SÁBADO À TARDE (Ano Bíblico: At 19-21)
VERSO PARA MEMORIZAR: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1).
Leituras da semana: Jó 10; Is 53:6; Rm 3:10-20; Jó 15:14-16; Jó 1:18-20; Mt 6:34
O escritor argelino Albert Camus lutou com a questão do sofrimento
humano. Em seu livro The plague [“A peste”], ele utiliza uma peste como
metáfora para os males que provocam dor e sofrimento à humanidade. Camus
descreve uma cena na qual um garotinho, afligido pela pestilência, tem
uma morte terrível. Posteriormente, um padre que havia testemunhado a
tragédia disse a um médico que também estivera ali: “Esse tipo de coisa é
revoltante, pois ultrapassa nossa compreensão humana. Mas talvez
devamos amar o que não compreendemos.” O doutor, enfurecido, retrucou:
“Não, padre! Tenho uma ideia muito diferente do amor; e até o dia da
minha morte, me recusarei a amar um sistema em que crianças são
torturadas” (Albert Camus, The plague; New York: First Vintage
International Edition, 1991, p. 218).
Essa cena reflete o que temos visto no livro de Jó: respostas
superficiais e nada convincentes ao que não possui uma solução simples.
Assim como o médico da história acima, Jó também sabia que as respostas
dadas não correspondiam à realidade em questão. Portanto, eis o desafio:
como encontramos respostas que fazem sentido para o que, muitas vezes,
parece sem sentido? Nesta semana continuaremos nossa busca.
Na semana que vem terá início uma grande campanha evangelística. Será de 19 a 26 de novembro. Teremos mais de 4 mil pregadores espalhados em todo o Brasil.
Prepare seu coração e convide seus amigos!
DOMINGO - O protesto de Jó (Ano Bíblico: At 22, 23)
Elifaz, Bildade e Zofar tinham um argumento: Deus pune o
mal. Infelizmente, o argumento deles não se aplicava à situação de Jó. O
sofrimento de Jó não era um exemplo de castigo retributivo. Deus não o
estava punindo por seus pecados, como posteriormente Ele fez com Coré,
Datã e Abirão. Jó também não estava colhendo o que plantara, como muitas
vezes pode ser o caso. Nada disso! Jó era um homem justo; o próprio
Deus havia dito isso (Jó 1:8). Portanto, Jó não somente não merecia o
que havia lhe acontecido, ele sabia que não merecia aquilo. Foi isso que
tornou suas queixas tão fortes e amargas.
1. Leia Jó 10. Ao considerar as
circunstâncias de Jó, suas palavras ao Senhor faziam sentido? O que
estava errado e o que estava certo em seu discurso?
Aqueles que creem em Deus não fazem perguntas semelhantes
em momentos de grande tragédia? “Por que, Senhor, Tu tiveste o trabalho
de me criar?”, ou “Por que Tu estás fazendo isso comigo?” ou ainda “Não
teria sido melhor se eu nunca tivesse nascido do que ter sido criado e
agora enfrentar tudo isso?”
Além disso, o que tornava tudo mais difícil de compreender
era o fato de que Jó sabia da sua fidelidade a Deus. Ele clamou ao
Senhor: “Bem sabes Tu que eu não sou culpado; todavia, ninguém há que me
livre da Tua mão” (Jó 10:7).
Há uma ironia difícil nessa história: diferente do que
seus amigos diziam, Jó não estava sofrendo por causa de seu pecado. O
próprio livro revela o contrário: Jó estava sofrendo exatamente porque
ele era muito fiel. Os dois primeiros capítulos do livro defendem essa
ideia. Jó não tinha como saber que era essa a causa. E, mesmo que
tivesse, provavelmente isso teria aumentado sua frustração e amargura.
Por mais singular que seja a situação de Jó, ela é também
universal no sentido de que lida com o problema universal do sofrimento,
especialmente quando a dor parece tão desproporcional diante do mal que
alguém possa ter feito. Uma coisa é exceder o limite de velocidade e
receber uma multa; outra é fazer a mesma coisa com o objetivo de matar
alguém.
O que você pode dizer a alguém que acredita que está sofrendo injustamente?
Permaneça em oração pelo grande evangelismo e pelas pessoas que estão se preparando para o batismo.
SEGUNDA - Sangue inocente? (Ano Bíblico: At 24-26)
Muitas vezes ouvimos sobre o assunto do sofrimento de “inocentes”. A
Bíblia até mesmo utiliza a expressão “sangue inocente” (Is 59:7; Jr
22:17; Jl 3:19), geralmente no contexto de agressão ou até assassinato
de pessoas que não mereciam o que lhes aconteceu. Se utilizarmos essa
interpretação de “sangue inocente”, então, veremos que nosso mundo está
repleto de muitos exemplos disso.
Por outro lado, a Bíblia fala sobre a realidade da pecaminosidade e
corrupção humanas, o que levanta uma questão válida sobre o significado
do termo “inocente”. Se todos pecaram e transgrediram a lei de Deus,
quem de fato é inocente? Como disse alguém: “Sua certidão de nascimento
atesta sua culpa.”
Embora teólogos e estudiosos da Bíblia tenham debatido por séculos a
exata natureza da relação humana para com o pecado, a Bíblia deixa claro
que o pecado impactou toda a humanidade. O conceito da pecaminosidade
humana não se encontra apenas no Novo Testamento. Ao contrário, a
investigação do tema no Novo Testamento é uma expansão do que foi
escrito no Antigo Testamento.
2. O que os textos seguintes ensinam sobre a
realidade do pecado? 1Rs 8:46; Sl 51:5; Pv 20:9; Is 53:6; Rm 3:10-20.
Complete as lacunas de acordo com o conteúdo dos textos:
Esses textos nos ensinam que ___________________ nós _____________________ em pecado. Portanto, somos todos ___________________ e merecemos a _________________.
Esses textos nos ensinam que ___________________ nós _____________________ em pecado. Portanto, somos todos ___________________ e merecemos a _________________.
Além do claro testemunho das Escrituras, qualquer pessoa que tenha
conhecido o Senhor pessoalmente e tido um vislumbre da bondade e
santidade de Deus conhece a realidade da pecaminosidade humana. Nesse
sentido, quem dentre nós é verdadeiramente “inocente”? (Vamos
desconsiderar por enquanto a questão dos bebês e das crianças).
Por outro lado, não é bem essa a questão. Jó era um pecador. Nesse
sentido ele não era inocente, assim como seus filhos também não eram.
Contudo, o que ele havia feito, ou eles haviam feito, para merecer a
sorte que recaiu sobre eles? Não seria essa, talvez, a grande pergunta
da humanidade em relação ao sofrimento? Diferente dos “provérbios de
cinza” (Jó 13:12) de seus amigos, Jó sabia que não merecia o que lhe
estava acontecendo.
O amor e a santidade de Deus intensificam nosso senso de
pecaminosidade. Essa percepção nos ajuda a enxergar nossa absoluta
necessidade da cruz?
TERÇA - Destinos injustos (Ano Bíblico: At 27, 28)
3. Leia Jó 15:14-16. Que verdade Elifaz apresentou a Jó? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Todo sofrimento é fruto dos nossos pecados.
B. ( ) Não podemos esperar nada de Deus, pois Ele é justo, e nós, pecadores.
C. ( ) Todos os homens nascidos de mulher são pecadores, injustos e corruptos.
D. ( ) Deus perdoaria os pecados de Jó, se ele somente os confessasse.
Novamente Elifaz falou a verdade, assim como os outros amigos haviam
falado, dessa vez, porém, a respeito da pecaminosidade de todo ser
humano. O pecado é uma realidade universal da vida na Terra, assim como o
sofrimento.
E, como também sabemos, no fim das contas todo sofrimento é resultado do pecado. Além disso, não há dúvidas de que Deus pode usar o sofrimento para nos ensinar lições importantes. “Deus sempre tem provado Seu povo na fornalha da aflição. É no calor da fornalha que a escória se separa do verdadeiro ouro do caráter cristão” (Patriarcas e Profetas, p. 129).
E, como também sabemos, no fim das contas todo sofrimento é resultado do pecado. Além disso, não há dúvidas de que Deus pode usar o sofrimento para nos ensinar lições importantes. “Deus sempre tem provado Seu povo na fornalha da aflição. É no calor da fornalha que a escória se separa do verdadeiro ouro do caráter cristão” (Patriarcas e Profetas, p. 129).
Há, porém, um problema mais profundo com relação ao sofrimento. O que
dizer das vezes em que não vemos benefício algum como resultado do
sofrimento? E quanto ao sofrimento dos que não tiveram, em seu caráter, a
escória separada do ouro, pois foram mortos instantaneamente? O que
dizer dos que sofrem sem conhecer o Deus verdadeiro ou qualquer coisa a
Seu respeito? E as pessoas cujos sofrimentos apenas as tornaram amargas,
furiosas e revoltadas com Deus? Não podemos ignorar esses exemplos nem
tentar colocá-los numa fórmula simples. Fazer isso talvez nos tornasse
culpados dos mesmos erros cometidos pelos acusadores de Jó.
Independentemente das lições que Jó e seus acusadores pudessem
aprender, e da derrota que Satanás enfrentaria mediante a fidelidade de
Jó, o destino dessas outras pessoas certamente não parece justo. O fato é
que essas coisas não são justas, nem razoáveis ou corretas.
Enfrentamos desafios semelhantes hoje. Uma criança de seis anos morre
de câncer. Isso é justo? Uma universitária de vinte anos é tirada à
força de seu carro e abusada sexualmente. Isso é justo? Uma mulher de
trinta e cinco anos, mãe de três filhos, morre em um acidente
automobilístico. Isso é justo? O que dizer dos 19 mil japoneses mortos
no terremoto de 2011? Todos eles eram culpados de alguma coisa, para que
aquele terremoto fosse considerado uma punição justa? Se não, essas
mortes também não foram justas.
Essas são questões difíceis.
*Lembrete: Aproveite mais o estudo
da lição e envolva cada aluno na busca das respostas para as perguntas
de cada dia, com base nas respostas e atividades para a semana,
sugeridas no fim da lição de sexta-feira.
QUARTA - Basta a cada dia o seu mal (Ano Bíblico: Rm 1-4)
4. Pense no destino imediato das pessoas descritas nos versos a seguir. A vida foi justa com elas?
Jó 1:18-20
Gn 4:8
Êx 12:29, 30
2Sm 11:17
Jr 38:6
Mt 14:10
Hb 11:35-38
A Bíblia reflete uma realidade cruel a respeito da vida em nosso
mundo caído: o mal e o sofrimento são reais. Somente fazendo uma leitura
superficial da Palavra de Deus e tirando alguns textos do contexto,
poderíamos pensar que a vida aqui seja razoável, justa e boa, e que, se
apenas permanecermos fiéis a Deus, não teremos sofrimento. É evidente
que a fidelidade pode trazer muitas recompensas hoje, mas isso não quer
dizer que ela construa uma barreira completa para a dor e o sofrimento.
No Sermão do Monte, Jesus pregou uma mensagem poderosa, indicando por
que devemos confiar em Deus e não nos preocupar com o que comeremos,
beberemos ou vestiremos. Jesus utilizou exemplos da natureza como lições
objetivas sobre as razões pelas quais podemos confiar na bondade de
Deus para satisfazer nossas necessidades. Ele então acrescentou estas
famosas palavras: “Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã, porque o
dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6:34,
ARC).
Repare: basta a cada dia o seu mal. Jesus não estava negando a
presença do mal em nossa vida, mesmo a presença diária do mal (esse
termo vem de uma palavra grega cujo significado pode ser “maldade”,
“depravação” e “malignidade”). Na verdade, era o contrário. Jesus estava
reconhecendo o predomínio e a presença do mal em nosso dia a dia. Como
Cristo poderia não reconhecer isso? Como Senhor, Ele tinha muito mais
conhecimento sobre o mal no mundo do que qualquer um de nós poderia ter,
ainda que todos nós já conheçamos bem esse assunto.
Quem já não provou um pouco, ou muito, do quanto a vida pode ser
injusta e amarga? O fato de que Jesus reconheceu a realidade do mal pode
nos trazer conforto e força em meio à maldade deste mundo?
QUINTA - Fatos que não se veem (Ano Bíblico: Rm 5-7)
5. Leia Provérbios 3:5. Embora seja um texto comum,
que mensagem crucial ele tem para nós, principalmente no contexto do que
estamos estudando? Marque V para verdadeiro ou F para falso:
( ) Devemos descansar em Deus, pois Ele nos dará tudo que Lhe pedirmos.
( ) Devemos confiar totalmente em Deus e não nos apoiar no nosso próprio entendimento.
Embora o caso de Jó seja extremo, ele reflete a triste realidade do
sofrimento em nosso mundo caído. Não precisamos da história de Jó nem de
outras histórias da Bíblia para ver essa realidade. Nós a vemos ao
nosso redor. De fato, todos nós a vivemos até certo ponto.
“O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação.
Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece” (Jó
14:1, 2).
Portanto, a questão com a qual lutamos é: como explicarmos o
sofrimento, aquele que parece não fazer sentido para nós, no qual é
derramado sangue inocente?
Como os primeiros capítulos do livro de Jó revelam, e conforme o que a
Bíblia também mostra em outras partes, Satanás é um ser real e é a
causa, direta ou indireta, de tanto sofrimento. Como vimos anteriormente
neste trimestre (veja a lição dois), o conceito do grande conflito é
muito eficaz para nos ajudar a lidar com a realidade do mal em nosso
mundo.
No entanto, às vezes é difícil compreender por que algumas coisas
acontecem. Muitas vezes, as coisas simplesmente não fazem sentido. Em
momentos como esses, quando acontecem coisas que não entendemos,
precisamos aprender a confiar na bondade de Deus. Precisamos aprender a
confiar em Deus mesmo quando não podemos ver facilmente as respostas.
Mesmo quando não é possível ver coisas boas como resultado do mal e do
sofrimento ao nosso redor.
6. Hebreus 11:1 diz: “A fé é a certeza de coisas que
se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” A partir das coisas
que vemos, como podemos aprender a confiar em Deus sobre as coisas que
não vemos? Pelo que lemos do livro de Jó até agora, em que sentido Jó
aprendeu a fazer exatamente isso? Como podemos aprender a fazer o mesmo?
SEXTA - Estudo adicional (Ano Bíblico: Rm 8-10)
Albert Camus escreveu muitas coisas sobre sua luta para encontrar
respostas para a questão do sofrimento e o significado da vida que se
torna mais problemática por causa do sofrimento. Sua citação mais famosa
mostra que seu progresso foi pequeno: “Há apenas um problema filosófico
realmente sério: o suicídio. Julgar se vale a pena viver equivale a
responder a questão fundamental da filosofia” (The Myth of Sisyphus and
Other Essays [“O mito de Sísifo e outros ensaios”]; Nova York: Vintage
Books, 1995, p. 3). A questão do sofrimento humano não é fácil de
responder.
Há, porém, uma diferença crucial entre as pessoas que lutam sem Deus
para obter respostas e aquelas que o fazem com Deus. De fato, o problema
do sofrimento se torna mais difícil quando se acredita na existência de
Deus, devido aos problemas inevitáveis que a existência dEle traz em
face do mal e da dor. Por outro lado, temos o que ateus como Camus não
têm: a possibilidade e a perspectiva da resposta e da resolução. (Há
evidências de que Camus tivesse posteriormente desejado o batismo, porém
ele logo morreu em um acidente automobilístico). Temos a esperança de
que Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já
não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram” (Ap 21:4). Mesmo que alguém não acreditasse nessa promessa,
essa pessoa teria que admitir que, se não houvesse nada mais que isso, a
vida seria muito mais agradável por termos ao menos essa esperança.
Perguntas para reflexão
Um argumento que as pessoas apresentam a respeito da questão do mal é
este: “Sim, existe o mal neste mundo, mas também existe o bem, e o bem
supera o mal.” A primeira pergunta é: Como saber que o bem supera o mal?
Como fazer essa comparação? A segunda pergunta é: Mesmo que isso fosse
verdade, que proveito esse argumento teria para Jó (ou outras pessoas)
em meio ao seu sofrimento? O filósofo alemão Arthur Schopenhauer usou um
exemplo poderoso para ridicularizar a noção de equilíbrio entre o bem e
o mal neste mundo: “Dizem que o prazer neste mundo supera a dor; ou, em
todo o caso, que há um equilíbrio entre os dois. Caso o leitor deseje
descobrir, brevemente, se essa afirmação é verdadeira, compare os
respectivos sentimentos de dois animais, um dos quais esteja ocupado em
comer o outro.” Como você responderia à ideia de que o bem, de certa
forma, se equilibra com o mal?
Respostas e tarefas para a semana: 1.
Com uma semana de antecedência, peça que os alunos leiam o capítulo 10
de Jó, anotando os erros e acertos do discurso de Jó, e as lições para
nossa vida, ao lidarmos com sofrimentos inexplicáveis. 2. Todos – nascemos – pecadores – morte. 3. C. 4.
Conforme o tamanho de sua classe, com uma semana de antecedência,
distribua um ou dois textos para cada aluno, solicitando-lhes que
estudem as passagens. Na classe, peça que eles respondam: O que
aconteceu com seu personagem? Isso foi justo? 5. F; V. 6.
Peça que os alunos deem testemunhos pessoais sobre situações nas quais,
em meio aos problemas visíveis, eles encontraram motivos para confiar
no que não se vê. Valeu a pena ser fiéis ao Senhor?
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