Celebrado em todo o mundo, a data também é uma oportunidade para apresentar os ensinos contidos na Bíblia.
Por Mark A. Kellner, para a Adventist Review25 de outubro de 2018
Uma vez a cada sete dias, estima-se que entre 25 a 30 milhões de membros e convidados da Igreja Adventista do Sétimo Dia se reúnem para o culto semanal.
As reuniões ocorrem no dia mencionado pela Bíblia como sábado, o sétimo dia da semana. O motivo para isso em está em Êxodo 20:11: “Porquanto em seis dias Eu, o Senhor, fiz o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles, mas no sétimo dia descansei. Foi por esse motivo que Eu, o Senhor, abençoei o shabbath, sábado, e o separei para ser um dia santo”.
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Portanto, se a observância semanal do sábado é prescrita como um memorial da semana da criação, por que os adventistas, ao redor do mundo, estabelecem um sábado específico, o “Sábado da Criação”?
A resposta se encontra na proposta de Nikolaus Satelmajer feita em 2009 em um evento para responder as celebrações do aniversário de 150 anos da publicação do livro de Charles Darwin, A Origem das Espécies. Na época, Satelmajer era secretário associado da Associação Ministerial da sede mundial da Igreja Adventista. Desde o período em que foi recomendado, o Sábado da Criação se tornou uma observância anual e parte do calendário de eventos oficiais da denominação.
“Embora nós, como cristãos, descansemos e lembremos a cada sábado, o Sábado da Criação é uma oportunidade especial para alcançarmos nossa comunidade”, reforça Timothy G. Standish, cientista do Instituto de Pesquisas em Geociências (GRI), em Loma Linda, Califórnia, Estados Unidos. O dia é “uma oportunidade para que paremos de debater, de argumentar [a respeito das origens] e comecemos a nos alegrar no que Deus fez por nós”.
Oportunidade para testemunhar
Standish, que agora dirige a iniciativa do Sábado da Criação para o GRI, diz que esse dia permite que os fiéis centrem de novo o foco no que está por trás de cada sábado semanal. “Sim, cada sábado é um ‘sábado da criação’, e é por isso que Deus o deu para nós; mas como seres humanos, é muito fácil nos distrairmos com outras coisas”, aponta.
No mundo todo, a questão da crença na evolução segue controversa, criando uma oportunidade missional para os adventistas do sétimo dia. Em 2014, o Centro de Pesquisa Pew, uma organização independente localizada em Washington, capital norte-americana, notou que na América Latina, a maioria da população na Nicarágua e na República Dominicana rejeita a evolução, enquanto que a “grande maioria” no Uruguai, Argentina, Chile e Brasil a apoiam.
Em 2017, o Pew informou a existência de uma divisão no mundo muçulmano, com alguns países favorecendo a evolução, enquanto “a maioria dos muçulmanos em lugares como o Afeganistão, Indonésia e Iraque a rejeita”. Os pesquisadores da entidade destacaram, no mesmo relatório de 2017, que os adventistas do sétimo dia ultrapassam esse número: um total de 67% dos respondentes da pesquisa do Pew que se identificaram como adventistas disseram que “rejeitam a ideia de que os seres humanos evoluíram ao longo das eras”. Apenas 30% dos protestantes, 29% dos católicos romanos e 16% dos judeus responderam da mesma forma, informou a investigação.
“O Sábado da Criação é uma oportunidade para alcançar nossas comunidades. Fomos postos aqui para compartilhar o evangelho, que diz em Apocalipse 14:6-7: ‘[…] e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas’. E somos instruídos a pregar isso “a cada nação, e tribo, e língua, e povo”, observa Standish.
Ele afirma que uma forma pela qual as pessoas podem apresentar o argumento em favor da visão bíblica das origens é focar na beleza do mundo. “Charles Darwin falou a respeito de como perdeu a capacidade de apreciar a beleza da arte, da poesia e da natureza em si devido à sua pesquisa evolutiva”, sublinha.
Observado ao redor do mundo
Durante seus nove anos de existência, a popularidade do Sábado da Criação tem crescido. Embora as observâncias iniciais tenham sido esporádicas na África Ocidental, o esforço de 2017 produziu resultados em toda a Nigéria e em outros países na região. “Mais de dez mil pessoas foram alcançadas”, pontua Oluwole A. Oyedeji, membro da comissão do GRI, e que também trabalha para a Agência de Pesquisa Geológica da Nigéria.
“A supremacia de Deus na criação e nos processos de moldar a Terra e nossa vida foram enaltecidos. Os oradores também usaram o meio ambiente em várias vizinhanças, como a atmosfera, os montes, vales, rios, cachoeiras, animais, aves, formigas e outros fenômenos naturais como exemplos”, ressalta.
Cruzando o Oceano Atlântico, os adventistas do sétimo dia em Mayaguez, Porto Rico, literalmente estavam com os olhos voltados para a tempestade, neste caso o Furacão Maria, de 2017, semanas antes da celebração. De acordo com o pastor Marco Terreros, que também serve como vice-presidente acadêmico do Seminário Adventista Teológico Interamericano, isso significou uma mudança de localidade para a observância do Sábado da Criação para o estacionamento da igreja.
Mas a falta de acomodações internas não deteve os adoradores. “A apresentação natural mais notável foi uma enorme mangueira que estava ali, bem preservada e dando sombra a mais de uma centena de membros presentes naquele dia; eles se reuniram sob sua sombra fresca e louvaram o Criador por esta provisão, tão necessária em um tempo como este”, afima Terreros.
“Não temos respostas para tudo, mas sim, temos respostas extraordinariamente boas para as questões realmente fundamentais. Não se trata de apenas discutir, trata-se de viver nossa vida enquanto aceitamos a visão bíblica, que é tão bela e maravilhosa, e assim é importante separar, de forma proposital, um tempo para ela. Foi por isso que o nosso Criador separou as horas do sábado”, garante Standish.
Para entender mais sobre o tema, veja o filme A Criação: A Terra é uma Testemunha:
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