VERSO PARA MEMORIZAR:
“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte.” (Pv 14:12).
Leituras da Semana:Pv 14; Dn 7:25; Mc 12:30, 31; Pv 15:3; Is 5:20; Pv 15;
Mt 20:26-28
Como Paulo disse, “vemos como em espelho, obscuramente” (1Co 13:12). Vemos tão pouco, e o que vemos sempre vem filtrado pela nossa própria mente. Nossos olhos e ouvidos, e, na verdade, todos os nossos sentidos, nos dão apenas uma visão estreita do que está fora.
Além disso, podemos nos enganar não só com respeito ao mundo externo, mas também com respeito a nós mesmos. Nossos sonhos, nossos pontos de vista e nossas opiniões podem nos dar imagens muito distorcidas de quem realmente somos e, de todos os enganos, este pode ser, de longe, o pior.
O que podemos fazer, então, para nos proteger desses enganos? O livro de Provérbios nos fornece conselhos básicos. Não devemos confiar em nós mesmos, como o néscio faz. Ao contrário, devemos confiar no Senhor, que controla o rumo dos acontecimentos mesmo quando tudo parece estar dando errado. Em resumo, precisamos viver pela fé e não meramente pelo que vemos, porque nossa visão pode ser extremamente enganosa, mostrando apenas pequena parte do que é real, e, o que é ainda pior, distorcendo o que nos mostra.
DOMINGO – A CERTEZA DO INSENSATO
1. Leia Provérbios 14. O que o capítulo diz sobre o insensato?
O insensato fala com soberba (Pv 14:3). A primeira descrição do insensato trata de suas palavras orgulhosas. A imagem da vara associada aos lábios do insensato subentende seu eventual castigo. Suas palavras orgulhosas trazem como consequência uma pancada em seus lábios, um resultado que contrasta com os lábios do sábio, que são preservados (ver também Daniel 7:8).
O insensato zomba da sabedoria (Pv 14:6-9). Embora pareça procurá-la, na verdade não acredita nela e é cético a seu respeito. Não a encontrará porque, em sua mente, não existe sabedoria fora dele mesmo. Sua atitude com relação à transgressão da lei é terrível. O que poderia ser mais mortal do que zombar da ideia do pecado?
O insensato é crédulo (Pv 14:15). Paradoxalmente, enquanto ele zomba dos idealistas que ainda acreditam nos valores defendidos pela sabedoria, já perdeu a capacidade de pensar de maneira crítica a respeito do que ouve; dá crédito a “toda
palavra”. A ironia dessa situação atinge o âmago da sociedade secular. As pessoas céticas zombam de Deus e da religião, afirmando que essas crenças são para crianças e velhos, mas eles mesmos muitas vezes creem em algumas das coisas mais tolas, como o surgimento da vida na Terra por puro acaso.
O insensato é impulsivo (Pv 14:16, 29). Pelo fato de crer que tem a verdade dentro de si mesmo, não tira tempo para pensar. Sua reação é rápida e ditada, em grande parte, pelo impulso.
O insensato oprime os outros (Pv 14:21, 31). Os mecanismos da opressão e da intolerância são sugeridos pela psicologia do insensato. Ele é intolerante para com outros e os trata com desprezo (ver Dn 7:25; 8:11, 12).
É fácil ver as características do insensato nos outros, mas o que dizer de nós mesmos? Você precisa
reconhecer alguma dessas falhas de caráter e então buscar a graça de Deus para vencê-la? Em caso afirmativo, qual delas?
SEGUNDA-FEIRA – O TEMOR DOS SÁBIOS
2. O que o capítulo 14 de Provérbios diz sobre os sábios?
Os sábios falam com humildade (Pv 14:3). Eles restringem o uso de seus lábios. Sua reflexão silenciosa é motivada pela ausência de uma autoconfiança arrogante.Para eles, a outra pessoa pode estar certa; portanto, tiram tempo para refletir
e para pesar as evidências. Também ficam em silêncio porque estão ouvindo, prontos a aprender com os outros.
Os sábios valorizam o aprendizado e o conhecimento (Pv 14:6, 18). O insensato tem dificuldade para aprender, porque para ele é difícil sentar-se aos pés de um professor; em contraste, os sábios têm facilidade para aprender por causa de sua humildade. Dessa forma, apreciam a experiência de aprender e de crescer. De igual modo é essa busca da sabedoria, essa busca por algo que não possuem, que os torna sábios.
Os sábios são cautelosos (Pv 14:15). Sabem que o pecado e o mal existem. Portanto, tomam cuidado com os lugares por onde andam. Não confiam em seus sentimentos e opiniões pessoais; examinam as coisas e pedem conselho. Contudo, sempre têm cuidado com o que as pessoas lhes dizem e separam o que é bom do que é mau (1Ts 5:21).
Os sábios são calmos (Pv 14:29, 33). Podem ficar tranquilos porque não confiam em seus “próprios caminhos” (Pv 14:14), mas dependem do alto. É sua fé em Deus que lhes permite relaxar e exercer o autocontrole (Is 30:15). É o temor de Deus que lhes dá confiança (Pv 14:26).
Os sábios são compassivos e sensíveis (Pv 14:21, 31). Os dois mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus” e “Amarás ao próximo como a ti mesmo” estão ligados (Mt 12:30, 31). Não podemos amar a Deus e ao mesmo tempo tratar mal as outras pessoas. A maior expressão de nossa fé é nossa maneira de tratar os outros, especialmente os que estão em necessidade.
“Não reconhecemos quantos de nós andam por vista e não por fé. Cremos nas coisas que se veem, mas não apreciamos as preciosas promessas a nós dadas em Sua Palavra” (Ellen G. White, Nossa Alta Vocação [MM 1962], p. 85. O que significa andar pela fé e não pela vista? E como devemos fazer isso?
TERÇA – “OS OLHOS DO SENHOR”
3. “Os olhos do Senhor estão em toda parte, observando atentamente os maus e os bons” (Pv 15:3). Como você se sente diante dessa afirmação? Por quê?
Nos dois capítulos seguintes de Provérbios muda o tom da narrativa. Esses capítulos são mais teológicos do que os anteriores. O Senhor é mencionado mais vezes do que nos provérbios precedentes. Também nos é dito algo surpreendente
sobre Ele: que Seus olhos estão em toda parte (Pv 15:3).
Essa aguçada consciência da presença do Senhor é precisamente o que os antigos israelitas chamavam de “o temor do Senhor”. Essa mesma associação é encontrada nos Salmos: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que O temem” (Sl 33:18). Semelhantemente, Jó descreveu a Deus como Aquele que vê até as extremidades da Terra e vê tudo o que acontece debaixo dos céus (Jó 28:24). Por causa disso, Jó concluiu que “o temor do Senhor é a sabedoria” (Jó 28:28).
Esse provérbio nos faz lembrar da capacidade que Deus tem de enxergar o bem e o mal, não importa onde estejam. Como Salomão compreendeu (1Rs 3:9), a verdadeira sabedoria é a capacidade de discernir entre o bem e o mal. No nível humano, essa espécie de consciência deve nos ajudar a lembrar sempre de fazer o bem e nunca o mal, pois Deus vê tudo o que fazemos, mesmo que ninguém mais veja. Enganamos a nós mesmos ao pensar que, pelo fato de conseguirmos fazer o mal e nos dar bem, realmente escapamos. A longo prazo a consequência virá.
Portanto, sejamos cuidadosos, pois “não há criatura que não seja manifesta na presença de Deus; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos dAquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4:13).
Leia Provérbios 15:3, Isaías 5:20 e Hebreus 5:14. Que mensagem esses versos têm para nós, já que as pessoas afirmam que o bem e o mal são relativos, ou que são simplesmente ideias humanas que não têm existência objetiva à parte da definição que lhes damos? O que há de errado com essa noção de bem e mal, e por que é tão perigoso adotá-la?
QUARTA – A ALEGRIA DO SENHOR
4. Leia Provérbios 15. Por que a alegria é uma possessão humana tão importante?
A Bíblia não nos promete uma vida sem provações. Como o próprio Jesus disse: “Basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6:34). Provérbios 15:15 explica que, em meio aos dias maus, aquele que conserva o coração alegre estará muito melhor. A dor,
o sofrimento e as provações virão e, muitas vezes, não podemos controlar o como nem o quando. O que podemos controlar, pelo menos em certo grau, é como escolheremos reagir.
5. Leia Provérbios 15:13, 14, 23. Qual é a parte de Deus nessa alegria?
Embora o texto bíblico não mencione explicitamente a razão para a alegria, a ideia paralela entre os versos 13 e 14 sugere que o “coração alegre” é o “coração sábio”. É o coração daquele que tem fé, que olha além da provação imediata e vê a
redenção. É por isso que a fé em Deus é tão importante; e é tão importante conhecermos por experiência própria a realidade de Deus e Seu amor. Então, sejam quais forem as provas que vierem, sejam quais forem os sofrimentos que enfrentarmos,
os que tiverem coração sábio poderão resistir, porque conhecem por si mesmos o amor de Deus.
Provérbios 15:23 nos traz outra ideia importante. A alegria vem mais pelo que damos do que pelo que recebemos. É a boa palavra compartilhada que trará alegria ao doador. Quem já não experimentou as bênçãos que advêm de abençoarmos outros, seja com palavras, com atos ou com ambos? Como já vimos em Provérbios, nossas palavras são poderosas. Elas podem fazer grande bem ou grande mal. E como é bom quando elas fazem grande bem, não só para aquele que é beneficiado, mas também para o que beneficia!
Quão bem você conhece, por si mesmo, o amor de Deus? Que coisas você poderia fazer para ajudar seu coração a se abrir para essa importante verdade? Pense em quão melhor seria a vida se você conhecesse a realidade do amor de Deus.
QUINTA – A SOBERANIA DE DEUS
Todos nós sonhamos e fazemos planos, mas ocasionalmente as coisas tomam um rumo diferente, às vezes para melhor, às vezes para pior. A Bíblia reconhece o valor da responsabilidade e da liberdade humana. Contudo, ela afirma também o controle de Deus sobre o rumo dos acontecimentos (ver Provérbios 20:24 e 21:31, e Daniel 2 e 7).
6. O que diz Provérbios 16:1? Como devemos entender essa passagem?
Fazemos preparativos e planos, mas a última palavra ainda pertence a Deus. Isso não significa que nossos preparativos são inúteis. Mas, na vida de fé, se simplesmente submetermos nossos planos a Deus, Ele trabalhará com eles, nossos planos serão dirigidos (Pv 16:9) e, finalmente, estabelecidos por Ele (Pv 16:3). Até a ação de nossos inimigos será usada em nosso favor (Pv 16:4, 7).
Embora não seja fácil nos apropriarmos dessas ideias, especialmente quando enfrentamos situações difíceis, elas devem nos trazer conforto e nos ajudar a aprender a confiar em Deus, mesmo quando as coisas parecem estar indo muito mal, e quando nossos planos não acontecem como havíamos esperado. O ponto-chave para nós é aprendermos a entregar tudo a Deus; se fizermos isso, poderemos estar seguros de Sua direção, mesmo nos momentos mais probantes.
7. Leia Provérbios 16:18, 19. Qual é o lugar da ambição no sucesso humano?
Como sempre, a Bíblia adverte contra o orgulho. Afinal de contas, como seres caídos, o que temos de que possamos nos orgulhar? Que vício é mais contrário a Deus do que o orgulho, o pecado original? (Ez 28:17.) Jesus ensinou enfaticamente
sobre a iniquidade de se buscar a grandeza, e exortou Seus discípulos a buscar, em vez disso, a humildade (Mt 20:26-28).
8. Leia Provérbios 16:33. Qual é o lugar do acaso no sucesso humano?
A Bíblia não dá margem para a casualidade, pois mesmo quando a pessoa acha que o rumo dos acontecimentos é ditado pelo acaso, podemos crer que Deus ainda está no controle.
Ao procurarmos compreender por que as coisas acontecem, como a realidade do grande conflito nos ajuda a lidar com algumas questões difíceis sobre o porquê de as coisas acontecerem do jeito que acontecem?
SEXTA – ESTUDO ADICIONAL
“Desde o princípio Satanás pintou aos homens as vantagens a serem ganhas pela transgressão. Assim ele seduziu os anjos. Assim tentou Adão e Eva a pecar. E assim está ainda a afastar multidões da obediência a Deus. A senda da transgressão a faz parecer desejável; mas o fim dela ‘são os caminhos da morte’ (Pv 14:12). Felizes aqueles que, tendo-se arriscado a ir por esse caminho, aprendem quão amargos são os frutos do pecado, e voltam em tempo” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 720).
“Coisa alguma tende mais a promover a saúde do corpo e da alma do que o espírito de gratidão e louvor. É um positivo dever resistir à melancolia, às ideias e sentimentos de descontentamento – dever tão grande como é orar. Se nos destinamos ao Céu, como poderemos ir qual bando de lamentadores, gemendo e queixando-nos por todo o caminho da casa de nosso Pai? Os professos cristãos que estão sempre se queixando, e que parecem julgar que a alegria e a felicidade sejam um pecado, não possuem genuína religião” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 251).
Perguntas para reflexão
1. Reflita sobre a ideia de que temos apenas uma visão limitada da realidade. O que isso significa? Quais coisas estão lá fora e são reais, mas simplesmente não podemos perceber de maneira alguma? Por exemplo, quantas ondas de rádio (chamadas de celulares, programas via satélite, programas de rádio) estão no ar agora mesmo, mas você não pode vê-las, ouvi-las nem senti-las? Como a existência de tais realidades nos ajudam a compreender o quanto são limitados nossos sentidos? De que forma essa compreensão nos ajuda a perceber que outras coisas que não podemos ver, como os anjos, são reais?
2. Por que é importante compreendermos que o livre-arbítrio e a livre escolha humana são reais, mesmo que, em última instância, Deus esteja no controle? Embora esses conceitos (a livre escolha humana e a soberania de Deus) pareçam estar em contradição, ambos são ensinados na Bíblia. Então, como podemos conciliá-los?
Respostas sugestivas: 1. O insensato fala com soberba; não encontra a sabedoria; é crédulo; é impulsivo; despreza e oprime os outros 2. Os sábios falam com humildade; valorizam o conhecimento; são cautelosos; são calmos; são compassivos. 3. O texto tem um lado alarmante, para os que fazem coisas erradas, e um lado confortador, com a certeza do cuidado do Senhor em todas as circunstâncias. 4. Porque a alegria traz saúde e torna menor o sofrimento. 5. A alegria vem pelo conhecimento pessoal do amor de Deus, e também é um subproduto do fato de abençoarmos os outros. 6. Devemos fazer planos e deixar que Deus os dirija, para que se concretizem ou não. 7. A ambição desempenha papel preponderante no sucesso humano, mas a humildade é mais importante que a riqueza. O orgulho leva à destruição e à queda. 8. As coisas podem parecer ocorrer por acaso, mas Deus está na direção de tudo.