A música é muito mais do que entretenimento, sublinhou a palestrante Bronwen Landless aos mais de 800 participantes de 106 países durante a 3ª Conferência Global sobre Saúde e Estilo de Vida, realizada na Universidade de Loma Linda, no Estados Unidos, na primeira quinzena de julho.
“Individual e coletivamente, nós, como seres humanos, reconhecemos o poder da música para motivar, inspirar, mudar e nos curar. É um lindo mistério”, garantiu Bronwen.
Leia também:
A música foi usada terapeuticamente em 1025 a.C. na história bíblica de Davi, quando ele tocou harpa para o rei Saul, afirmou a professora assistente de musicoterapia no Conservatório de Shenandoah da Universidade de Shenandoah, em Winchester, Virgínia, Estados Unidos. “Saul sentia ‘alívio e melhorava, e o espírito maligno o deixava’” (1 Samuel 16:23, NVI), ela observou.
Quando a música, como terapia, foi reconhecida e usada nos hospitais da Administração de Veteranos (Veterans Administration – VA), nos Estados Unidos, na década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial, foi que a necessidade de treinamento formalizado no país ficou evidente, pontuou Bronwen.
“Uma política oficial sobre o uso da música em hospitais militares afirmou que a música deve ser usada para auxiliar no recondicionamento físico, educacional, ressocialização e tratamento neuropsiquiátrico”, explicou a docente. “Naquele momento, a maioria dos serviços de musicoterapia eram prestados por músicos e funcionários de hospitais”.
A Associação Nacional de Musicoterapia (NAMT, sigla em inglês) foi criada em 1950, formalizando a profissão de musicoterapia nos Estados Unidos. O estabelecimento da Associação Americana de Musicoterapia seguiu-se em 1971, e em 1998 as duas associações uniram-se para formar a Associação Americana de Musicoterapia (AMTA, sigla em inglês).
O que é musicoterapia?
A AMTA define a musicoterapia como o uso clínico e baseado em evidências da música para atingir objetivos terapêuticos para pacientes tanto individualmente quanto em grupos, explicou. Ela acrescentou que tal terapia deve ser praticada por profissionais credenciados que tenham completado um programa aprovado de musicoterapia.
“Essa terapia como profissão recebe contribuições de teorias de outros campos, como medicina, psicologia, neurologia e música – bem como pesquisa e prática”, contou. “Os musicoterapeutas envolvem os clientes em uma participação ativa por meio de instrumentos musicais, cantos, movimentos físicos e audição”.
Novos estudos têm comprovado o poder da música no desenvolvimento humano (Foto: Shutterstock)
Várias formas de musicoterapia são usadas para atingir objetivos como: maior socialização e conexão, memória e recordação melhor, melhor qualidade de vida e a manutenção das habilidades motoras brutas e finas, explicou a pesquisadora. Outros benefícios da musicoterapia para todas as faixas etárias incluem diminuição do estresse, distração da dor, maior relaxamento e conexão com os outros.
Um exemplo dos benefícios da musicoterapia citada pela pesquisadora foi uma criança autista que não falava, “sendo ouvida na música pelo musicoterapeuta enquanto eles fazem música juntos”. Isso “provê aceitação, conexão e afirmação sem que nenhum deles tenha que usar palavras,” ela disse.
De acordo com Landless, outros pacientes que podem ser ajudados pela musicoterapia incluem aqueles que sofrem de doença de Alzheimer e demência, transtorno de déficit de atenção, paralisia cerebral, distúrbios de comunicação, síndrome de Down, transtorno de estresse pós-traumático, transtornos de aprendizagem, entre outros.
Ao descrever alguns dos princípios fundamentais de trabalhar com uma variedade de pessoas no contexto da musicoterapia, a professora afirmou que “usar a música preferida pelo cliente é um dos princípios orientadores mais importantes e requer que musicoterapeutas em todo o mundo atuem de maneira focada no cliente, consistentemente exercendo sensibilidade cultural e humildade.
Diferença entre música e linguagem
A diferença entre música e linguagem, explicou Bronwen, é que “a música é encontrada em todo o cérebro” enquanto a linguagem é “localizada”. Se uma lesão ocorre no cérebro nas áreas localizadas na língua, por exemplo, “déficits significativos ocorrem em fala e linguagem.”
“Os pacientes que sofreram derrames e não conseguem falar ainda são capazes de cantar todas as palavras para as músicas”, esclareceu a pesquisadora. “Graças à neuroplasticidade do nosso cérebro, somos capazes de usar a música para formar “desvios” em torno das áreas danificadas, criando novos caminhos neurais que nos permitem reabilitar a fala, começando com o canto.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua mensagem