VERSO PARA MEMORIZAR: “À Lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20).
LEITURAS DA SEMANA: Mc 7:1-13; Rm 2:4; 1Jo 2:15-17; 2Co 10:5, 6; Jo 5:46, 47; 7:38
Não há igreja cristã que não use as Escrituras para sustentar suas crenças. No entanto, a função e a autoridade das Escrituras na teologia não são as mesmas em todas as igrejas. Na verdade, a função das Escrituras pode variar muito de igreja para igreja. Exploraremos esse assunto importante, porém complexo, por meio do estudo de cinco diferentes fontes que influenciam nossa interpretação das Escrituras: a tradição, a experiência, a cultura, a razão e a própria Bíblia.
Essas fontes desempenham uma função significativa em todas as teologias e igrejas. Todos fazemos parte de diversas tradições e culturas que nos influenciam. Todos temos experiências que moldam nosso pensamento e influenciam nossa compreensão. Todos temos uma mente para pensar e avaliar as coisas. Todos lemos a Bíblia e a usamos para entender Deus e Sua vontade.
Qual dessas fontes, ou combinações delas, tem autoridade final sobre a nossa maneira de interpretar a Bíblia? Como são usadas em relação umas às outras? A prioridade dada a alguma fonte ou fontes leva a ênfases e resultados muito diferentes e determina, por fim, a direção de toda a nossa teologia.
Tradição
A tradição não é ruim. Ela dá às ações recorrentes na vida certa rotina e estrutura. Ela nos ajuda a permanecer conectados com nossas raízes. Por isso, não é surpresa que essa herança tenha uma função importante na religião. Porém, também existem perigos relacionados à tradição.
1. Leia Marcos 7:1-13. Como Jesus reagiu a algumas tradições humanas em Seus dias? O que isso nos ensina? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Colocou-as acima dos mandamentos de Deus e da Palavra do Senhor.
B. ( ) Exaltou a Lei de Deus como fonte de autoridade acima das tradições.
A tradição que Jesus confrontou era cuidadosamente transmitida na comunidade judaica de mestre para discípulo. Nos dias de Jesus, ela havia assumido um lugar ao lado das Escrituras. Contudo, a tradição tem uma tendência de se desenvolver durante longos períodos de tempo, acumulando assim mais e mais detalhes e aspectos que originalmente não faziam parte da Palavra de Deus nem de Seu plano. Embora as tradições fossem promovidas por “anciãos” (Mc 7:3, 5), isto é, pelos líderes religiosos da comunidade judaica, não são iguais aos mandamentos de Deus (Mc 7:8, 9). Eram tradições de homens e, finalmente, levaram a um ponto em que tornaram inválida “a Palavra de Deus” (Mc 7:13).
2. Leia 1 Coríntios 11:2 e 2 Tessalonicenses 3:6. Como distinguimos entre a Palavra de Deus e a tradição humana? É importante fazer essa distinção?
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A Palavra viva de Deus faz surgir em nós uma atitude reverente e fiel para com ela. Essa fidelidade gera certa tradição. Contudo, nossa fidelidade precisa sempre ser dedicada ao Deus vivo, que revelou Sua vontade na Palavra escrita. Portanto, a Bíblia possui uma função singular que suplanta todas as tradições humanas. Ela está acima de todas as tradições, mesmo das boas. Tradições que se desenvolvem a partir de nossa experiência com Deus e Sua Palavra constantemente precisam ser testadas pela medida das Sagradas Escrituras.
O que fazemos como igreja que pode ser rotulado como “tradição”? Por que é importante distinguir tradição de ensinamento bíblico? Comente com a classe.
Não apenas leia a Bíblia, estude-a!
Segunda-feira, 20 de abril
Experiência
3. Leia Romanos 2:4 e Tito 3:4, 5. Como experimentamos a bondade, a paciência, o perdão, a benevolência e o amor de Deus? Por que é importante que a fé não seja apenas conhecimento abstrato, mas algo vivenciado? As experiências podem entrar em conflito com a Bíblia e até mesmo nos enganar na fé?
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A experiência faz parte da existência humana. Ela influencia nossos sentimentos e pensamentos de uma forma poderosa. Deus nos projetou de tal maneira que nosso relacionamento com a criação, e até mesmo com o próprio Deus, é significativamente conectado com nossa experiência e moldado por ela.
É o desejo de Deus que experimentemos a beleza dos relacionamentos, da arte, da música e das maravilhas da criação, bem como a alegria de Sua salvação e o poder das promessas de Sua Palavra. Nossa religião e fé são mais do que apenas doutrina e decisões racionais. O que experimentamos molda significativamente nossa visão de Deus e até mesmo nossa compreensão da Sua Palavra. Mas precisamos também ver claramente as limitações e insuficiências de nossas experiências quando se trata de conhecer a vontade de Deus.
4. Que advertência se encontra em 2 Coríntios 11:1-3? O que isso revela sobre os limites da confiança nas nossas experiências?
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As experiências podem ser muito enganadoras. Biblicamente, a experiência precisa ter sua esfera apropriada. Deve ser influenciada, moldada e interpretada pelas Escrituras. Às vezes desejamos experimentar algo que não está em harmonia com a Palavra e a vontade de Deus. Nessas ocasiões, precisamos confiar na Bíblia acima de nossa experiência e de nossos desejos. Devemos estar atentos para assegurar que as experiências estejam em harmonia com as Escrituras e não contradigam o claro ensino da Bíblia
Na fé em que o amor a Deus e aos outros (Mc 12:28-31) são os mandamentos principais, a experiência é importante. Todavia, por que é crucial provar a experiência pela Palavra?
Terça-feira, 21 de abril
Cultura
Todos nós pertencemos a culturas específicas. Também somos influenciados e moldados pela cultura. Nenhum de nós escapa dela. Basta analisarmos o quanto do Antigo Testamento é a história do antigo Israel sendo corrompido pelas culturas ao seu redor. O que nos faz pensar que hoje as coisas ocorram de modo diferente?
A Palavra de Deus também foi dada em uma cultura específica, embora não seja limitada a essa única cultura. Mesmo que os fatores culturais influenciem inevitavelmente nossa compreensão da Bíblia, não devemos perder de vista o fato de que a Palavra também transcende às estabelecidas categorias culturais de etnia, império e status social. Essa é uma razão pela qual a Bíblia ultrapassa qualquer cultura humana e é até capaz de transformar e corrigir os elementos pecaminosos que encontramos em todas as culturas.
5. Leia 1 João 2:15-17. O que João quis dizer ao declarar que não devemos amar as coisas do mundo? Como podemos viver no mundo e ainda assim não ter uma mentalidade mundana?
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A cultura, como qualquer outra faceta da criação de Deus, é afetada pelo pecado. Consequentemente, ela também está sob o juízo de Deus. Evidentemente, alguns aspectos da nossa cultura podem se alinhar muito bem com nossa fé, mas devemos sempre ter o cuidado de distinguir entre as duas. O ideal é que, se necessário, a fé bíblica se oponha à cultura existente e crie uma contracultura que seja fiel à Palavra de Deus. A menos que tenhamos algo ancorado em nós que venha de cima, logo nos entregaremos ao que está ao nosso redor.
Ellen G. White apresentou a seguinte ideia:
“Os seguidores de Cristo devem se separar do mundo em princípios e em interesses; não devem, porém, se isolar do mundo. O Salvador Se misturava constantemente com os homens, não para os animar em qualquer coisa que não estivesse em harmonia com a vontade de Deus, mas para os elevar e enobrecer” (Conselhos aos Pais, Professores e
Estudantes, p. 323).
Quais aspectos da sua cultura estão em completa oposição à fé bíblica? Como podemos nos manter firmes contra esses aspectos que tendem a corromper nossa fé?
Quarta-feira, 22 de abril
Razão
Razão
6. Leia 2 Coríntios 10:5, 6; Provérbios 1:7; 9:10. Por que a obediência a Cristo em nossos pensamentos é tão importante? Por que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Porque pensamentos submissos levam à prática da obediência.
B.( ) Porque devemos obedecer apenas na teoria, não na prática.
Deus nos deu a capacidade de pensar e raciocinar. Toda atividade humana e todo argumento teológico supõem nossa capacidade de pensar e tirar conclusões. Não apoiamos uma fé irracional. Entretanto, como consequência do Iluminismo do século 18, a razão assumiu uma função nova e dominante, especialmente no mundo ocidental, que vai muito além de nossa capacidade de pensar e chegar a conclusões corretas.
Em contraste com a ideia de que a base do nosso conhecimento é a experiência sensorial, outra visão considera a razão a principal fonte de conhecimento. Essa visão, chamada racionalismo, é a ideia de que a verdade não é sensorial, mas intelectual e deriva da razão. Ou seja, certas verdades existem, e somente a razão pode compreendê-las diretamente. Isso faz da razão o teste e a norma da verdade. A razão se tornou a nova autoridade diante da qual tudo mais tinha que se curvar, inclusive a autoridade da igreja e, mais dramaticamente, até mesmo a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus. Tudo o que não era evidente para a razão foi descartado e teve sua legitimidade questionada. Essa atitude afetou muitas partes das Escrituras. Todos os milagres e as ações sobrenaturais de Deus, como a ressurreição de Jesus, o nascimento virginal ou a criação em seis dias, para citar apenas alguns, não foram mais considerados verdadeiros e confiáveis.
Lembremo-nos de que mesmo o poder de raciocínio foi afetado pelo pecado e precisa ser colocado sob Cristo. O ser humano foi obscurecido em sua compreensão e alienado de Deus (Ef 4:18). Precisamos ser iluminados pela Palavra. Além disso, o fato de que Deus é o Criador indica que nossa razão não foi criada como algo que funciona de modo independente. Em vez disso, “o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Pv 9:10; Pv 1:7). Somente quando aceitamos a revelação de Deus, corporificada em Sua Palavra escrita, como suprema em nossa vida, e estamos dispostos a seguir o que está escrito na Bíblia, podemos raciocinar corretamente.
O presidente americano Thomas Jefferson (1743-1826) fez sua própria versão do Novo Testamento excluindo o que, em sua opinião, fosse contrário à razão. Quase todos os milagres de Jesus foram excluídos, incluindo a Sua ressurreição. O que isso nos ensina sobre os limites da razão para a compreensão da verdade?
Quinta-feira, 23 de abrilA Bíblia
O Espírito Santo, que revelou e inspirou o conteúdo da Bíblia, nunca nos conduzirá contrariamente à Palavra de Deus nem para longe dela. Para os Adventistas do Sétimo Dia, a Bíblia tem uma autoridade superior à tradição, à experiência, à razão ou às culturas humanas. Somente a Bíblia é a norma pela qual todo o restante precisa ser provado.
7. Leia João 5:46, 47; 7:38. Para Jesus Cristo, qual era a melhor fonte para entender questões espirituais? Como a Bíblia confirma que Jesus é o verdadeiro Messias?
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Algumas pessoas alegam ter recebido “revelações” e instruções especiais do Espírito Santo, mas essas instruções vão contra a clara mensagem da Bíblia. Para essas pessoas, um suposto “Espírito Santo” alcançou autoridade maior que as Escrituras. Quem anula a Palavra escrita e inspirada e se esquiva de sua mensagem clara está andando em terreno perigoso e não está seguindo a direção do Espírito de Deus. A Bíblia é nossa única salvaguarda espiritual. Somente ela é a norma confiável para toda matéria de fé e prática.
“Por meio das Escrituras, o Espírito Santo fala à mente e grava a verdade no coração. Assim expõe o erro, expulsando-o do coração. É pelo Espírito da verdade, agindo pela Palavra de Deus, que Cristo submete a Si Seu povo escolhido” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 671).
O Espírito Santo nunca deve ser interpretado como substituto da Palavra de Deus. Em vez disso, Ele trabalha em harmonia com a Bíblia e por meio dela para nos atrair a Cristo, tornando as Escrituras a única norma para a verdadeira espiritualidade bíblica. A Bíblia apresenta a sã doutrina (1Tm 4:6) e, sendo a Palavra de Deus, é confiável e merece plena aceitação. Não é nossa tarefa julgar as Escrituras. Em vez disso, a Palavra de Deus tem o direito e a autoridade para julgar nossa vida e nossos pensamentos. Afinal, é a Palavra escrita do próprio Deus
Por que a Bíblia é um guia mais seguro em questões espirituais do que impressões subjetivas? Quais são as consequências de não aceitar a Bíblia como o padrão pelo qual provamos todos os ensinamentos e até mesmo nossa experiência espiritual? Se a revelação particular fosse a palavra final nas questões espirituais, por que isso não levaria a nada além do caos e do erro?
Sexta-feira, 24 de abril
Estudo adicional
Texto de Ellen G. White: O Grande Conflito, p. 593-602 (“Nossa Única Salvaguarda”).
A tradição, a experiência, a cultura, a razão e a Bíblia estão presentes em nossa reflexão sobre a Palavra de Deus. A pergunta decisiva é: qual dessas fontes tem a palavra final e a autoridade suprema em nossa teologia? Uma coisa é confirmar a Bíblia, mas algo completamente diferente é permitir que ela, mediante o ministério do Espírito Santo, influencie e mude a vida.
“Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário para a salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autoritativa e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 9).
Perguntas para consideração
1. Por que é mais fácil defender os detalhes de algumas tradições humanas do que viver o espírito da Lei de Deus: amar o Senhor, nosso Deus, de todo o nosso coração e entendimento, e amar o próximo como a nós mesmos? (veja Mt 22:37-40).
2. Comente sua resposta à pergunta final de domingo. Que função a tradição deve ter em nossa igreja? Quais bênçãos e desafios você observa nas tradições religiosas?
3. Como podemos garantir que a tradição, não importando quanto ela seja boa, não substitua a Palavra escrita de Deus como nossa norma e autoridade final?
4. Imagine que alguém afirme ter recebido um sonho em que o Senhor lhe teria dito que o domingo é o verdadeiro dia de descanso e adoração nos tempos do Novo Testamento. Como você responderia a essa pessoa? O que uma história semelhante a essa nos ensina sobre como a experiência deve sempre ser provada pela Palavra de Deus?
5. Fale sobre a cultura em que sua igreja está imersa. Como essa cultura influencia sua fé? Quais exemplos encontramos na História em que a
cultura tenha influenciado grandemente as ações dos membros da igreja de uma forma que hoje vemos como negativa? Que lições podemos extrair desse fato para não cometer erros semelhantes?
Respostas e atividades da semana: 1. B. 2. Pela imutável Palavra de Deus provamos as transitórias tradições humanas. 3. Experimentamos essas coisas pela bondade de Deus, pois Ele faz surgir em nós todas as virtudes. Nossa fé deve ser experimental e não apenas cognitiva, pois a fé que transforma é fruto da experiência e não apenas do intelecto. É preciso, no entanto, provar as experiências à luz da Palavra, pois elas podem nos levar para longe da verdade. 4. Devemos cuidar para que as experiências não nos enganem. Elas são manchadas pelo pecado. 5. Que nosso coração não deve
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