Verso para memorizar:
“Já estou crucificado com Cristo; e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na
carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e Se entregou a Si
mesmo por mim” (Gl 2:20, ARC).
Leituras da semana:
Gl 2:15-21; Ef 2:12; Fp 3:9; Rm 3:10-20; Gn 15:5, 6; Rm 3:8
Como vimos na semana passada, Paulo confrontou Pedro
publicamente em Antioquia pela falta de coerência entre a fé que ele
defendia e o comportamento que ele apresentou. Na melhor das hipóteses, a
decisão de Pedro de não mais comer com antigos pagãos sugeria que eles
eram cristãos de segunda categoria. As ações de Pedro davam a entender
que, se eles realmente quisessem fazer parte da família de Deus e
desfrutar as bênçãos provenientes da completa comunhão, deviam primeiro
se submeter ao rito da circuncisão.
O que Paulo realmente disse a Pedro naquela ocasião tensa?
Na lição desta semana, estudaremos o que provavelmente seja um resumo
do que se passou. Essa passagem contém algumas das expressões mais
compactadas no Novo Testamento, o que é extremamente importante porque,
pela primeira vez, são apresentadas várias palavras e frases
fundamentais, tanto para a compreensão do evangelho quanto do restante
da Epístola de Paulo aos Gálatas. Essas palavras-chave incluem
justificação, justiça, obras da lei, crença e a fé de Jesus, não apenas
fé.
O que Paulo quis dizer com esses termos? O que eles nos ensinam sobre o plano da salvação?
Nos meses de julho, agosto e setembro, será realizado o Projeto Maná,
uma oportunidade para que todos façam a assinatura da Lição da Escola
Sabatina. Participe!
Domingo, 16 de julho
A questão da “justificação”
1. Em Gálatas 2:15, Paulo escreveu:
“Nós, judeus de nascimento e não ‘gentios pecadores´” (NVI). O que ele
quis dizer com essas palavras?
As palavras de Paulo devem ser entendidas no seu contexto.
Na tentativa de conquistar os judeus cristãos para seu lado, Paulo
começou com um raciocínio que eles aceitariam, a tradicional distinção
entre judeus e gentios. Os judeus eram os eleitos de Deus, aos quais
havia sido confiada Sua lei, e desfrutavam os benefícios da relação de
aliança com Ele. Os gentios, no entanto, eram pecadores. A lei de Deus
não restringia seu comportamento, e eles estavam fora das alianças da
promessa (Ef 2:12; Rm 2:14). Embora os gentios, obviamente, fossem
“pecadores”, no verso 16 Paulo advertiu os cristãos judeus de que seus
privilégios espirituais não os tornavam mais aceitáveis a Deus, porque
ninguém é justificado pelas “obras da lei”.
2. Paulo usou a palavra justificado
quatro vezes em Gálatas 2:16, 17. O que ele queria dizer por
“justificação”? Considere os seguintes textos bíblicos (Êx 23:7 e Dt
25:1) e complete as lacunas.
Justificar, para ____________________, significava __________________________ ou ______________________________ alguém; tornar alguém reto.
O verbo justificar era um termo-chave para Paulo. Das 39
vezes em que ele ocorre no Novo Testamento, 27 estão nas cartas de
Paulo. Ele o usou oito vezes em Gálatas, incluindo quatro referências em
Gálatas 2:16, 17. Justificação é um termo legal, usado nos tribunais.
Está relacionado com o veredito que um juiz pronuncia quando uma pessoa é
declarada inocente das acusações apresentadas contra ela. É o oposto de
condenação. Além disso, visto que as palavras justo e reto vêm da mesma
palavra grega, o fato de alguém “ser justificado” significa que ele
também é considerado “reto”. Assim, justificação envolve mais do que
simplesmente absolvição ou perdão. É uma declaração afirmativa de que a
pessoa é reta.
Para alguns cristãos judeus, no entanto, justificação
também tinha caráter relacional. Ela envolvia seu relacionamento com
Deus e Sua aliança. Ser “justificado” também significava ser considerado
um membro fiel da comunidade da aliança divina, a família de Abraão.
Leia Gálatas 2:15-17. O que Paulo disse nesses versos? Como você pode aplicar essas palavras à sua experiência?
Segunda-feira, 17 de julho
3. Paulo disse
três vezes em Gálatas 2:16 que uma pessoa não é justificada por “obras
da lei”. O que ele quis dizer com a expressão “obras da lei”? O que os
seguintes textos revelam sobre essa questão? Gl 2:16, 17; 3:2, 5, 10; Rm 3:20, 28. Assinale a alternativa correta:
A.( ) Obediência; prática da lei.
B.( ) Obediência que dá direito à salvação.
Antes de entender a expressão “as obras da lei”, precisamos entender o que Paulo quis dizer com a palavra lei. A palavra lei (nomos,
em grego) é encontrada 121 vezes nas cartas de Paulo. Ela pode se
referir a uma série de coisas diferentes, inclusive a vontade de Deus
para Seu povo, os primeiros cinco livros de Moisés, todo o Antigo
Testamento, ou apenas um princípio geral. No entanto, a principal
maneira pela qual Paulo usou a palavra se refere a toda a coleção dos
mandamentos de Deus dada ao Seu povo por meio de Moisés.
A expressão “as obras da lei”
provavelmente envolva, portanto, todos os requisitos encontrados nos
mandamentos dados por Deus por intermédio de Moisés, sejam morais ou
cerimoniais. O raciocínio de Paulo é que, não importa o quanto nos
esforcemos para seguir e obedecer à lei de Deus, nossa obediência nunca
será suficientemente boa para que Deus nos justifique, para que nos
declare justos diante dEle. Isso porque Sua lei exige absoluta
fidelidade de pensamento e ação, não apenas por algum tempo, mas o tempo
todo, e não apenas a alguns de Seus mandamentos, mas a todos eles.
Embora a expressão “obras da lei” não ocorra no Antigo
Testamento e não seja encontrada no Novo Testamento, exceto nos escritos
de Paulo, uma impressionante confirmação de seu significado surgiu em
1947, com a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, uma coleção de
textos copiados por um grupo de judeus, chamados essênios, que viveram
na época de Jesus. Embora escritos em hebraico, um dos manuscritos
contém essa mesma expressão. O título do manuscrito é Miqsat Ma’as Ha-Torah,
que pode ser traduzido como “Importantes obras da lei”. O documento
descreve uma série de questões com base na lei bíblica em relação à
prevenção da contaminação das coisas santas, inclusive algumas que
designavam os judeus como distintos dos gentios. No fim, o autor
escreveu o seguinte: se essas “obras da lei” forem seguidas, “você será
considerado justo” diante de Deus. Ao contrário de Paulo, o autor não
oferece ao leitor a justiça fundamentada na fé, mas no comportamento.
Você guarda a lei de Deus de maneira satisfatória? Você realmente sente
que a obedece tão bem que pode ser justificado diante de Deus com base
na guarda da lei? (Rm 3:10-20). Se não, por quê? Como sua resposta ajuda
a compreender o conceito de Paulo sobre o tema?
A base da nossa justificação
“E ser encontrado nEle, não tendo a minha própria
justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus e se baseia na fé” (Fp 3:9, NVI).
Os judeus cristãos não sugeriram que a fé em Cristo não
fosse importante; afinal, eles tinham fé em Jesus e acreditavam nEle.
Contudo, eles sentiam que a fé não era suficiente; ela devia ser
complementada com a obediência, como se a obediência acrescentasse algo
ao ato da justificação. No raciocínio deles, justificação era tanto pela
fé quanto pelas obras. A maneira pela qual Paulo repetidamente
contrastou a fé em Cristo com as obras da lei indica sua oposição a esse
tipo de abordagem que incluía “ambos” os aspectos. Fé, somente a fé, é a
base da justificação.
Para Paulo, igualmente, a fé não era
apenas um conceito abstrato; ela estava inseparavelmente ligada a Jesus.
Na verdade, a expressão traduzida duas vezes como “fé em Cristo”, em
Gálatas 2:16, tem muito mais significado do que qualquer tradução pode
realmente abranger. A expressão em grego é traduzida literalmente como
“a fé” ou “fidelidade” de Jesus. Essa tradução literal revela o forte
contraste que Paulo estabeleceu entre as obras da lei que nós fazemos e a
obra de Cristo realizada em nosso favor, a obra que Ele, mediante Sua
fidelidade (por isso, a “fidelidade de Jesus”), tem feito por nós.
É importante lembrar que a fé nada acrescenta à
justificação, como se tivesse mérito em si mesma. A fé é, em vez disso, o
meio pelo qual nos apegamos a Cristo e Sua obra em nosso favor. Não
somos justificados com base em nossa fé, mas com base na fidelidade de
Cristo por nós, que reivindicamos para nós por meio da fé.
Cristo fez o que todos deixaram de fazer: só Ele foi fiel a
Deus em tudo que fez. Nossa esperança está na fidelidade de Cristo, não
na nossa. Essa é a grande e importante verdade que, dentre outras,
inflamou a Reforma Protestante, uma verdade que continua sendo tão
crucial hoje quanto foi no tempo em que Martinho Lutero começou a
pregá-la há séculos.
Uma primitiva tradução siríaca de Gálatas 2:16 comunica
bem o pensamento de Paulo: “Portanto, sabemos que um homem não é
justificado a partir das obras da lei, mas pela fé de Jesus, o Messias, e
cremos nEle, em Jesus, o Messias, que por causa de Sua fé, a fé do
Messias, podemos ser justificados, e não pelas obras da lei”.
4. Leia Romanos 3:22, 26; Gálatas 3:22;
Efésios 3:12; e Filipenses 3:9. Qual é a única base para nossa salvação?
Assinale a melhor resposta:
A.( ) Nossa obediência à lei e o sacrifício de Cristo.
B.( ) A fidelidade de Cristo por nós e Sua perfeita obediência, aceitas pela fé.
Entender esse assunto causa alguma surpresa a você? Você sente alegria ou decepção?
Quarta-feira, 19 de julho
Paulo deixou claro que a fé é absolutamente
fundamental para a vida cristã. É o meio pelo qual lançamos mão das
promessas que temos em Cristo. Mas o que é fé, exatamente? O que ela
envolve?
5. De acordo com Gênesis 15:5, 6; João
3:14-16; 2 Coríntios 5:14, 15 e Gálatas 5:6, qual é a origem da fé?
Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A.( ) A fé provém do esforço humano.
B.( ) A fé é uma resposta humana a uma iniciativa divina.
C.( ) A fé possui uma origem mística.
A genuína fé bíblica é sempre uma resposta ao Senhor. A fé
não é algum tipo de sentimento ou atitude que a pessoa decide tomar, em
algum momento, porque Deus exige. Ao contrário, a verdadeira fé se
origina em um coração tocado por um sentimento de gratidão e amor pela
bondade de Deus. Por isso, quando a Bíblia fala sobre fé, essa fé sempre
provém de iniciativas que Deus tem tomado. No caso de Abraão, por
exemplo, a fé foi sua resposta às promessas maravilhosas que Deus tinha
feito a ele (Gn 15:5, 6). Já no Novo Testamento, Paulo disse que, em
última análise, a fé está enraizada na nossa percepção do que Cristo fez
por nós na cruz.
6. Se a fé é uma resposta ao Senhor, o que essa resposta deve incluir? O que podemos entender sobre a natureza da fé? Jo 8:32, 36; At 10:43; Rm 1:5, 8; 6:17; Hb 11:6; Tg 2:19
Muitas pessoas definem fé como “crença”. Essa definição é
problemática, pois em grego a palavra para “fé” é simplesmente a forma
substantivada do verbo “crer”. Usar uma forma para definir a outra é
como dizer que “fé é ter fé”. Isso não diz nada.
Um exame cuidadoso das Escrituras revela que a fé envolve
não só o conhecimento sobre Deus, mas um consentimento mental ou
aceitação desse conhecimento. Essa é uma razão pela qual é tão
importante ter uma imagem correta de Deus. Ideias distorcidas sobre o
caráter de Deus podem tornar mais difícil o exercício da fé. Mas uma
aceitação intelectual do evangelho não é suficiente, pois, nesse
sentido, “até os demônios creem” (Tg 2:19). A verdadeira fé também afeta
nosso modo de vida. Em Romanos 1:5, Paulo escreveu sobre a “obediência
que vem pela fé” (NVI). Paulo não disse que a obediência é o mesmo que
fé. Ele quis dizer que a verdadeira fé afeta toda a vida de uma pessoa,
não apenas a mente. Ela envolve compromisso com nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, e não apenas uma lista de regras. A fé abrange o que
fazemos, nossa maneira de viver, em quem confiamos e também aquilo em
que acreditamos.
Quinta-feira, 20 de julho
Uma das principais acusações contra Paulo era a de
que seu evangelho da justificação pela fé apenas encorajava as pessoas a
pecar (Rm 3:8; 6:1). Sem dúvida, os acusadores argumentavam que, se as
pessoas não têm que cumprir a lei para ser aceitas por Deus, por que
deviam se preocupar com sua maneira de viver? Lutero também enfrentou
acusações semelhantes.
7. De acordo com Gálatas 2:17, 18, como
Paulo respondeu à acusação de que a doutrina da justificação pela fé
apenas encorajava o comportamento pecaminoso? Assinale a alternativa
correta:
A.( ) Reconheceu que a fé estimulava o pecado, e acabou abandonando o evangelho.
B.( ) Disse que Cristo não é ministro do pecado, mas nos leva à obediência.
Paulo respondeu às acusações de seus adversários nos
termos mais fortes possíveis: “De maneira nenhuma”! (ARC). Embora seja
possível que uma pessoa caia em pecado após ir a Cristo, a
responsabilidade certamente não seria de Cristo. Se transgredimos a lei,
nós mesmos somos os transgressores.
8. Como Paulo descreveu sua união com Jesus Cristo? Como essa descrição refuta as objeções levantadas por seus adversários? Gl 2:19-21
Paulo considerou o raciocínio de seus opositores
simplesmente absurdo. Aceitar Cristo pela fé não é algo trivial, não é
um jogo de faz de conta celestial, em que Deus considera a pessoa como
justa enquanto não há mudança real na sua maneira de viver. Ao
contrário, aceitar Cristo pela fé é extremamente radical. Envolve uma
completa união com Ele, uma união em Sua morte e ressurreição.
Espiritualmente falando, Paulo disse que somos crucificados com Cristo, e
morrem nossos velhos hábitos pecaminosos, enraizados no egoísmo (Rm
6:5-14). Fizemos uma ruptura radical com o passado. Todas as coisas são
novas (2Co 5:17). Também fomos ressuscitados para uma vida nova em
Cristo. O Cristo ressuscitado vive dentro de nós, tornando-nos
diariamente mais e mais semelhantes a Ele mesmo.
Portanto, a fé em Cristo não é um pretexto para o pecado,
mas um chamado a um relacionamento mais profundo e mais rico com Cristo
do que jamais poderia ser encontrado numa religião fundamentada na lei.
Como você se relaciona com o conceito de salvação unicamente pela fé,
sem as obras da lei? Você tem medo, pensando que isso pode ser uma
desculpa para o pecado, ou se alegra nele? O que sua resposta diz sobre
sua compreensão da salvação?
“A lei de Deus tem sido
considerada longamente. Ela tem sido apresentada às congregações de modo
quase tão destituído do conhecimento de Jesus Cristo e de Sua relação
para com a lei como ocorreu com a oferta de Caim. Foi-me mostrado que
muitos se conservam longe da fé devido às ideias embaralhadas e confusas
acerca da salvação, e porque os pastores têm trabalhado de maneira
errônea para alcançar os corações. O ponto que durante anos tem sido
recomendado com insistência à minha mente é a justiça imputada de Cristo
[…].
“Não há um ponto que necessite ser realçado com mais
diligência, repetido com mais frequência ou estabelecido com mais
firmeza na mente de todos, do que a impossibilidade de que o ser humano
caído mereça alguma coisa por suas próprias e melhores boas obras. A
salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo” (Ellen G. White, Fé e Obras, p. 18, 19).
“A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas
ele é incapaz de a apresentar. A única maneira em que pode alcançar a
justiça é pela fé. Pela fé ele pode apresentar a Deus os méritos de
Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador.
A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus
recebe, perdoa, justifica a pessoa arrependida e crente, trata-a como se
fosse justa, e a ama como ama Seu Filho” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 367).
Perguntas para reflexão
1. Ellen G. White disse que nenhum
assunto precisa ser mais enfatizado do que a justificação pela fé. Esses
comentários são aplicáveis a nós hoje? Por quê?
2. Pense na Reforma Protestante e em
Lutero. Embora a época, o lugar e as circunstâncias tenham sido
diferentes, por que a mensagem apresentada por Paulo foi tão crucial
para libertar milhões de pessoas do cativeiro espiritual romano?
Resumo: O comportamento de Pedro em
Antioquia sugeriu que os conversos do paganismo não podiam ser
verdadeiros cristãos, a menos que fossem circuncidados. Paulo destacou o
engano de tal pensamento. Deus não pode declarar justa nenhuma pessoa
com base em seu comportamento, pois nem mesmo os melhores seres humanos
são perfeitos. Somente aceitando o que Deus fez por nós em Cristo, os
pecadores podem ser justificados diante dEle.
Respostas e atividades da semana: 1. Com
uma semana de antecedência, peça aos alunos que estudem o contexto em
que viviam os judeus, bem como os cristãos gentios antes da sua
conversão. Em classe, discutam as possíveis respostas para essa
pergunta. 2. Paulo – absolver – inocentar. 3. A. 4. B. 5. F; V; F. 6.
Divida a classe em dois grupos e incentive-os a refletir sobre a
natureza da fé. Por fim, escolha um representante de cada grupo para que
apresente a sua resposta. 7. B. 8.
Peça aos alunos que relacionem a união de Paulo com Cristo com as
objeções dos seus adversários. Em classe, peça que dois ou três alunos
compartilhem suas respostas com o restante da classe.
Participe do projeto “Reavivados por Sua Palavra”: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org/