Esboço da lição em Vídeo
VERSO
PARA MEMORIZAR:
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de
vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para
vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2:38, 39).
Leituras da Semana
At 2:5-21; 10:1-8, 23-48; Rm 2:14-16; At 10:9-22;
11:1-10; 15:1-35
Pedro foi o primeiro apóstolo a proclamar a
salvação aos gentios. Após a fundação da igreja, ele continuou a liderá-la por
vários anos, mesmo depois de Paulo ter se tornado o excelente missionário aos
gentios. Pedro e Paulo ajudaram a igreja primitiva e sua liderança, composta em
sua maior parte por judeus, a compreender a universalidade da grande comissão.
Pedro trabalhou para conseguir uma igreja integrada, unindo os conversos
gentios, que não tinham conhecimento dos detalhes mais específicos da cultura
judaica, e os conversos judeus, cujos costumes tendiam a assumir a condição de
absolutos divinos. Como todos os missionários pioneiros, Pedro teve que fazer
distinção entre os absolutos divinos imutáveis e as práticas culturais e
relativas, sem importância significativa na vida do cristão, fosse judeu ou
gentio. Assim, foi Pedro que, no Concílio de Jerusalém, declarou, a respeito
dos gentios, que Deus “não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles,
purificando-lhes pela fé o coração” (At 15:9); foi ele, também, que ajudou a
resolver as questões que ameaçavam a unidade da igreja primitiva.
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Domingo. Pedro
no Pentecostes
As últimas palavras de Jesus, antes de Sua ascensão,
foram de natureza missionária: “Sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra” (At 1:8). Vemos,
novamente, a ordem de levar o evangelho a todo o mundo. Somente 50 dias depois
esse chamado começou a se cumprir, e Pedro teve um papel fundamental nesse
cumprimento.
1.
Leia Atos 2:5-21. Como esse acontecimento mostra a intenção de Deus no sentido
de que o evangelho fosse a todo o mundo, e também o papel que os judeus deviam
ter nessa proclamação?
A grande comissão se cumpriu no dia de Pentecostes. O derramamento do Espírito
Santo tinha como objetivo a evangelização do mundo. Esse derramamento inicial
do Espírito produziu grandes resultados nesse dia. Contudo, isso foi apenas um
prenúncio dos resultados muito maiores que viriam nos anos seguintes.
O sermão de Pedro continha alguns pontos importantes que têm relevância até
hoje:
Primeiro: As profecias e promessas do Antigo Testamento são cumpridas em Cristo
(At 2:17-21), uma verdade revelada através das poderosas obras e sinais que
acompanharam Seu ministério, bem como por intermédio de Sua morte e
ressurreição (v. 22-24).
Segundo: Jesus foi exaltado, colocado à direita de Deus, e agora é o Cristo
(Messias) e Senhor de todos (v. 33-36). NEle, todos os que se arrependem e são
batizados recebem o perdão dos pecados (v. 38, 39).
Vemos o ativo e falante discípulo Pedro defendendo sua crença em Jesus. Ele foi
chamado por Cristo para ser um líder forte nos primeiros dias da igreja. Embora
conhecesse menos lugares, fosse menos eficiente e menos adaptável a outras
culturas e religiões do que o apóstolo Paulo (Gl 2:11-14), Pedro abriu caminho
para que o evangelho chegasse a 15 nações quando pregou aos judeus da diáspora
que estavam em Jerusalém. Dessa forma, usou uma ponte muito importante para
levar as boas-novas à região do mundo que, em sua época, constituía o Oriente
Médio.
O que a história do Pentecostes revela sobre nossa
completa necessidade do Espírito Santo na vida? Que escolhas podemos fazer para
estar mais sintonizados com a direção do Espírito?
Segunda. A conversão de Cornélio – parte 1
2.
Leia Atos 10:1-8, 23-48. O que a história desse gentio que se tornou seguidor
de Jesus ensina sobre salvação e testemunho?
A conversão de Cornélio, um pagão, oficial do
exército romano, tem sido denominada o Pentecostes gentio. Essa história é
fundamental no livro de Atos, pois aborda o assunto que mais causou divisão na
igreja primitiva: Pode um pagão se tornar cristão sem primeiro se tornar judeu?
O quartel-general do exército romano para toda a Judeia, incluindo Jerusalém,
era Cesareia. Cornélio teria sido um dos seis centuriões que comandavam os 600
soldados pertencentes à coorte* italiana que tinha sua base ali. Seu nome
indicava ser ele descendente de uma ilustre família militar romana da qual, no
passado, viera o comandante Públio Cornélio Cipião Africano, que em 202 a.C.
havia derrotado Aníbal, general cartaginês que causara muitos problemas a Roma
durante anos. Mais importante ainda: Cornélio era um homem temente a Deus, que
desfrutava de comunhão espiritual com sua família, orava regularmente e era
generoso para com os necessitados. Deus ouviu suas orações e enviou um anjo com
uma mensagem especial para ele.
“Crendo em Deus como criador do Céu e da Terra, Cornélio O reverenciava,
reconhecia Sua autoridade e procurava Seu conselho em todos os negócios da
vida. Era fiel a Jeová em sua vida doméstica e em seus deveres oficiais.
Erguera em seu lar o altar de Deus, pois não ousava efetuar seus planos nem
encarar suas responsabilidades sem o auxílio divino” (Ellen G. White, Atos dos
Apóstolos, p. 133).
Note, igualmente, o que aconteceu quando Cornélio finalmente encontrou Pedro:
ele se curvou e o adorou, um ato que deve ter deixado Pedro horrorizado. Assim,
o que podemos ver é que esse gentio, favorecido por Deus, um homem devoto,
ainda tinha muitas verdades a aprender, até mesmo no nível mais básico; sem
dúvida, porém, ele estava prestes a adquirir esse conhecimento.
*Cada legião do exército romano era formada por 10
unidades chamadas coortes
Apesar da falta de conhecimento de Cornélio, quais
características dele fariam muito bem à nossa vida espiritual e ao nosso
trabalho para alcançar pessoas?
Terça. A
conversão de Cornélio – parte 2
“Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por
verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer
nação, aquele que O teme e faz o que é justo Lhe é aceitável” (At 10:34, 35).
Embora essas palavras, para nós, não sejam tão revolucionárias, vindas de Pedro
elas constituíram uma confissão surpreendente. Temos que nos lembrar de quem
era Pedro, sua origem e suas atitudes, com as quais ainda lutava. (Ver Gl
2:11-16.) Porém, sem dúvida, sua experiência com Cornélio o ajudou a ver, ainda
mais claramente, o erro de seu comportamento, e a ter uma visão melhor do que
Deus pretendia fazer com a mensagem do evangelho.
3. Leia Atos 10:33. Quais palavras de Cornélio a
Pedro demonstram que, apesar de sua falta de conhecimento, ele entendia que
seguir ao Senhor também significava obedecer-Lhe?
4. Leia Atos 11:14. Por que devemos levar o
evangelho até mesmo para pessoas piedosas como Cornélio?
5. De que forma Romanos 2:14-16 nos ajuda a
entender o que estava acontecendo com Cornélio?
Como vimos, Cornélio era um gentio “temente a Deus”
(At 10:2), embora ainda tivesse muito a aprender, como ocorre com todos nós.
Contudo, seus jejuns, orações e esmolas revelavam um coração aberto ao Senhor;
assim, quando chegou o tempo certo, Deus atuou maravilhosamente em sua vida.
Um importante ponto a ser lembrado nesse relato é que, embora o anjo tivesse
aparecido a Cornélio, não pregou o evangelho a ele. Em vez disso, o anjo abriu
caminho para que Cornélio se encontrasse com Pedro, que, então, lhe falou sobre
Jesus (At 10:34-44). Podemos ver aqui um exemplo de como o Senhor usa os seres
humanos como Seus mensageiros neste mundo.
Quarta. A visão de Pedro
Como vimos ontem, quando Pedro fez contato com
Cornélio, teve uma mudança de atitude e opinião a respeito dos gentios que outros
cristãos judeus ainda não haviam alcançado (At 10:44, 45). O que aconteceu que
mudou a conduta de Pedro?
6.
Leia Atos 10:9-22 e 11:1-10. As atitudes erradas de Pedro prejudicavam o
cumprimento da missão? Por que foi preciso uma experiência sobrenatural para
que a mente de Pedro se abrisse?
A conversão de Cornélio e o papel de Pedro na
tarefa de testemunhar foram tão importantes para a missão da igreja que Deus Se
comunicou de maneira sobrenatural, tanto com o missionário quanto com aquele
que viria a ser seu anfitrião: enquanto o anjo visitava Cornélio, foi dada uma
visão a Pedro.
Além disso, Pedro ficou em Jope, na casa de um curtidor (At 9:43; 10:6, 32), um
detalhe que não podemos passar por alto. O curtimento e os curtidores eram
repulsivos aos judeus, uma vez que lidavam com animais mortos e usavam
excrementos no processo. Os curtumes não eram permitidos nas cidades; notem que
o de Simão ficava localizado “à beira-mar” (At 10:6).
A estada de Pedro com um curtidor indicava que, mesmo antes de sua visão, ele
já havia percebido que algumas de suas atitudes passadas estavam em desacordo
com o evangelho. Tanto Pedro quanto a família de Cornélio precisavam se livrar
de parte de sua bagagem cultural. Todas as pessoas, representadas por todos os
tipos de animais na visão de Pedro, eram filhas de Deus.
O chamado de Pedro para testemunhar a Cornélio implicava que, embora todas as
pessoas sejam aceitáveis a Deus, nem todas as religiões são igualmente
aceitáveis. Cornélio já era homem “religioso”, como quase todas as pessoas na
sociedade antiga. Como soldado, ele devia estar familiarizado com a adoração a
Mitra, e como oficial já devia ter tomado parte no culto ao imperador. Mas
essas coisas não eram aceitáveis a Deus.
Encontramos nesse ponto uma lição para os que abordam as religiões não cristãs
em base de igualdade com o cristianismo. Embora isso às vezes seja feito no
espírito do que é politicamente correto, tal atitude leva a uma diminuição da
importância das reivindicações bíblicas a respeito da singularidade e da
supremacia cristãs.
Como podemos mostrar respeito pelas pessoas cuja fé
cremos estar errada sem dar a impressão de que aceitamos suas crenças? Qual é a
diferença entre respeitar as pessoas e honrar suas crenças?
Quinta. O
decreto de Jerusalém
O sucesso inicial da missão em favor dos gentios
levantou a questão crucial para a igreja primitiva em relação ao fato de os
gentios se tornarem crentes em Jesus, uma crença que os enxertava na religião
bíblica (Rm 11:17). Sempre aparecem tensões quando pessoas de outras religiões
e culturas se unem a uma comunidade estabelecida de crentes. Nesse caso,
cristãos judeus, com sua elevada consideração pelas exigências das leis e
rituais do Antigo Testamento, presumiram que os conversos gentios aceitariam e
seguiriam essas leis e rituais. O foco principal era a circuncisão, o sinal
fundamental de entrada na comunidade judaica para as pessoas do sexo masculino,
que simbolizava a conformidade com todas as exigências do judaísmo. Devia-se
exigir que os gentios que se convertiam ao cristianismo se submetessem à circuncisão?
Alguns cristãos da Judeia certamente achavam que sim, e declararam sua
convicção em rigorosa linguagem teológica: para eles, isso era essencial para a
salvação.
7.
O que aconteceu no Concílio de Jerusalém que ajudou a resolver essa importante questão?
At 15:1-35
Embora a questão da circuncisão fosse a principal razão para o Concílio de
Jerusalém, ele tratou de várias práticas culturais que o evangelho não requeria
de seus conversos. O decreto do concílio (v. 23-29) proporcionou uma plataforma
comum, onde cristãos judeus e gentios podiam coexistir em companheirismo. Os
valores centrais do judaísmo foram respeitados, mas foi permitido aos gentios
que evitassem a circuncisão. A decisão do concílio foi não só prática, mas
teológica. Estabelecia um padrão para que a igreja lidasse com as questões e os
problemas, antes que causassem divisão. Missionários experientes aprendem a
identificar as questões centrais da fé cristã e a manter o foco nelas, em vez
de ficar presos a coisas que não são essenciais à fé.
Que lição podemos extrair do Concílio de Jerusalém
que poderia ajuda a igreja hoje a lidar com assuntos controvertidos? O que eles
fizeram que serve de modelo para nós?
Sexta. Estudo adicional
Leia, de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 188-200: “Judeus e Gentios”.
“Pedro falou de seu assombro quando, ao transmitir as palavras da verdade
àquela assembleia na casa de Cornélio, testemunhou que o Espírito Santo Se
havia apossado de seus ouvintes, tanto gentios como judeus. A mesma luz e
glória que se refletira sobre os judeus circuncidados, brilhou igualmente na
face dos incircuncisos gentios. Isso era uma advertência de Deus a Pedro para
que não considerasse pessoa alguma inferior a outra, porque o sangue de Cristo
pode limpar de toda a imundícia. [...]
“O discurso de Pedro levou a assembleia ao ponto de poderem ouvir com paciência
a Paulo e a Barnabé, que relataram suas experiências na obra pelos gentios”
(Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 193, 194).
Perguntas para reflexão
1. A visão de Pedro tem sido explicada de maneira a
apoiar o argumento de que as leis dietéticas do Antigo Testamento não mais são
válidas – como justificativa para se comer carnes imundas. O significado da
visão foi claramente explicado pelo próprio Pedro: “Deus me demonstrou que a
nenhum homem considerasse comum ou imundo” (At 10:28). Portanto, a visão não
foi sobre alimentação, mas sobre aceitação de outros seres humanos como filhos
de Deus, não importando a etnia, nacionalidade, ocupação ou religião. Porém,
por que as pessoas usam a visão como argumento na questão da dieta? Que cuidado
devemos ter ao lidar com as Escrituras?
2. Leia Romanos 2:14-16. De que maneira devemos considerar essa ideia em termos
de missões? Se aqueles que não têm a lei escrita a têm gravada no coração, por
que precisamos pregar a eles?
3. O Concílio de Jerusalém foi um modelo para a igreja hoje (At 15:1-35). Quais
são algumas das coisas específicas desse concílio que constituem um modelo? Por
exemplo, procure coisas como: (1) testemunhos pessoais sobre a obra
missionária; (2) o papel do evangelho; (3) o papel das Escrituras; (4) o papel
das missões; e (5) a maneira pela qual as pessoas se relacionaram no concílio.
Respostas sugestivas: 1. O derramamento do Espírito se
manifestou por meio do dom de línguas, que não teria sentido se o evangelho não
devesse ir a outras nações. Já que os primeiros discípulos de Cristo eram
judeus, eles constituíam o
núcleo que devia levar avante essa obra. 2. Que todas as pessoas são candidatas
a receber salvação e que, portanto, devemos testemunhar a todos. 3. Ele disse
que todos estavam ali prontos para ouvir tudo o que Deus havia ordenado a
Pedro.
4. O anjo falou a Cornélio que Pedro lhe diria palavras mediante as quais ele e
sua casa seriam salvos, o que significa que, mesmo sendo piedoso, Cornélio
ainda precisava conhecer a salvação. 5. Cornélio, mesmo antes de conhecer a
salvação em Jesus, agia em conformidade com a lei gravada em seu coração,
mostrando que era sensível à atuação do Espírito Santo. 6. Seu preconceito
estava tão arraigado que Deus lhe deu uma visão chocante para que sua mente se
abrisse. O Espírito Santo teve que lhe ordenar que fosse à casa de um gentio,
porque isso era proibido segundo os padrões judaicos. 7. Foi tomada a decisão
de que a observância da circuncisão e outras práticas específicas da nação
judaica não deviam ser impostas aos gentios, enquanto foi mantida a observância
dos princípios bíblicos universais.
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Pedro trabalhou para conseguir uma igreja integrada, unindo os conversos gentios, que não tinham conhecimento dos detalhes mais específicos da cultura judaica, e os conversos judeus, cujos costumes tendiam a assumir a condição de absolutos divinos. Como todos os missionários pioneiros, Pedro teve que fazer distinção entre os absolutos divinos imutáveis e as práticas culturais e relativas, sem importância significativa na vida do cristão, fosse judeu ou gentio. Assim, foi Pedro que, no Concílio de Jerusalém, declarou, a respeito dos gentios, que Deus “não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração” (At 15:9); foi ele, também, que ajudou a resolver as questões que ameaçavam a unidade da igreja primitiva.
A grande comissão se cumpriu no dia de Pentecostes. O derramamento do Espírito Santo tinha como objetivo a evangelização do mundo. Esse derramamento inicial do Espírito produziu grandes resultados nesse dia. Contudo, isso foi apenas um prenúncio dos resultados muito maiores que viriam nos anos seguintes.
O sermão de Pedro continha alguns pontos importantes que têm relevância até hoje:
Primeiro: As profecias e promessas do Antigo Testamento são cumpridas em Cristo (At 2:17-21), uma verdade revelada através das poderosas obras e sinais que acompanharam Seu ministério, bem como por intermédio de Sua morte e ressurreição (v. 22-24).
Segundo: Jesus foi exaltado, colocado à direita de Deus, e agora é o Cristo (Messias) e Senhor de todos (v. 33-36). NEle, todos os que se arrependem e são batizados recebem o perdão dos pecados (v. 38, 39).
Vemos o ativo e falante discípulo Pedro defendendo sua crença em Jesus. Ele foi chamado por Cristo para ser um líder forte nos primeiros dias da igreja. Embora conhecesse menos lugares, fosse menos eficiente e menos adaptável a outras culturas e religiões do que o apóstolo Paulo (Gl 2:11-14), Pedro abriu caminho para que o evangelho chegasse a 15 nações quando pregou aos judeus da diáspora que estavam em Jerusalém. Dessa forma, usou uma ponte muito importante para levar as boas-novas à região do mundo que, em sua época, constituía o Oriente Médio.
O quartel-general do exército romano para toda a Judeia, incluindo Jerusalém, era Cesareia. Cornélio teria sido um dos seis centuriões que comandavam os 600 soldados pertencentes à coorte* italiana que tinha sua base ali. Seu nome indicava ser ele descendente de uma ilustre família militar romana da qual, no passado, viera o comandante Públio Cornélio Cipião Africano, que em 202 a.C. havia derrotado Aníbal, general cartaginês que causara muitos problemas a Roma durante anos. Mais importante ainda: Cornélio era um homem temente a Deus, que desfrutava de comunhão espiritual com sua família, orava regularmente e era generoso para com os necessitados. Deus ouviu suas orações e enviou um anjo com uma mensagem especial para ele.
“Crendo em Deus como criador do Céu e da Terra, Cornélio O reverenciava, reconhecia Sua autoridade e procurava Seu conselho em todos os negócios da vida. Era fiel a Jeová em sua vida doméstica e em seus deveres oficiais. Erguera em seu lar o altar de Deus, pois não ousava efetuar seus planos nem encarar suas responsabilidades sem o auxílio divino” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 133).
Note, igualmente, o que aconteceu quando Cornélio finalmente encontrou Pedro: ele se curvou e o adorou, um ato que deve ter deixado Pedro horrorizado. Assim, o que podemos ver é que esse gentio, favorecido por Deus, um homem devoto, ainda tinha muitas verdades a aprender, até mesmo no nível mais básico; sem dúvida, porém, ele estava prestes a adquirir esse conhecimento.
Um importante ponto a ser lembrado nesse relato é que, embora o anjo tivesse aparecido a Cornélio, não pregou o evangelho a ele. Em vez disso, o anjo abriu caminho para que Cornélio se encontrasse com Pedro, que, então, lhe falou sobre Jesus (At 10:34-44). Podemos ver aqui um exemplo de como o Senhor usa os seres humanos como Seus mensageiros neste mundo.
Além disso, Pedro ficou em Jope, na casa de um curtidor (At 9:43; 10:6, 32), um detalhe que não podemos passar por alto. O curtimento e os curtidores eram repulsivos aos judeus, uma vez que lidavam com animais mortos e usavam excrementos no processo. Os curtumes não eram permitidos nas cidades; notem que o de Simão ficava localizado “à beira-mar” (At 10:6).
A estada de Pedro com um curtidor indicava que, mesmo antes de sua visão, ele já havia percebido que algumas de suas atitudes passadas estavam em desacordo com o evangelho. Tanto Pedro quanto a família de Cornélio precisavam se livrar de parte de sua bagagem cultural. Todas as pessoas, representadas por todos os tipos de animais na visão de Pedro, eram filhas de Deus.
O chamado de Pedro para testemunhar a Cornélio implicava que, embora todas as pessoas sejam aceitáveis a Deus, nem todas as religiões são igualmente aceitáveis. Cornélio já era homem “religioso”, como quase todas as pessoas na sociedade antiga. Como soldado, ele devia estar familiarizado com a adoração a Mitra, e como oficial já devia ter tomado parte no culto ao imperador. Mas essas coisas não eram aceitáveis a Deus.
Encontramos nesse ponto uma lição para os que abordam as religiões não cristãs em base de igualdade com o cristianismo. Embora isso às vezes seja feito no espírito do que é politicamente correto, tal atitude leva a uma diminuição da importância das reivindicações bíblicas a respeito da singularidade e da supremacia cristãs.
Embora a questão da circuncisão fosse a principal razão para o Concílio de Jerusalém, ele tratou de várias práticas culturais que o evangelho não requeria de seus conversos. O decreto do concílio (v. 23-29) proporcionou uma plataforma comum, onde cristãos judeus e gentios podiam coexistir em companheirismo. Os valores centrais do judaísmo foram respeitados, mas foi permitido aos gentios que evitassem a circuncisão. A decisão do concílio foi não só prática, mas teológica. Estabelecia um padrão para que a igreja lidasse com as questões e os problemas, antes que causassem divisão. Missionários experientes aprendem a identificar as questões centrais da fé cristã e a manter o foco nelas, em vez de ficar presos a coisas que não são essenciais à fé.
Leia, de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 188-200: “Judeus e Gentios”.
“Pedro falou de seu assombro quando, ao transmitir as palavras da verdade àquela assembleia na casa de Cornélio, testemunhou que o Espírito Santo Se havia apossado de seus ouvintes, tanto gentios como judeus. A mesma luz e glória que se refletira sobre os judeus circuncidados, brilhou igualmente na face dos incircuncisos gentios. Isso era uma advertência de Deus a Pedro para que não considerasse pessoa alguma inferior a outra, porque o sangue de Cristo pode limpar de toda a imundícia. [...]
“O discurso de Pedro levou a assembleia ao ponto de poderem ouvir com paciência a Paulo e a Barnabé, que relataram suas experiências na obra pelos gentios” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 193, 194).
2. Leia Romanos 2:14-16. De que maneira devemos considerar essa ideia em termos de missões? Se aqueles que não têm a lei escrita a têm gravada no coração, por que precisamos pregar a eles?
3. O Concílio de Jerusalém foi um modelo para a igreja hoje (At 15:1-35). Quais são algumas das coisas específicas desse concílio que constituem um modelo? Por exemplo, procure coisas como: (1) testemunhos pessoais sobre a obra missionária; (2) o papel do evangelho; (3) o papel das Escrituras; (4) o papel das missões; e (5) a maneira pela qual as pessoas se relacionaram no concílio.
núcleo que devia levar avante essa obra. 2. Que todas as pessoas são candidatas a receber salvação e que, portanto, devemos testemunhar a todos. 3. Ele disse que todos estavam ali prontos para ouvir tudo o que Deus havia ordenado a Pedro.
4. O anjo falou a Cornélio que Pedro lhe diria palavras mediante as quais ele e sua casa seriam salvos, o que significa que, mesmo sendo piedoso, Cornélio ainda precisava conhecer a salvação. 5. Cornélio, mesmo antes de conhecer a salvação em Jesus, agia em conformidade com a lei gravada em seu coração, mostrando que era sensível à atuação do Espírito Santo. 6. Seu preconceito estava tão arraigado que Deus lhe deu uma visão chocante para que sua mente se abrisse. O Espírito Santo teve que lhe ordenar que fosse à casa de um gentio, porque isso era proibido segundo os padrões judaicos. 7. Foi tomada a decisão de que a observância da circuncisão e outras práticas específicas da nação judaica não deviam ser impostas aos gentios, enquanto foi mantida a observância dos princípios bíblicos universais.
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