento religioso suficiente para condenar os
pecados do mundo pensa que se “livrará do juízo de Deus” (Rm 2:3)
enquanto comete os mesmos pecados? Essa questão será respondida em
conexão com a próxima seção do comentário.
Pense nisto: Como a abordagem de Paulo para colocar
a humanidade “debaixo do pecado” (Rm 3:9) deve mudar para sempre nosso
modo de lidar com os pecados dos outros? Quais qualidades de caráter
precisam ser cultivadas quando abordamos os pecados que vemos ao redor?
Essas qualidades podem nos ajudar a lidar com
os nossos próprios pecados?
os nossos próprios pecados?
II. Falsa segurança
(Recapitule com a classe Rm 2:17-29; 3:1.)
Romanos 1 e 2 são apresentados de modo a colocar judeus e
gentios debaixo do pecado, de forma que o evangelho do capítulo 3 seja
aplicado de maneira universal. Essa abordagem também é enfatizada no
segundo capítulo. No entanto, Romanos 2 também descreve uma versão da
falsa segurança que invoca a graça de Deus. Essa falsa segurança destrói
a sincera obediência a Deus, ao passo que também coloca a si mesma em
lugar da verdadeira “graça [de Deus], mediante a redenção que há em
Cristo Jesus” (Rm 3:24).
Para responder à pergunta formulada acima, vamos
repeti-la: O interlocutor de Paulo pensava que ele e os que ele
representa escaparão do juízo de Deus? A resposta é uma interpretação
teológica do caráter de Deus como bondoso, longânimo e paciente para com eles
(não gentios) a fim de minimizar o juízo para eles (não gentios). Leia
Romanos 2:5. Paulo corrigiu essa adaptação indevida dos nobres atributos
de Deus ao enfatizar que (1) essas qualidades de caráter pretendem
conduzir ao arrependimento e (2) Deus “retribuirá a cada um segundo o
seu procedimento” (Rm 2:6). Em outras palavras, Deus é surdo à exaltação
de Sua graça quando é usada como desculpa para a desobediência ou como
um ostensivo passe livre no juízo, independentemente do comportamento.
Esse fluxo de pensamento também está em paralelo com a
última metade de Romanos 2. Há pelo menos dez afirmações mencionando que
eles eram especialmente privilegiados. Por exemplo, essas afirmações
incluem chamar a si mesmo de judeu, gloriar-se em Deus, ser guia dos
cegos, etc. (Rm 2:17-21). Acrescente à lista o sinal da aliança – a
circuncisão (Rm 2:25) e a entrega dos oráculos de Deus (Rm 3:2; é
aceitável que ser judeu é uma vantagem em “todos os aspectos” (Rm 3:2).
No entanto, a confiança de Israel nos atos da eleição de Deus e nos
privilégios que acompanham a aliança enquanto eles transgridem essa
lei/aliança “desonra a Deus” e motiva os gentios a blasfemarem contra
Ele (Rm 2:23, 24).
Paulo corrigiu o padrão duplo invocando
um conceito que tem sido uma dor de cabeça perene para os eruditos. Ele
declarou no meio do capítulo que “os simples ouvidores da lei
[referência a judeus somente] não são justos diante de Deus, mas os que
praticam a lei [judeus e gentios] hão de ser justificados” (Rm 2:13). Se
Deus não agisse assim, o resultado favorável no juízo seria garantido
apenas para judeus, porque nenhum gentio poderia reclamar as bênçãos
religiosas e éticas (por exemplo, ouvir a lei) derramadas sobre Israel.
No entanto, segundo Paulo, esse tipo de resultado não acontecerá. Deus
não tem favoritos, porque Ele não faz “acepção de pessoas” (Rm 2:11).
Todas essas vantagens de ser o povo
especial da aliança com Deus pouco vale quando a lei é quebrada. A
circuncisão pode ser revertida (Rm 2:25) e a identidade de um judeu,
ameaçada (Rm 2:28).
Em suma, a graça de Deus para com Israel, infeliz e
desnecessariamente, resultou em presunçosa cegueira em relação ao seu
próprio pecado e hipocrisia, especialmente a respeito dos gentios.
Paulo, uma espécie de João Batista depois da cruz, enfatizou esse
argumento para abrir caminho para a vinda do evangelho de Deus em Cristo
nos capítulos seguintes, um evangelho para judeus e gentios, e para
todos nós.
Pergunta para discussão: Quais são as falsas
proteções teológicas que os cristãos conservam e que estão criando um
obstáculo ao pleno ministério do evangelho?
Aplicação
Para o professor: “Graça barata”,
hipocrisia e descaso para com o cumprimento da lei são problemas
monumentais enfrentados pela igreja cristã. Ironicamente, em geral, o
livro de Romanos é usado para sustentar esse sentimento antinomiano
(contrário à lei). Encoraje a classe a considerar os símbolos de status
atuais (adesão religiosa, superioridade étnica, etc.) que podem nos
impedir de compreender que todos nós somos pecadores desesperados que
precisamos de Deus.
Pergunta para reflexão
Como reconhecer que nossa igreja tem sido especialmente
abençoada por Deus, sem cair no mesmo complexo de superioridade que
atingiu o judaísmo primitivo?
Criatividade e atividades práticas
Para o professor: Contraste a facilidade que temos
para ver os pecados dos outros (Rm 1:18-32) e a dificuldade para
perceber os próprios pecados (Rm 2:1, 21-24). O objetivo é que a classe
reflita e se humilhe diante de Deus. Como líder da classe, tome a
iniciativa e compartilhe sua experiência primeiro. Depois, dê
oportunidade aos alunos para que falem.
Atividades
1. Peça que algum aluno conte como Deus revelou que ele tinha algum tipo de preconceito e como Ele o libertou.
2. Frequentemente os adventistas do sétimo dia são
rotulados como legalistas por causa da dedicação à lei e ao sábado.
Motive a classe a utilizar Romanos 2 para mostrar a hipocrisia de
alegarmos o status de salvos enquanto transgredimos a lei de Deus.
Planejando atividades: O que sua classe pode fazer na próxima semana como resposta ao estudo da lição?