quinta-feira, 17 de novembro de 2016

08. Sangue inocente: 12 a 19 de novembro

SÁBADO À TARDE (Ano Bíblico: At 19-21)

 

VERSO PARA MEMORIZAR: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1).
Leituras da semana: Jó 10; Is 53:6; Rm 3:10-20; Jó 15:14-16; Jó 1:18-20; Mt 6:34
O escritor argelino Albert Camus lutou com a questão do sofrimento humano. Em seu livro The plague [“A peste”], ele utiliza uma peste como metáfora para os males que provocam dor e sofrimento à humanidade. Camus descreve uma cena na qual um garotinho, afligido pela pestilência, tem uma morte terrível. Posteriormente, um padre que havia testemunhado a tragédia disse a um médico que também estivera ali: “Esse tipo de coisa é revoltante, pois ultrapassa nossa compreensão humana. Mas talvez devamos amar o que não compreendemos.” O doutor, enfurecido, retrucou: “Não, padre! Tenho uma ideia muito diferente do amor; e até o dia da minha morte, me recusarei a amar um sistema em que crianças são torturadas” (Albert Camus, The plague; New York: First Vintage International Edition, 1991, p. 218).
Essa cena reflete o que temos visto no livro de Jó: respostas superficiais e nada convincentes ao que não possui uma solução simples. Assim como o médico da história acima, Jó também sabia que as respostas dadas não correspondiam à realidade em questão. Portanto, eis o desafio: como encontramos respostas que fazem sentido para o que, muitas vezes, parece sem sentido? Nesta semana continuaremos nossa busca.
Na semana que vem terá início uma grande campanha evangelística. Será de 19 a 26 de novembro. Teremos mais de 4 mil pregadores espalhados em todo o Brasil. Prepare seu coração e convide seus amigos!

DOMINGO - O protesto de Jó (Ano Bíblico: At 22, 23)

Elifaz, Bildade e Zofar tinham um argumento: Deus pune o mal. Infelizmente, o argumento deles não se aplicava à situação de Jó. O sofrimento de Jó não era um exemplo de castigo retributivo. Deus não o estava punindo por seus pecados, como posteriormente Ele fez com Coré, Datã e Abirão. Jó também não estava colhendo o que plantara, como muitas vezes pode ser o caso. Nada disso! Jó era um homem justo; o próprio Deus havia dito isso (Jó 1:8). Portanto, Jó não somente não merecia o que havia lhe acontecido, ele sabia que não merecia aquilo. Foi isso que tornou suas queixas tão fortes e amargas.
1. Leia Jó 10. Ao considerar as circunstâncias de Jó, suas palavras ao Senhor faziam sentido? O que estava errado e o que estava certo em seu discurso?
Aqueles que creem em Deus não fazem perguntas semelhantes em momentos de grande tragédia? “Por que, Senhor, Tu tiveste o trabalho de me criar?”, ou “Por que Tu estás fazendo isso comigo?” ou ainda “Não teria sido melhor se eu nunca tivesse nascido do que ter sido criado e agora enfrentar tudo isso?”
Além disso, o que tornava tudo mais difícil de compreender era o fato de que Jó sabia da sua fidelidade a Deus. Ele clamou ao Senhor: “Bem sabes Tu que eu não sou culpado; todavia, ninguém há que me livre da Tua mão” (Jó 10:7).
Há uma ironia difícil nessa história: diferente do que seus amigos diziam, Jó não estava sofrendo por causa de seu pecado. O próprio livro revela o contrário: Jó estava sofrendo exatamente porque ele era muito fiel. Os dois primeiros capítulos do livro defendem essa ideia. Jó não tinha como saber que era essa a causa. E, mesmo que tivesse, provavelmente isso teria aumentado sua frustração e amargura.
Por mais singular que seja a situação de Jó, ela é também universal no sentido de que lida com o problema universal do sofrimento, especialmente quando a dor parece tão desproporcional diante do mal que alguém possa ter feito. Uma coisa é exceder o limite de velocidade e receber uma multa; outra é fazer a mesma coisa com o objetivo de matar alguém.
O que você pode dizer a alguém que acredita que está sofrendo injustamente?
Permaneça em oração pelo grande evangelismo e pelas pessoas que estão se preparando para o batismo.

SEGUNDA - Sangue inocente? (Ano Bíblico: At 24-26)

Muitas vezes ouvimos sobre o assunto do sofrimento de “inocentes”. A Bíblia até mesmo utiliza a expressão “sangue inocente” (Is 59:7; Jr 22:17; Jl 3:19), geralmente no contexto de agressão ou até assassinato de pessoas que não mereciam o que lhes aconteceu. Se utilizarmos essa interpretação de “sangue inocente”, então, veremos que nosso mundo está repleto de muitos exemplos disso.
Por outro lado, a Bíblia fala sobre a realidade da pecaminosidade e corrupção humanas, o que levanta uma questão válida sobre o significado do termo “inocente”. Se todos pecaram e transgrediram a lei de Deus, quem de fato é inocente? Como disse alguém: “Sua certidão de nascimento atesta sua culpa.”
Embora teólogos e estudiosos da Bíblia tenham debatido por séculos a exata natureza da relação humana para com o pecado, a Bíblia deixa claro que o pecado impactou toda a humanidade. O conceito da pecaminosidade humana não se encontra apenas no Novo Testamento. Ao contrário, a investigação do tema no Novo Testamento é uma expansão do que foi escrito no Antigo Testamento.
2. O que os textos seguintes ensinam sobre a realidade do pecado? 1Rs 8:46; Sl 51:5; Pv 20:9; Is 53:6; Rm 3:10-20. Complete as lacunas de acordo com o conteúdo dos textos:
Esses textos nos ensinam que ___________________ nós _____________________ em pecado. Portanto, somos todos ___________________ e merecemos a _________________.
Além do claro testemunho das Escrituras, qualquer pessoa que tenha conhecido o Senhor pessoalmente e tido um vislumbre da bondade e santidade de Deus conhece a realidade da pecaminosidade humana. Nesse sentido, quem dentre nós é verdadeiramente “inocente”? (Vamos desconsiderar por enquanto a questão dos bebês e das crianças).
Por outro lado, não é bem essa a questão. Jó era um pecador. Nesse sentido ele não era inocente, assim como seus filhos também não eram. Contudo, o que ele havia feito, ou eles haviam feito, para merecer a sorte que recaiu sobre eles? Não seria essa, talvez, a grande pergunta da humanidade em relação ao sofrimento? Diferente dos “provérbios de cinza” (Jó 13:12) de seus amigos, Jó sabia que não merecia o que lhe estava acontecendo.
O amor e a santidade de Deus intensificam nosso senso de pecaminosidade. Essa percepção nos ajuda a enxergar nossa absoluta necessidade da cruz?

TERÇA - Destinos injustos (Ano Bíblico: At 27, 28)

3. Leia Jó 15:14-16. Que verdade Elifaz apresentou a Jó? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Todo sofrimento é fruto dos nossos pecados.
B. ( ) Não podemos esperar nada de Deus, pois Ele é justo, e nós, pecadores.
C. ( ) Todos os homens nascidos de mulher são pecadores, injustos e corruptos.
D. ( ) Deus perdoaria os pecados de Jó, se ele somente os confessasse.
Novamente Elifaz falou a verdade, assim como os outros amigos haviam falado, dessa vez, porém, a respeito da pecaminosidade de todo ser humano. O pecado é uma realidade universal da vida na Terra, assim como o sofrimento.
E, como também sabemos, no fim das contas todo sofrimento é resultado do pecado. Além disso, não há dúvidas de que Deus pode usar o sofrimento para nos ensinar lições importantes. “Deus sempre tem provado Seu povo na fornalha da aflição. É no calor da fornalha que a escória se separa do verdadeiro ouro do caráter cristão” (Patriarcas e Profetas, p. 129).
Há, porém, um problema mais profundo com relação ao sofrimento. O que dizer das vezes em que não vemos benefício algum como resultado do sofrimento? E quanto ao sofrimento dos que não tiveram, em seu caráter, a escória separada do ouro, pois foram mortos instantaneamente? O que dizer dos que sofrem sem conhecer o Deus verdadeiro ou qualquer coisa a Seu respeito? E as pessoas cujos sofrimentos apenas as tornaram amargas, furiosas e revoltadas com Deus? Não podemos ignorar esses exemplos nem tentar colocá-los numa fórmula simples. Fazer isso talvez nos tornasse culpados dos mesmos erros cometidos pelos acusadores de Jó.
Independentemente das lições que Jó e seus acusadores pudessem aprender, e da derrota que Satanás enfrentaria mediante a fidelidade de Jó, o destino dessas outras pessoas certamente não parece justo. O fato é que essas coisas não são justas, nem razoáveis ou corretas.
Enfrentamos desafios semelhantes hoje. Uma criança de seis anos morre de câncer. Isso é justo? Uma universitária de vinte anos é tirada à força de seu carro e abusada sexualmente. Isso é justo? Uma mulher de trinta e cinco anos, mãe de três filhos, morre em um acidente automobilístico. Isso é justo? O que dizer dos 19 mil japoneses mortos no terremoto de 2011? Todos eles eram culpados de alguma coisa, para que aquele terremoto fosse considerado uma punição justa? Se não, essas mortes também não foram justas.
Essas são questões difíceis.
*Lembrete: Aproveite mais o estudo da lição e envolva cada aluno na busca das respostas para as perguntas de cada dia, com base nas respostas e atividades para a semana, sugeridas no fim da lição de sexta-feira.

QUARTA - Basta a cada dia o seu mal (Ano Bíblico: Rm 1-4)

4. Pense no destino imediato das pessoas descritas nos versos a seguir. A vida foi justa com elas?
Jó 1:18-20
Gn 4:8
Êx 12:29, 30
2Sm 11:17
Jr 38:6
Mt 14:10
Hb 11:35-38
A Bíblia reflete uma realidade cruel a respeito da vida em nosso mundo caído: o mal e o sofrimento são reais. Somente fazendo uma leitura superficial da Palavra de Deus e tirando alguns textos do contexto, poderíamos pensar que a vida aqui seja razoável, justa e boa, e que, se apenas permanecermos fiéis a Deus, não teremos sofrimento. É evidente que a fidelidade pode trazer muitas recompensas hoje, mas isso não quer dizer que ela construa uma barreira completa para a dor e o sofrimento.
No Sermão do Monte, Jesus pregou uma mensagem poderosa, indicando por que devemos confiar em Deus e não nos preocupar com o que comeremos, beberemos ou vestiremos. Jesus utilizou exemplos da natureza como lições objetivas sobre as razões pelas quais podemos confiar na bondade de Deus para satisfazer nossas necessidades. Ele então acrescentou estas famosas palavras: “Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6:34, ARC).
Repare: basta a cada dia o seu mal. Jesus não estava negando a presença do mal em nossa vida, mesmo a presença diária do mal (esse termo vem de uma palavra grega cujo significado pode ser “maldade”, “depravação” e “malignidade”). Na verdade, era o contrário. Jesus estava reconhecendo o predomínio e a presença do mal em nosso dia a dia. Como Cristo poderia não reconhecer isso? Como Senhor, Ele tinha muito mais conhecimento sobre o mal no mundo do que qualquer um de nós poderia ter, ainda que todos nós já conheçamos bem esse assunto.
Quem já não provou um pouco, ou muito, do quanto a vida pode ser injusta e amarga? O fato de que Jesus reconheceu a realidade do mal pode nos trazer conforto e força em meio à maldade deste mundo?

QUINTA - Fatos que não se veem (Ano Bíblico: Rm 5-7)

5. Leia Provérbios 3:5. Embora seja um texto comum, que mensagem crucial ele tem para nós, principalmente no contexto do que estamos estudando? Marque V para verdadeiro ou F para falso:
( ) Devemos descansar em Deus, pois Ele nos dará tudo que Lhe pedirmos.
( ) Devemos confiar totalmente em Deus e não nos apoiar no nosso próprio entendimento.
Embora o caso de Jó seja extremo, ele reflete a triste realidade do sofrimento em nosso mundo caído. Não precisamos da história de Jó nem de outras histórias da Bíblia para ver essa realidade. Nós a vemos ao nosso redor. De fato, todos nós a vivemos até certo ponto.
“O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece” (Jó 14:1, 2).
Portanto, a questão com a qual lutamos é: como explicarmos o sofrimento, aquele que parece não fazer sentido para nós, no qual é derramado sangue inocente?
Como os primeiros capítulos do livro de Jó revelam, e conforme o que a Bíblia também mostra em outras partes, Satanás é um ser real e é a causa, direta ou indireta, de tanto sofrimento. Como vimos anteriormente neste trimestre (veja a lição dois), o conceito do grande conflito é muito eficaz para nos ajudar a lidar com a realidade do mal em nosso mundo.
No entanto, às vezes é difícil compreender por que algumas coisas acontecem. Muitas vezes, as coisas simplesmente não fazem sentido. Em momentos como esses, quando acontecem coisas que não entendemos, precisamos aprender a confiar na bondade de Deus. Precisamos aprender a confiar em Deus mesmo quando não podemos ver facilmente as respostas. Mesmo quando não é possível ver coisas boas como resultado do mal e do sofrimento ao nosso redor.
6. Hebreus 11:1 diz: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” A partir das coisas que vemos, como podemos aprender a confiar em Deus sobre as coisas que não vemos? Pelo que lemos do livro de Jó até agora, em que sentido Jó aprendeu a fazer exatamente isso? Como podemos aprender a fazer o mesmo?

SEXTA - Estudo adicional (Ano Bíblico: Rm 8-10)

Albert Camus escreveu muitas coisas sobre sua luta para encontrar respostas para a questão do sofrimento e o significado da vida que se torna mais problemática por causa do sofrimento. Sua citação mais famosa mostra que seu progresso foi pequeno: “Há apenas um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se vale a pena viver equivale a responder a questão fundamental da filosofia” (The Myth of Sisyphus and Other Essays [“O mito de Sísifo e outros ensaios”]; Nova York: Vintage Books, 1995, p. 3). A questão do sofrimento humano não é fácil de responder.
Há, porém, uma diferença crucial entre as pessoas que lutam sem Deus para obter respostas e aquelas que o fazem com Deus. De fato, o problema do sofrimento se torna mais difícil quando se acredita na existência de Deus, devido aos problemas inevitáveis que a existência dEle traz em face do mal e da dor. Por outro lado, temos o que ateus como Camus não têm: a possibilidade e a perspectiva da resposta e da resolução. (Há evidências de que Camus tivesse posteriormente desejado o batismo, porém ele logo morreu em um acidente automobilístico). Temos a esperança de que Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4). Mesmo que alguém não acreditasse nessa promessa, essa pessoa teria que admitir que, se não houvesse nada mais que isso, a vida seria muito mais agradável por termos ao menos essa esperança.
Perguntas para reflexão
Um argumento que as pessoas apresentam a respeito da questão do mal é este: “Sim, existe o mal neste mundo, mas também existe o bem, e o bem supera o mal.” A primeira pergunta é: Como saber que o bem supera o mal? Como fazer essa comparação? A segunda pergunta é: Mesmo que isso fosse verdade, que proveito esse argumento teria para Jó (ou outras pessoas) em meio ao seu sofrimento? O filósofo alemão Arthur Schopenhauer usou um exemplo poderoso para ridicularizar a noção de equilíbrio entre o bem e o mal neste mundo: “Dizem que o prazer neste mundo supera a dor; ou, em todo o caso, que há um equilíbrio entre os dois. Caso o leitor deseje descobrir, brevemente, se essa afirmação é verdadeira, compare os respectivos sentimentos de dois animais, um dos quais esteja ocupado em comer o outro.” Como você responderia à ideia de que o bem, de certa forma, se equilibra com o mal?
Respostas e tarefas para a semana: 1. Com uma semana de antecedência, peça que os alunos leiam o capítulo 10 de Jó, anotando os erros e acertos do discurso de Jó, e as lições para nossa vida, ao lidarmos com sofrimentos inexplicáveis. 2. Todos – nascemos – pecadores – morte. 3. C. 4. Conforme o tamanho de sua classe, com uma semana de antecedência, distribua um ou dois textos para cada aluno, solicitando-lhes que estudem as passagens. Na classe, peça que eles respondam: O que aconteceu com seu personagem? Isso foi justo? 5. F; V. 6. Peça que os alunos deem testemunhos pessoais sobre situações nas quais, em meio aos problemas visíveis, eles encontraram motivos para confiar no que não se vê. Valeu a pena ser fiéis ao Senhor?

 


 


 


 


 


 


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