Meditação Matinal
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1º de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Avançando para o alvo – Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Filipenses 3:12
Em todas as reuniões de oração, um homem solicitava que os irmãos orassem para que Deus retirasse as “teias de aranha” de sua vida. O mesmo pedido era repetido todas as semanas. “Senhor, tira as teias de aranha de minha vida”, orava ele. Numa quarta-feira, depois da oração rotineira ser repetida mais uma vez, uma irmã, já cansada do mesmo pedido, ora: “Senhor, mata a aranha da vida deste irmão!”
A vida cristã pode tornar-se um poço estagnado, onde marcamos passo por anos, sem absolutamente qualquer avanço. Como saber se estamos fazendo progresso em nossa experiência espiritual? Alguns indicadores podem ajudar-nos nessa avaliação: Estudo a Palavra de Deus diariamente? Avanços e retrocessos têm muito que ver com proximidade ou distância da Palavra. Aplico em minha vida aquilo que aprendo da Bíblia? Busco sinceramente conhecer a vontade de Deus para mim, e estou vivendo o que conheço de Sua vontade? A oração é essencial em minha caminhada? Minha vida reflete o amor de Deus e os frutos do Espírito? Sirvo a Deus com meus talentos e dons? Atendo as necessidades dos outros? Aproveito as oportunidades para testemunhar de Jesus Cristo como um discípulo dEle? Sou fiel como mordomo dos bens que foram confiados?
Segundo Jesus, os frutos dão testemunho da natureza da árvore. Devemos nos lembrar de que, se Deus não pode mudar nosso caráter, Ele não poderá mudar nosso destino eterno. Sucesso ou fracasso nos pequenos testes diários, a despeito de qualquer otimismo infundado, indica claramente sucesso ou fracasso no grande exame final.
Para Ellen White, a “vida cristã é uma batalha e uma marcha”, e não vamos chegar a um estágio de perfeição absoluta, como alguns creem. Os cristãos sabem que, mesmo depois de avanços significativos, não há razão para orgulho. Haverá sempre mais para alcançar do que aquilo que já foi alcançado. Muitos pensam em santificação como se ela pudesse ser acumulada. Outros a imaginam em termos de exercício físico, em que os músculos são desenvolvidos até estarem tão fortes que não precisarão mais de Cristo. A realidade é que, na verdadeira santificação, ao invés de nos sentirmos mais fortes, tomamos consciência de nossa patética fraqueza separados dEle.
2 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Aproveitar as oportunidades – E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-Se oferecido uma vez [...] aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação. Hebreus 9:27, 28
Ninguém deseja morrer. Mesmo as pessoas que creem que vão para o Céu no momento da morte buscam de todas as formas prolongar a vida aqui. A morte é um encontro ordenado pelas circunstâncias da vida no planeta Terra. Ela é o destino que todos partilhamos, e ninguém, exceto alguns vultos das Escrituras, jamais escapou dela. Há os que não gostam de ouvir do realismo da morte, mas seria tolice viver como se a vida aqui fosse durar para sempre. Para colocar a questão em termos claros, o funeral é tão parte do casamento quanto a lua de mel, embora quase nunca nos lembremos disso.
A Bíblia nos adverte e a natureza dá testemunho de que tudo aquilo que tem início também tem um fim. O dia tem início com o nascer do sol. Mas o sol se põe e surgem as sombras. E então esse dia está para sempre eliminado do calendário, para nunca mais voltar. Nunca poderemos repetir o dia de hoje. Assim é também conosco. Nascemos, vivemos a infância, juventude, vida adulta e velhice. Então o tempo da partida chega para todos. A estatística da morte tem um índice impressionante: 100%.
Steve Jobs, o gênio dos computadores, fundador da Apple, que morreu no fim de 2011, mencionou que, aos 17 anos, deparou-se com uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: “Ao se olhar no espelho cada manhã, pense que este pode ser seu último dia. Um dia você vai estar certo!” Num discurso de formatura na Universidade de Stanford, em 2005, Jobs declarou que isso causou enorme impressão nele. Saber que estaria morto destro de algum tempo foi um dos mais importantes instrumentos da vida, disse ele. Isso o ajudou a fazer grandes escolhas e a se libertar do medo e da superficialidade. Se esse, de fato, fosse seu último dia, você ainda faria algumas das coisas que está planejando fazer? Se a resposta for “não”, talvez isso sugira a necessidade de algumas mudanças.
Mas o texto de hoje menciona outro encontro marcado também fora de nosso controle: o retorno de Jesus. Essa é realmente a única certeza que pode dar sentido à vida, encher-nos de alegria e paz, em um mundo em que tudo muda rapidamente e morte. Essa é a grande motivação para vivermos hoje em obediência, serviço e celebração.
3 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Atração fatal – É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Lucas 18:25
Na sociedade capitalista, o dinheiro é visto apenas como um meio de troca. Jesus, contudo, usou o termo aramaico Mamon para descrevê-lo.
Dessa forma, Ele o personificou, tratando o dinheiro como uma divindade. Para o Senhor, Mamon de fato é um deus contrafeito, em oposição ao Deus verdadeiro. O que Jesus revela é que o dinheiro é um poder tão forte que a maioria chega a considerá-lo capaz de fazer aquilo que apenas Deus pode fazer. O dinheiro exerce uma força espiritual, e sua relação com as pessoas é descrita em termos de “senhor e servo”. Para multidões, o dinheiro é o único relacionamento sério. Tudo o mais – amor, justiça, sabedoria e vida – não passa de palavras, conceitos, abstrações.
Pelo dinheiro, as pessoas chegam a se matar trabalhando, alienando-se daqueles a quem amam e por quem são amadas. A sociedade cuidadosamente treina as pessoas, persuadindo-as a trabalhar muito para comprar coisas para seus queridos. É como se dissessem: “As coisas expressam nosso amor melhor do que nossa mera presença.”
Que o dinheiro é um poder espiritual, não há dúvida. Muitos creem que, se o possuírem, todos os problemas estarão resolvidos. Nenhum outro conceito está mais arraigado no psiquismo humano. Se você desejar lutar contra a obesidade, dependência do álcool, tabagismo, drogas ou sexo disfuncional, encontrará ajuda para vencer essas dependências. Mas não existe nenhuma ajuda contra a ganância. O dinheiro é promovido de todas as formas, como se o valor pessoal dependesse dele. As pessoas se sentem orgulhosas de sua busca por mais dinheiro. Pais instigam seus filhos desde cedo a lutarem por ele, e a ganância é vista como virtude, estimulada e aplaudida.
Jesus conclui Seu diálogo com o jovem rico (Lc 18:16-30), que se afasta triste, com o texto de hoje sobre o camelo passar no fundo da agulha. Na Idade Média, muitas interpretações tentaram diluir a força dessa afirmação. Jesus, contudo, literalmente utiliza o maior animal e o menor orifício conhecidos na Palestina para ilustrar a realidade do obstáculo. Esse é o tamanho da dificuldade. Por quê? O dinheiro tende a tornar Deus desnecessário. Impossível que o rico entre no reino? Não! No capítulo seguinte, em Lucas 19, lemos a respeito de Zaqueu, o rico convertido de sua idolatria e contrafação. Como Zaqueu, faça de Cristo o Senhor de sua vida.
4 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Deus pode usá-lo em papéis inesperados – Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. 1Coríntios 1:25
Martinho Lutero era um monge agostiniano e professor na Universidade de Wittenberg. Em 1512, aos 29 anos, recebeu o título de Doutor nas Escrituras. Aos 32 anos, contudo, ele era apenas um homem local, sem grandes pretensões. Até então, não havia publicado nenhum trabalho acadêmico.
Wittenberg, ainda que sede de uma universidade, permanecia isolada dos grandes centros. Praticamente ninguém havia ouvido falar de Lutero fora de seu círculo.
Cinco anos depois, Lutero seria excomungado por Roma e estaria em conflito com a mais poderosa organização da Europa, a igreja. Em pouco tempo, tornou-se uma celebridade, o homem mais famoso entre os europeus, que liam seus escritos revolucionários. Lutero haveria de abalar a Igreja Romana, aparentemente imutável, mas, desde então, com a estrutura trincada por esse monge que se tornaria uma das pessoas mais importantes da história. O irônico é que ele não havia planejado nada disso. Um membro do baixo clero, como tantos outros, inicialmente queria apenas algumas mudanças em sua igreja, o que não foi permitido. Normalmente a hierarquia católica teria triunfado, e Lutero provavelmente teria sido queimado ou permaneceria no anonimato para sempre. Mas Deus tinha outros planos.
Em 1517, Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja, no castelo de Wittenberg, tratando principalmente das distorções relacionadas às indulgências. Começou, realmente, a estudar as línguas bíblicas apenas em 1518. Traduziu o Novo Testamento para a língua do povo em 11 semanas, estando escondido de seus inimigos. Tornou-se um notável administrador e organizador. Escreveu dezenas de livros e ocupa um lugar de importância na história da música. Em seu funeral, em 1546, Felipe Melanchton o comparou aos grandes homens da Bíblia e aos maiores pais da igreja, prestando a ele o tributo de considerá-lo o maior teólogo da igreja cristã desde o apóstolo Paulo.
Qual é o segredo dessa vida extraordinária? Sinceridade e integridade, aliadas a uma devoção ilimitada à Palavra de Deus. O Senhor pode usar, em Seus propósitos, qualquer pessoa que realmente queira ser usada por Ele. Como sabemos, Deus não chama os capacitados, mas capacita aqueles que são chamados.
5 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Aguardando o retorno do Senhor – Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer. João 15:5
A demora do segundo advento tem resultado em diferentes formas de comportamento entre adventistas. Depois do grande desapontamento de 1844, a maioria desanimou-se. Os adventistas do sétimo dia se organizaram posteriormente, herdando a expectativa do breve retorno de Jesus. Hoje, quase 170 anos depois, a demora da parousia tem produzido diferentes reações.
Alguns poderiam ser chamados de “aritméticos”. Baseados em interpretações no mínimo curiosas, dependendo de jornais e mapas proféticos de invenção própria, eles têm tentado determinar quando Cristo voltará. Para esses, a advertência do próprio Jesus de que “a respeito daquele dia e a hora ninguém sabe” (Mt 24:36) se dispersa como fumaça no vento.
Outro grupo é composto dos que estão tentando acelerar o retorno de Jesus por meio de seu estilo de vida: “Sr. e Sra. Perfeccionista.” Esses acham que tudo depende deles e assumem que a volta de Jesus será possível apenas quando todos adotarem restrições rigorosas na alimentação e na maneira de viver.
Há também o grupo composto pelos “descomprometidos”, no estilo “deixa a vida me levar”. Nada parece apelar ao interesse deles. Além desses, outro grupo é o dos “ativistas missionários”, os quais julgam que o retorno de Jesus depende exclusivamente da agressividade catequética deles.
Há aspectos de verdade em boa parte desses grupos. O problema surge quando a parte se torna o todo, e toda a vida cristã passa a depender de uma ênfase exclusiva. Jesus indicou que a única forma correta de aguardar Seu retorno, breve ou demorado, é em unidade com Ele. Em João 15, no discurso sobre a videira e os ramos, várias vezes Ele utiliza o verbo “permanecer”. Os frutos virão como resultado dessa união. Os frutos referem-se tanto à vida vitoriosa como aos resultados da dedicação missionária. E não só os frutos são resultado dessa união, mas também a própria alegria na vida cristã (v. 11).
Quando irá acontecer o segundo advento? Como o primeiro, ocorrerá na “plenitude do tempo” (Gl 4:4). No momento exato, segundo o calendário de Deus. Podemos “apressar” o advento de Jesus? A resposta é sim e não. Não por meio de esquemas humanos, e sim unidos à videira.
6 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Idolatria – Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Salmos 115:4
Corretamente entendida, a tecnologia deveria ser uma evidência de Deus e dos recursos com os quais Ele dotou Suas criaturas. Todo avanço e descoberta deveriam ser vistos como um testemunho dAquele que é o autor da inteligência e mantenedor da vida. Contudo, a tecnologia tornou-se uma idolatria e inimiga da reverência e da meditação. E, em última instância, a idolatria é a celebração do autismo humano.
Nas Escrituras, o culto idólatra não é primariamente uma questão de orar para estátuas de pedra, madeira, ouro, prata ou bronze. O culto aos ídolos é a celebração da criação humana como a maior realização de que somos capazes. O que está errado com a idolatria não é apenas que ela seja uma deslealdade a Deus e ofensiva a Ele. O problema com o culto aos ídolos é que ele é fútil. Na realidade, é uma maneira indireta de adorarmos a nós mesmos. A idolatria, porém, nunca nos ajudará a crescer e amadurecer. O resultado mais funesto dela é que a vida se torna vazia, sem mesmo nos apercebermos disso.
Em sentido final, o culto às nossas realizações se torna enfadonho porque não somos capazes de nos elevar acima de nós próprios. Curiosamente, nós podemos olhar para um lago, para as montanhas, o mar, as flores ou o céu estrelado por horas e não nos sentirmos enfadados. Mas quanto tempo você pode olhar para qualquer produto humano, seja um computador, iPad, avião, carro? Rapidamente nos cansamos daquilo que o ser humano pode inventar. Quando crianças, facilmente nos cansávamos de nossos brinquedos. Como adultos, a reação não é diferente. Não importa quão complicados e deslumbrantes sejam nossos “brinquedinhos”, quando os comparamos com a grandeza e complexidade do Universo, eles se tornam insignificantes.
Nas Escrituras, os ídolos não são nada. De fato, a palavra hebraica para “ídolo” equivale a “vento”. Alguns de nossos ídolos são concretos; outros, abstratos: máquinas, dinheiro, posses, prazer, trabalho, posições, poder, aparência. Mas não importa o que sejam, não podemos confiar neles mais do que podemos confiar no vento. Ore hoje com o salmista: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na Tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16:11).
7 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Identificando nossos ídolos – Tendo ido Labão fazer a tosquia das ovelhas, Raquel furtou os ídolos do lar que pertenciam a seu pai. Gênesis 31:19
A questão não é se possuímos ídolos. Quase todos os têm. Difícil é identificá-los. Eles estão escondidos sob muitos disfarces. Timothy Keller, em seu livro Counterfeit Gods (Deuses Falsos), oferece uma lista deles. Há ídolos teológicos feitos de erros doutrinários com distorções de Deus, em que se termina adorando um deus falsificado, criado por interpretações particulares. Existem ídolos sexuais, vistos na dependência de pornografia e promiscuidade. Dessa categoria fazem parte ideais físicos de beleza e idealismo romântico. Há ídolos da feitiçaria e do oculto, e também existem ídolos políticos nas ideologias de esquerda, direita ou centro, que absolutizam teorias sobre a organização da sociedade.
Ídolos raciais são encontrados em noções de superioridade étnica. Há ídolos relacionais, como “atrações fatais”, disfunções familiares e machismo. Ídolos podem ser religiosos, tais como moralismo, legalismo e perfeccionismo. Ídolos revelam-se também em idolatrias de sucesso ou em pretextos religiosos para abusar da autoridade. Ídolos filosóficos podem ser vistos em sistemas de pensamento. Ídolos culturais estão presentes no individualismo radical, em que a “felicidade pessoal” é supervalorizada, e também na devoção a um grupo, um partido, um clã, uma família ou um gueto elevados à posições de “comando” sobre a própria vida.
Pode-se acrescentar também formas mais complexas de idolatrias, enterradas no psiquismo humano, manifestadas em motivações patológicas e anomalias ditatoriais. Um exemplo disso é a idolatria do poder. “A vida tem sentido apenas se eu me assento em posições reconhecidas”, imagina o adorador do poder. “Tenho valor apenas quando tenho poder para comandar e ditar ordens aos outros.”
De acordo com as Escrituras, toda idolatria se curva diante de deuses falsos. Aqueles que buscam poder, sexo e dinheiro em lugar do verdadeiro Deus, em última análise, tornam-se escravos de seus ídolos. Usando a metáfora do casamento para a idolatria, Jeremias demonstra que aqueles que deixam o verdadeiro Esposo, por outros amores, caem em dependência. “Mas tu dizes: [..] amo os [deuses] estranhos e após eles irei’” (Jr 2:25). Em rebelião, podemos dizer como Judá ao divino Esposo: “Não te servirei.” Com que resultado?
“Em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa, te deitavas e te prostituías” (Jr 2:20). Essa é a realidade da idolatria.
8 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Admitindo nossas idolatrias – Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Romanos 1:21
Falando sobre os deuses falsos, David Clarkson, pregador inglês do século 17, observou que, embora poucos admitam suas idolatrias, nada é mais comum do que isso. Se pensarmos em nossa alma como uma casa, disse ele, “os ídolos estão em cada cômodo”. Nós damos preferência à própria sabedoria, vontade e reputação, em lugar da sabedoria e da vontade de Deus e da honra a Ele devida. Clarkson observou as relações humanas e mostrou como temos a tendência de fazê-las mais influentes e importantes para nós do que Deus. Segundo ele, muitos fazem dos piores inimigos o seu deus. Nós nos preocupamos mais com os medos, com aquilo que põe em perigo a liberdade e a própria vida do que com o desagrado divino. O coração humano é, de fato, uma incrível fábrica de produzir ídolos.
É impossível entender o coração ou a cultura se não discernimos os deuses contrafeitos que os influenciam. Em Romanos 1:21 e 25, Paulo demonstra que a idolatria não é apenas um pecado entre muitos outros, mas o que fundamentalmente está errado com o coração humano. Paulo faz uma longa lista dos pecados que criam a miséria e o mal no mundo, mas todos eles têm suas raízes no mesmo solo: a inexorável tendência humana de produzir deuses falsos. Em outras palavras, a idolatria é sempre a razão para os erros. Lutero entendeu isso perfeitamente ao afirmar que os Dez Mandamentos começam com o mandamento contra a idolatria. Por quê? Ele argumentava que por trás da quebra da lei está a idolatria. Nós nunca transgredimos qualquer outro mandamento sem quebrar antes o primeiro.
Quebramos os outros mandamentos porque o Deus verdadeiro Se torna secundário.
Nunca quebraríamos qualquer outro mandamento a menos que primeiro tornemos alguma coisa – aprovação humana, reputação, poder sobre os outros, vantagem financeira, diversão, satisfação – mais importante e valiosa para o coração do que a graça e o favor de Deus. Há alguma esperança para nós? Sim, se começarmos a perceber que os ídolos não podem simplesmente ser removidos. Eles devem ser substituídos. O segredo da mudança é identificar e desmantelar os deuses contrafeitos de nossa vida, substituindo-os pelo Deus verdadeiro.
9 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
As melhores e as piores testemunhas do cristianismo – Sereis Minhas testemunhas. Atos 1:8
Para incrédulos em geral, o avanço da ciência desmascarou a crença em Deus, julgando que a fé é uma apreensão infantil da existência. Neste caso, a única alternativa para “pessoas maduras” seria o ateísmo. Contudo, o que dizer de muitos cientistas, incluindo alguns ateus, que enxergam as limitações existentes na ciência? Infantil seria tomar as teorias científicas para “explicar o mundo”, uma vez que a ciência pode explicar, na melhor das hipóteses, os fenômenos observados no mundo. Se a tese dos incrédulos estivesse correta, todos os cientistas que mantêm crenças na existência de Deus deveriam ser considerados infantis e supersticiosos, e seus estudos não poderiam ser respeitados. Será que a religião teria envenenado Michelangelo, Dante, Bach, a arquitetura gótica e tantas outras realizações inconcebíveis sem a fé cristã?
Para o ateísmo fundamentalista como o de Richard Dawkins, a religião também é “essencialmente nociva”. Não há dúvida de que em nome de Deus e do cristianismo tem havido violência, fanatismo, guerras e intolerância. Contudo, se qualquer movimento for avaliado por aquilo que ele apresenta de pior, nenhum passaria no teste. Por outro lado, a sociedade ocidental jamais poderá ser compreendida sem os valores herdados do cristianismo. A compaixão, por exemplo, singularmente ilustrada na parábola do bom samaritano, não poderia ter surgido na Grécia. Os espartanos deixavam os bebês que nasciam mais débeis para morrer ao relento. Platão, em A República, claramente flerta com a eugenia. O cristianismo, por sua vez, apresenta a misericórdia como valor inegociável, que constitui o embrião para o serviço social, a expansão dos hospitais e o estabelecimento de grandes universidades. Se as barbáries fossem praticadas apenas em nome da religião, o argumento ateu faria sentido. Mas o que dizer daqueles que cometeram atrocidades em nome do ateísmo?
Como o casal McGrath observa no livro O Delírio de Dawkins, se o mundo fosse mais como desejaria Jesus de Nazaré, a violência poderia ser, de fato, algo do passado. Se, por um lado, as piores testemunhas contra o cristianismo são alguns cristãos, por outro lado, as melhores e mais brilhantes testemunhas do cristianismo também são os cristãos. Este é seu desafio, querido leitor: vindicar o nome de Cristo e da fé em sua vida diária por meio do amor e do serviço.
10 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A sacudidura na igreja – 1 – Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores. 1Timóteo 4:1
A igreja não é perfeita. A sinceridade de seu testemunho é frequentemente colocada em dúvida, de muitas formas, e seus inimigos nem sempre estão fora de seus limites. Líderes e membros cometem faltas que necessitam ser reconhecidas e resolvidas. Num ato de sabotagem, o inimigo traz para a igreja seus representantes.
Muitos têm tentado resolver os problemas da igreja semeando críticas a falhas reais ou imaginárias. Outros têm abandonado a fé. Alguns chegam mesmo a buscar estabelecer um novo remanescente. Na história do povo de Deus, encontramos o ciclo de “chamado, apostasia e novo chamado”. Israel foi chamado. Sua apostasia suscitou a igreja. Com a apostasia de grande parte da igreja, o Senhor levantou a Reforma do século 16. Como o protestantismo sofreu um processo de estagnação e apostasia, Deus suscitou o movimento adventista. Significa isso que esse processo deve continuar para sempre? Obviamente, esse ciclo deve ser quebrado em algum ponto; do contrário, por causa da natureza humana, ele recomeçaria sempre, sem qualquer resolução final da história.
Como Deus tratará os problemas da igreja se não existe provisão profética para um remanescente do remanescente? Deus introduzirá uma nova estratégia. No passado, o chamado foi para que os fiéis deixassem a comunidade apostatada. Nas cenas finais da história, ao contrário das reformas tradicionais, são os infiéis que deixarão a igreja. A sacudidura tomará o lugar do clássico chamado para sair. “Que sacudidura haverá entre os que se dizem filhos de Deus! [...] Os que têm grande luz e nela não têm andado terão trevas correspondentes à luz que desprezaram” (Ellen G. White, Testemunho Para Ministros, p. 163). Noutro texto, a voz profética aos adventistas adverte: “A sacudidura deve em breve acontecer para purificar a igreja” (Ellen G. White, Spiritual Gifts, v. 2, p. 284).
A sacudidura, não a dissidência, há de finalmente purificar a igreja. O extraordinário a respeito desse processo é que ele ocorrerá naturalmente, como resultado de uma incompatibilidade fundamental entre a verdade e tudo aquilo que é contrário a ela. Nosso desafio é “tirar calor da frieza, coragem da covardia e lealdade da traição” de outros (Ellen G. White, Review and Herald, 11 de janeiro de 1887).
11 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A sacudidura na igreja – 2 – Ele, porém, respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Mateus 15:13
A sacudidura é um evento esperado no fim dos tempos, conforme ensinam os adventistas. Em diferentes fontes, nos escritos de Ellen White, encontramos pelo menos 14 grupos que, eventualmente, deixarão a igreja:
Os autoenganados (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 89, 90; v. 5, p. 211, 212).
Os descuidados e indiferentes (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 182).
Os ambiciosos e egoístas (Primeiros Escritos, p. 269).
Os que recusam sacrificar-se (Primeiros Escritos, p. 50).
Os orientados pelo mundanismo (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 288).
Os que comprometem a verdade (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 81).
Os desobedientes (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 187).
Os invejosos e críticos (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 251).
Os fuxiqueiros, que acusam e condenam (Olhando Para o Alto, p. 122).
A classe conservadora superficial (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 463).
Os que não controlam o apetite (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 31).
Os que promovem desunião (Review and Herald, 18 de junho de 1901).
Os estudantes superficiais das Escrituras (Testemunhos Para Ministros, p. 112).
Os que perderam a fé no dom profético (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 84).
Dois fatos aqui são convergentes. Primeiramente, a ampla variedade desse catálogo. Em segundo lugar, todas essas categorias estão hoje representadas na igreja. “Na medida em que a tempestade se aproxima”, somos advertidos de que “uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandona sua posição, passando para as fileiras do adversário” (O Grande Conflito, p. 608). Novamente, a ênfase é colocada no fato de que são os infiéis que abandonarão a igreja. No texto de hoje, Jesus nos adverte contra as heresias teológicas do rigorismo farisaico como plantas que Deus não plantou. As heresias, contudo, não se limitam às doutrinas. Há também as heresias do comportamento, que serão também eliminadas.
Quando eu ainda era bem jovem, minha família mudou-se para Brasília. Batizado recentemente, para minha surpresa, conheci um grupo de adventistas do qual nunca ouvira falar. A conversa extremista deles causou forte impressão em mim. Mas, desde então, aprendi que a santidade bíblica é mais que meras exterioridades e que a purificação da igreja virá, mas administrada pelo Senhor da igreja. (
12 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Crença e prática – Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Isaías 58:6, 7
A Teologia da Libertação, mencionada anteriormente, criticou de modo severo a teologia tradicional por sua grande insistência na “crença correta”, a ortodoxia, tendo se esquecido completamente da “prática correta”, a ortopráxis. De fato, não podemos pretender inocência nesse particular.
Em muitas ocasiões da história, aqueles que foram zelosos e absorvidos pela ênfase na crença esqueceram-se da outra face da mesma moeda: a prática. Crença correta tem sentido apenas quando ela nos leva à prática ou às ações corretas. Unilateralidade aqui é indesculpável. Pode ser vista apenas como uma máscara para desviar a atenção do dever.
O curioso é que o texto do profeta Isaías mencionado hoje foi escrito originalmente para pessoas não muito diferentes de nós. Preocupadíssimos com a guarda do verdadeiro dia de repouso, com o Dia da Expiação e a purificação do santuário, zelosos com as leis de saúde, acabaram negligenciando o “comportamento correto” em relação aos pobres e oprimidos. O profeta repreende seriamente o desequilíbrio entre a crença e a prática.
Não pergunte se Deus Se preocupa com os pobres. Essa não é a questão. Eu, você e a igreja nos preocupamos com eles? Essa é a pergunta real. Quando você tiver tempo, dê uma olhada no Google sobre “pobreza” e “fome” no mundo. Se você não tem acesso à internet, não há problema; basta olhar ao redor. A realidade é alarmante. O texto de hoje fala de alimento, abrigo, hospedagem, vestuário. São as mesmas categorias indicadas por Jesus em Seu discurso sobre o grande julgamento em Mateus 25:31-40. Quando estivermos reunidos, naquele dia, diante do grande trono branco, o Rei Jesus não perguntará se tivemos a crença correta, mas se aquilo em que cremos foi tão real que afetou nossas ações. O exame final não será essencialmente sobre a crença correta, mas sobre a prática correta. Talvez não poderemos fazer tanta diferença, mas eu, você e a igreja podemos ajudar a muitos. Madre Teresa de Calcutá corretamente observou que as “mãos que servem são mais sagradas do que os lábios que oram”.
13 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Igreja perfeita? – Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida. 2Coríntios 2:4
Com certa frequência, idealizamos a igreja primitiva. “Gostaria que minha igreja fosse como a igreja do 1º século”, às vezes sonhamos. Imaginamos, assim, uma comunidade absolutamente perfeita, composta de membros radicalmente comprometidos, vivendo em impecável harmonia, sem qualquer problema de fé ou de relacionamentos. Infelizmente, a realidade das primeiras igrejas não se ajusta a esse quadro romântico. A igreja em Corinto é um exemplo disso. Portanto, se você está desanimado com sua igreja, anime-se.
A comunidade cristã em Corinto, como é evidente nas duas cartas de Paulo a esses cristãos, mostra-nos que problemas existem em todas as partes enquanto estivermos lidando com pessoas reais, vivendo em um mundo real. Essa igreja lutava com alguns dos mesmos problemas que enfrentamos hoje: divisões sobre personalidades e doutrinas, imaturidade, questões de disciplina, imoralidade, casamento e divórcio, insensibilidade, competição entre os irmãos da fé, relacionamento com os descrentes, estilos de culto, assistência aos pobres, dinheiro e generosidade. Isso para mencionar algumas das questões.
Cristãos atuais podem se beneficiar muito da leitura das duas cartas de Paulo aos Coríntios e encontrar nelas grande encorajamento. Elas nos relembram de que a igreja é formada por pecadores salvos pela graça. Não existe espiritualidade instantânea, e o discipulado é um processo lento. Apesar de suas fraquezas, essas pessoas tinham um lugar especial no coração daqueles que as conheciam bem e as haviam iniciado na fé em Cristo. A primeira e a segunda carta aos Coríntios nos ajudam a ver além dos estereótipos que podemos nutrir em relação à igreja e ao ministério. A primeira carta demonstra que a igreja é formada de pessoas como eu e você, cristãos que estavam lutando com problemas reais. A segunda carta indica que aqueles que se dedicam ao ministério de tempo integral lutam com dúvidas e sentimentos como qualquer outra pessoa.
Pergunte-se: “Se Paulo viesse à minha igreja hoje, que questões ele veria? O que ele teria a dizer?” Mais importante ainda: “Como eu estou reagindo a tais problemas?” Cuide para que você seja parte da solução e da cura.
14 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Cegos guiando surdos – Dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Apocalipse 3:17
Às vezes, descrevemos os que estão fora do círculo do conhecimento de Cristo como surdos, incapazes de ouvir a voz de Deus, Suas advertências e Seus apelos. Contudo, a questão se torna perturbadora quando lemos a descrição bíblica da igreja como sendo composta, em sua maioria, de “pobres, cegos e nus”. Em termos simples, a questão é a seguinte: Como podem cegos, para se dizer o mínimo, conduzir surdos?
Em seu livro Why Revival Tarries (Por que o Reavivamento Demora?), Leonard Ravenhill observa: “Ferida de pobreza em muitas áreas, como a igreja se encontra hoje, em nada ela é tão pobre como na oração. Temos muitos que organizam, mas poucos que agonizam; muitos cantores, mas poucos intercessores; muita aparência, mas pouca insistência; muitos convencidos, poucos convertidos; muitos informados, poucos transformados. Falhar na oração é falhar em tudo o mais.”
A oração intercessora tornou-se prática quase perdida entre cristãos modernos. A não ser que tal virtude cristã seja redescoberta e reapropriada pela igreja, nossos esforços missionários não passarão de tristes e patéticas encenações. Não serão capazes de incomodar ninguém, muito menos o diabo. Sem oração fervorosa, não seremos mais que um punhado de cegos tentando guiar surdos.
É a oração que dá autoridade, identidade e poder à igreja. As páginas das Escrituras do início ao fim estão marcadas pelo exemplo de oração. De Jesus, lemos que Ele passava noites orando (Lc 6:12). O livro de Atos está repleto das orações dos cristãos primitivos. Eles perseveravam na oração (At 2:42; 6:4). Para esses cristãos, a oração era a grande arma para o vigor missionário e a solução de problemas. Este é nosso grande desafio hoje: viver em espírito de oração. Precisamos encontrar tempo para que, como Paulo aconselha, façamos “súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1, TB). Para o apóstolo, a oração é uma matéria de alta prioridade, o verdadeiro “negócio” da igreja, visto que pela oração a igreja partilha do ministério sacerdotal de Cristo.
Pense nisto hoje: quando trabalhamos, apenas nós trabalhamos; quando oramos, Deus trabalha. Qual trabalho você acha ser mais eficiente?
15 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Deus e César – Disse-lhes, então, Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E muito se admiraram dEle. Marcos 12:17
O relacionamento entre igreja e Estado foi entendido de diferentes formas ao longo da história. Martinho Lutero, contrariando a síntese católica medieval, cria que Deus tem duas esferas separadas de governo. Elas representam Sua mão direita e Sua mão esquerda. Cada uma executa diferentes tarefas. Os dois reinos pertencem a Deus e têm um mandato divino para resistir a um terceiro reino, pertencente a Satanás. Mas essas duas esferas devem permanecer separadas. Enquanto os anabatistas, um grupo de reformadores radicais, pregavam afastamento completo da sociedade e do governo, Lutero advogava participação. Para ele, a igreja e o Estado são parte da criação de Deus, mas um não deve ter domínio sobre o outro.
O sistema de Lutero, contudo, continha incoerências internas e resultou em pesado dualismo na vida da Igreja Luterana na Alemanha no período de Hitler, levando cristãos a uma vida dupla: uma como crentes e outra apoiando o nazismo, complacentes com as injustiças praticadas. Porém, outros cristãos, rejeitaram a interferência da liderança nazista na igreja. Dietrich Bonhoeffer e Karl Barth, teólogos do período, exerceram forte resistência ao governo. Barth, diante das pretensões de Hitler, observou que “a igreja tem apenas um Führer [líder], e esse não é Adolf Hitler”.
Para Barth, os cristãos devem ver a política como eles veem tudo o mais: cristologicamente. O Estado deve ser um instrumento de serviço útil, atuando como um ministro de Deus. Os cristãos são chamados a participar no Estado, dando a “César o que é de César”, mas sempre motivados pela submissão a Cristo. Eles têm a responsabilidade de servir a Cristo, não de formar um “partido cristão”. Eles devem servir ao governo de maneira consistente com o que Cristo demanda deles, apoiando a agenda política quando ela é consistente com o senhorio de Cristo. Como Barth escreveu, “com Deus, nenhuma neutralidade é possível. Devemos escolher entre o verdadeiro Deus e a idolatria”.
Diante de decisões políticas, os cristãos devem examinar as opiniões e opções, sem se deixar levar por ideologias ou propagandas. Assim como Cristo é um, deve ser a vida cristã. Quer na igreja ou fora dela, nossa vida, religiosa ou secular, deve ser orientada pelo serviço a Jesus Cristo.
16 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Pela graça sois salvos – Em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. Gálatas 6:15, ARC
A Galácia era uma província do Império Romano. Foi visitada pelo apóstolo Paulo em sua primeira viagem missionária. Ali não havia a herança judaica. Em Gálatas 4:6-9, Paulo fala da antiga condição dos gálatas, alienados de Deus, separados de Cristo, servindo o que por natureza não é Deus.
O apóstolo havia pregado acerca de Cristo com ênfase na cruz. Eles haviam conhecido a Deus e descoberto a liberdade no evangelho da graça. A Galácia representava os primeiros frutos da grande colheita das igrejas gentílicas. Muitos tinham sido batizados em testemunho de sua aliança com Cristo (4:3-5). Mas agora essa igreja estava sendo perturbada por mestres judaizantes. Provavelmente fossem judeus cristãos ainda intoxicados com a antiga fé, insistindo na circuncisão como um modo de garantir a salvação por meio de obras humanas. Era como se, para tornar-se cristão, alguém devesse tornar-se primeiramente judeu.
Paulo entende que tal ensino representa não apenas uma perversão, mas uma ameaça ao próprio coração do evangelho. Um perigo à liberdade em Cristo. Em consequência, ele escreve a Epístola aos Gálatas, uma das mais belas e lúcidas exposições do evangelho. Na seção final (Gl 6:12-18), ele contrasta duas justiças: uma é resultado da graça, a outra é baseada em obras humanas. Essas duas justiças não apenas se opõem; elas se contradizem e se excluem mutuamente. Se é pelas obras, não é pela graça. Mas, se é pela graça, não há lugar para obras humanas meritórias.
Com toda a intensidade de que é capaz, Paulo insiste que as obras humanas não têm qualquer valor como método de salvação, exceto aumentar a arrogância e a justiça própria dos homens. Se o esforço humano pode acrescentar qualquer coisa à obra perfeita de Cristo, então a salvação já não é pela graça. O que realmente conta não é o que nós podemos fazer, mas aquilo que Cristo fez de forma objetiva, perfeita, completa e final. O que importa é o ato de fé em Cristo, que curva a cabeça e aceita tal obra em nosso favor, abrindo assim o caminho para a nova vida. Para nossa salvação, fazemos apenas uma única contribuição: entramos apenas com o pecado, do qual devemos ser salvos.
17 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Certeza da salvação – Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 1João 1:9
No Novo Testamento, a salvação é sinônimo do perdão dos pecados, e o texto de hoje nos assegura que nossos pecados são perdoados quando nos aproximamos de Cristo em contrição. Todo cristão deveria ter certeza do perdão e consequentemente da salvação, os quais são ofertas da graça. A primeira Epístola de João foi escrita para que os cristãos conheçam a posição deles diante de Deus. De fato, se o Evangelho de João representa a declaração da salvação, sua primeira carta é a afirmação da certeza dela. Nessa carta, os verbos “saber” e “conhecer” e seus equivalentes aparecem mais de 40 vezes. Por exemplo: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus” (5:13, ARC). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (3:14). “Esta é a confiança que temos para com Ele [...]. Sabemos que nos ouve” (5:14, 15). “E nisto sabemos que O conhecemos: se guardamos os Seus mandamentos” (1Jo 2:3, ARC). “Sabemos que somos de Deus” (5:19).
A fé em Cristo traz a certeza do perdão, pois, como afirma o texto de hoje, “se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. Também é dito: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2:1). Juntos, esses textos asseguram que o perdão e a salvação trazem convicção à vida daqueles que estão em Cristo. Muitos se manifestam temerosos de falar em certeza da salvação porque julgam que isso, de alguma forma, representaria um perigo para a humildade e um estímulo ao pecado.
Seria a certeza do perdão divino razão para tratarmos o pecado com leviandade, como alguns poderiam pensar? Apenas se não entendermos o custo do perdão! Ao falar a respeito da pecadora que fora perdoada e Lhe lavava os pés com perfume e lágrimas de contrição, Jesus afirmou que o grande amor que ela mostrou provava que os seus muitos pecados já haviam sido perdoados (Lc 7:47). A consciência do perdão torna-nos dedicados. Leva-nos a amá-Lo mais e a viver em serviço dedicado. O amor torna-se um poderoso incentivo à vida consagrada e, ao mesmo tempo, é o único e autêntico obstáculo ao pecado.
18 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Santidade ao Senhor – Fizeram também a folha da coroa de santidade de ouro puro, e nela escreveram o escrito como de gravura de selo: SANTIDADE AO SENHOR. Êxodo 39:30, ARC
“Santidade ao Senhor” é um famoso lema das Escrituras. A santificação é um requerimento universal, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Contudo, o significado bíblico de santificação parece obscuro para multidões de cristãos. Para muitos, existe uma entidade chamada “justiça comunicada”, que podemos acumular, de modo que nos tornamos mais e mais justos em nós mesmos e, na proporção em que temos mais dessa justiça dentro de nós, menos necessitamos da justiça imputada de Cristo.
A fraqueza e a pecaminosidade do cristão em crescimento terminariam, finalmente, em uma justiça interior plena antes do retorno de Cristo. Em suma, muitos pensam que justificação é aquilo que Cristo faz por nós, e santificação é aquilo que nós fazemos por Ele.
Outra maneira de entender a noção de justiça comunicada é concebê-la como participação na vida de Cristo. O que nos é comunicado é o controle do Espírito Santo sobre nossa vida. A justiça de Cristo em nenhum sentido é nossa à parte ou independente dEle. Tal justiça sempre pertence a Ele. De modo nenhum nos pertencerá. Se esse fosse o caso, a santificação teria o mesmo efeito do pecado: ela nos separaria de Deus (ver Is 59:2).
Assim, o ensino de que Cristo nos concede uma justiça que atua independente dEle e de que em algum ponto da história já não precisaremos mais dEle não é algo que tenha base nas Escrituras. Santificação não é uma qualidade que o homem possui nele mesmo, mas uma qualidade de vida derivada de Deus. Assim, quanto mais vivemos a vida cristã, mais nos tornamos submissos e dependentes de Cristo. Nesse sentido, a santificação depende da mesma fonte da justificação. Se a justificação é a justiça de Cristo creditada em nosso favor, a santificação significa o senhorio e controle de Cristo sobre nossa vida.
Alguns pensam que a santificação é um tipo de “halterofilismo espiritual”: à medida que se exercitam, mais fortes se tornam, até o ponto de não mais precisarem de Cristo para “erguer os pesos” da vida cristã. Em realidade, no exercício da verdadeira santificação, a única coisa que desenvolvemos é a consciência de nossa fraqueza, incapacidade e absoluta dependência dEle. Sem Cristo, nada podemos fazer (Jo 15:5).
19 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Buscavam apedrejá-Lo – Disseram-Lhe os discípulos: Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá? João 11:8
Os evangelhos dão testemunho de que, em diferentes ocasiões, buscou-se apedrejar Jesus. A intensidade do ódio dos adversários contra Ele pode ser vista nessas cenas. Em João 10:31, lemos que, “novamente, pegaram os judeus em pedras para Lhe atirar”. O apedrejamento era um antigo método judaico de punição capital. Estava reservado para os crimes mais severos contra a lei mosaica, que apresenta pelo menos dez razões para tal prática. Entre elas, estão: sacrifício de crianças (Lv 20:2), consulta a necromantes e feiticeiros (Lv 20:27), blasfêmia (Lv 24:16), transgressão do sábado (Nm 15:32-36), culto a falsos deuses (Dt 13:10), rebelião contra os pais (Dt 21:21), adultério (Ez 16:40; Dt 22:22), casos de rebelião contra uma específica ordem divina (Js 7:25).
O apedrejamento era geralmente conduzido pelos homens da comunidade (Dt 21:21), diante do testemunho de pelo menos duas pessoas, as quais deveriam atirar as primeiras pedras (Dt 17:5-7). A execução poderia durar de 20 minutos a duas horas e era conduzida fora do acampamento ou da cidade (Lv 24:14, 23; 1Rs 21:10-13). Jesus certamente percebeu as intenções de Seus inimigos quando eles O cercaram no pórtico de Salomão (Jo 10:22-24). No apedrejamento, o cerco dos executores era estratégico. Tinha a intenção de impedir que a vítima escapasse. Qual era a acusação contra Jesus? Blasfêmia. Ele declarara ser Deus, e isso incomodara grandemente Seus inimigos, assim como ocorrera em outra ocasião, quando agiu como Deus, perdoando pecados (Mc 2:7).
Mais uma vez, Ele demonstra Seu incomparável domínio próprio. Mestre de Suas emoções, está em absoluto controle de Si mesmo e da situação. Mais uma vez, Ele confunde a trama dos inimigos com o argumento das Escrituras: “Está escrito na vossa lei” (Jo 10:34). Jesus desmascara o dolo por trás das intenções dos opositores, demonstrando a incompetência deles. Mas realmente o que me impressiona nesse relato é a disposição de Cristo em expor Sua “face ao vento” por nós. Aquilo que as pedras não puderam fazer foi, afinal, realizado por uma cruz, na colina do Gólgota. Ele morreu por você para que você viva por Ele.
20 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Apenas para pecadores – Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 1Timóteo 1:15
John T. Carroll menciona que, quando foi pastor numa cidade do estado de Nova York, costumava colocar semanalmente uma frase no quadro externo de anúncios para chamar a atenção de pessoas que passavam pela frente da igreja. Em certa ocasião, a frase era a seguinte: “Esta igreja é apenas para pecadores.”
No fim daquela semana, ele recebeu uma carta na qual um membro anônimo escrevia indignado: “Eu estou chocado em saber que nossa igreja é apenas para pecadores. Tenho sido membro dela por 25 anos, e nunca percebi que eu estava no lugar errado e não era bem-vindo.” Na semana seguinte, o pastor Carroll escreveu no quadro de anúncios um texto bíblico: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23, ARC).
Na parábola do fariseu e do publicano, Jesus condenou todo elitismo religioso daqueles que se julgam melhores. A conclusão da parábola de Jesus deve ter estarrecido e irado muitos religiosos de Sua audiência. Um piedoso judeu e um ganancioso publicano sobem ao templo para orar, mas é o último que desce justificado. Qual o problema? O fariseu procurou estabelecer sua justiça própria (Rm 10:3).
Portanto, perdeu de vista a justiça divina (Rm 9:30, 31). O coletor de impostos, não tendo nada do que se gloriar perante Deus (Rm 4:2), confiou nAquele que “justifica o ímpio” (Rm 4:5).
O escândalo da graça, expresso na parábola, é que o “justo” não está mais perto de Deus do que o injusto que reconhece sua condição. Deus rejeita todo desempenho humano erradamente motivado. Em última análise, mais que “transgressão da lei”, o pecado tem uma dimensão relacional, que desce ao nível das motivações. Como o apóstolo relembra, “tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23). Assim, a questão não é apenas o que fazemos, mas por que o fazemos.
Alimentando ilusões a respeito de sua santidade, muitos pensam que são superiores aos seus irmãos. Isso apenas revela que eles desconhecem a Deus e a si mesmos. C. S. Lewis observa corretamente que, “quanto mais um homem está se tornando verdadeiramente melhor, ele entende mais e de modo mais claro o mal que ainda permanece nele. Quando um homem está se tornando pior, menos ele entende sua própria malignidade”.
21 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Quando Deus não faz sentido – E, passando os mercadores midianitas, os irmãos de José o alçaram, e o tiraram da cisterna, e o venderam por vinte siclos de prata aos ismaelitas; estes levaram José ao Egito. Gênesis 37:28
Alguma vez você já se sentiu injustiçado, enganado, em amargura e revolta, e para sua surpresa os reveses sofreram uma mudança? Já passou pela experiência em que tudo parecia perdido, mas novas circunstâncias mostraram outra leitura, e os desacertos foram revertidos em seu benefício? Você teve algum plano que deu errado e, em meio às vidraças partidas, foi possível compreender que precisamente o que era visto como perda tornou-se ganho? Para aqueles que estão nas mãos de Deus, buscando sinceramente viver conforme Sua soberana vontade, não há coincidências. Os “golpes do acaso” tornam-se pela ação divina coobreiros de Deus para executar Seus desígnios. Os cristãos têm uma palavra para isso: providência.
O histórico Catecismo de Heidelberg descreve a providência divina de maneira bastante determinista: “Pelo Seu permanente e infalível poder, Deus sustenta Céus, Terra e todas as criaturas, e assim os governa de tal forma que, cara ou coroa, chuva ou seca, anos de fartura ou períodos de fome, saúde ou doença, prosperidade ou pobreza, todas as coisas de fato nos vêm não por acaso, mas das mãos paternas.”
A história de José é uma das mais claras demonstrações da providência divina em ação. Lançado num poço pelo ódio obstinado de seus irmãos, ele é providencialmente salvo pela intervenção de Rúben, seu irmão mais velho. Aos 17 anos, é vendido a beduínos que surgem no momento exato. No Egito, ele é providencialmente vendido a um alto oficial de Faraó. Por sua integridade, contudo, é lançado na prisão. O presente e futuro não poderiam parecer mais escuros. Nenhuma perspectiva. A história parecia terminar ali. Indefeso em terra estranha!
Entretanto, quando o drama é visto em seu alcance mais longo, as linhas que parecem pontas soltas, sem qualquer relacionamento ou propósito, começam a tomar forma. Os eventos absurdos começam a seguir direção inesperada. Interpretando o sonho de Faraó, José torna-se o segundo homem do Egito. Como fica claro mais tarde, é precisamente sua intervenção que salva da morte por fome o povo que Deus escolhera como depositário de Seus planos. Não por sorte ou acaso, as peças do quebra-cabeça se encaixaram afinal. O bordado apenas estava sendo visto pelo avesso.
22 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Vinte anos depois… – Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus. Gênesis 45:8
O arremate da história de José é de extraordinária beleza. Seus irmãos nem de longe poderiam fazer a conexão entre o irmão que eles haviam vendido e esse poderoso príncipe de autoridade ilimitada no Egito. Deus, não as escolhas humanas, havia levado José até onde ele estava. Aparentemente Deus estivera indiferente quando os irmãos o jogaram num poço, quando estrangeiros o venderam como escravo, quando as mentiras da Sra. Potifar acrescentaram novos sofrimentos às suas desgraças e o colocaram na prisão.
Mas cada fato nessa lista de eventos tinha leitura diferente das aparências. Precisamente os acontecimentos que pareciam golpes cegos do acaso levavam sua vida para mais perto da realização do propósito divino. Três vezes, na narrativa, José indica sua percepção da providência divina: “Não foram vocês, mas Deus.” Afinal, não foi a inveja de seus irmãos o fator decisivo. Eles foram atores menores. O principal ator do drama é o Altíssimo. Cada detalhe da história é utilizado nas malhas de um propósito superior, invisível e incompreensível aos olhos humanos.
Nisso não há nada de determinismo nem “carma” inescapável. A providência divina é vocabulário exclusivo das Escrituras cristãs. Note, Deus não tem qualquer sociedade com o mal. Quando as pessoas pecam, as falhas são exclusivamente suas. A parcialidade de Jacó foi seu pecado. Deus não forçou os irmãos de José a invejá-lo. Deus não é culpado pela licenciosidade da Sra. Potifar. Ele não foi responsável pela ingratidão do copeiro. Mas, sem que fosse culpado ou causador de tais males, de uma maneira misteriosa, nos conselhos de Sua providência, o Todo-poderoso não é tomado de surpresa. Seus planos não são frustrados pelo pecado ou a fraqueza humana. Em todos os pecados contra José, Deus pacientemente trabalha em favor dele, para a glória final de Seus propósitos.
É a compreensão da providência divina que capacita José a elevar-se acima de qualquer sentimento de vingança, revanche ou revolta. Se ele tivesse se tornado amargo, desafiador ou cínico, teria perdido a percepção das novas possibilidades. Tal compreensão também o torna humilde e grato, atribuindo a Deus todo o êxito de sua vida. José “lembrou-se dos sonhos” (Gn 42:9, ARC). Deus também nos deu um sonho glorioso: reinar com Cristo, afinal. E nada, a não ser nós mesmos, poderá frustrar esse sonho.
23 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
As condições do discipulado – Perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. Filipenses 3:8
Em Lucas 14:25-33, Jesus sumariza em três cláusulas o que está envolvido em nossa decisão de aceitá-Lo: “Se alguém vem a Mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo” (v. 26). Em muitos casos, a decisão de seguir a Jesus fica condicionada às opiniões e lealdades familiares. Jesus não deixa dúvida sobre o que deve ter prioridade. A palavra ofensiva aqui é “aborrece”. Mas o termo tem apenas teor comparativo, significando “amar menos”. Nosso amor por Ele deve ser tão grande que, em comparação, outros amores, sem Ele, pareceriam aborrecimento. Devemos entender que as lealdades humanas se fragmentam e deterioram-se a não ser que sejam purificadas por uma devoção absoluta. De fato, apenas quando amamos a Cristo de forma suprema, verdadeiramente podemos amar pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e irmãs.
Em segundo lugar, Ele diz: “Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após Mim não pode ser Meu discípulo” (v. 27). A cruz era símbolo de morte. É disso que Jesus está falando: abdicação total do trono da vida, morte para o “eu”. Mas aqui também encontramos um paradoxo. Segundo Ele, se o grão não morrer, não pode produzir frutos (ver Jo 12:24). Tudo aquilo que colide com Cristo deve ser sacrificado. Somente então podemos viver, partilhando de Sua ressurreição. Quando permanecemos em nossas próprias mãos, à mercê de nossos caprichos e fantasias, não existe nenhuma chance de vida real.
Na terceira cláusula, Cristo declara: “Todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser Meu discípulo” (Lc 14:33). Jesus exige completa capitulação. Esse é um texto impopular. Ao som dessas palavras, milhões têm desistido de Jesus. A renúncia aqui é completa e abrangente. O texto significa que nada é muito grande em comparação com Cristo. C. S. Lewis observa que as pessoas são como ovos. Como tal, quais são as alternativas? Bem, você pode deixar-se chocar e tornar-se um belo pássaro, destinado a voar e dominar o espaço, ou pode apodrecer em você mesmo como um “ovo decente”. A escolha é sua. Não fosse pela cruz, Jesus teria milhões de outros seguidores. A tragédia é que muitos não querem pagar o preço do discipulado. Muitos gostariam de Cristo sem a cruz. Mas isso é impossível. (
24 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Amigos ou servos? – Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer. João 15:15
No capítulo 15 do Evangelho de João, Jesus Se identifica como a videira verdadeira. No Antigo Testamento, Israel havia sido comparado à videira (Sl 80:8; Is 5:1-7). Mas Israel fora apenas uma representação da videira verdadeira e havia falhado em sua missão. Nesse contexto, oito vezes Jesus fala de nossa necessidade de “permanecer” nEle. O que permanece nEle produz muito fruto. Então Ele conduz o argumento a uma conclusão radical: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
No verso 11, o Senhor fala da alegria resultante da associação com Ele. Alegria? Para milhões de cristãos, essa seria a última coisa a ser encontrada na vida cristã, vista precisamente como obstáculo à alegria. Como seria isso possível? A chave aparece no texto de hoje e tem que ver com o tipo de relacionamento que estabelecemos com Ele. Somos servos ou amigos? O que seria mais conveniente: ter um escravo ou um amigo? Claro que isso depende do ângulo pelo qual a questão é analisada. Do ponto de vista pragmático, um escravo seria muito útil. Contudo, como serve um escravo? Sem dúvida, com amargura, face longa e ressentimentos. Como serve um amigo? Um amigo real, motivado por amor e altruísmo, pode ir ao extremo de sacrifícios, mas com alegria e satisfação.
A essência da escravidão não é muito trabalho ou trabalho pesado, mas trabalho sem significado. Durante o período em que fui pastor nos Estados Unidos e no Canadá, vi pessoas trabalharem em empregos difíceis, com pouco tempo para dormir. Essas pessoas, contudo, não se sentiam escravas. Havia significado no trabalho delas: prover recursos para os estudos de um filho ou para a cirurgia da esposa, do pai ou da mãe, que estavam no Brasil aguardando por eles. Quem trabalha por amor tem um extraordinário brilho nos olhos, um canto no coração, um permanente desejo de fazer o melhor que é possível pela pessoa amada.
Você percebe? O grande problema da igreja são os milhões de cristãos que servem a Cristo como escravos. Nesse contexto, cada segundo de trabalho ou centavo de doação se torna um enorme peso. É exatamente dessa condição que Cristo nos libertou. Quando eu realmente entendo quem Ele é e o que Ele significa para mim, então não existe nenhum limite para minha dedicação, serviço, zelo e amizade.
25 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Amigo dos pecadores – E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles. Lucas 15:2
Faz alguns anos, em visita à Universidade Adventista Southwestern, no Texas, o pastor Jan Paulsen, então presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, observou a importância de transformar o espírito e o clima das igrejas adventistas para torná-las um lugar em que as pessoas se “sintam aquecidas, bem-vindas, seguras, aceitas e livres”. Ele declarou: “Nossas igrejas não são um clube exclusivo para aqueles que se sentem bons e virtuosos. Os pecadores devem ser recebidos cordialmente em nossas igrejas porque esse é o lar deles.”
Essas palavras sábias estão em harmonia com o Jesus que encontramos nas narrativas dos evangelhos. Ele é repetidamente considerado “amigo dos pecadores” e compartilha refeições com eles. Uma dificuldade comum para nós é não entender que aceitar uma pessoa não significa aceitar o que ela faz. Cometemos ainda outro engano pensando que, ao vir para a igreja, devemos nos separar completamente das pessoas que não fazem parte dessa comunidade de fé. A pergunta real a ser feita é a seguinte: Em minha amizade com essa pessoa de fora da igreja, quem está influenciando quem? Jesus aproximou-Se de todos, mas Ele era a grande influência em Seus relacionamentos. Ellen G. White observa que Jesus incomodou os melindres farisaicos, invertendo a ordem da religião deles. Ele ensinou que não devemos esperar que as pessoas sejam transformadas para que as aceitemos: “Não nos arrependemos para que Deus nos ame, porém Ele nos revela Seu amor para que nos arrependamos” (Parábolas de Jesus, p. 189).
Quando foi a última vez que você saiu de seu caminho habitual e de seu grupo para relacionar-se com aqueles que vão à igreja e que você considera diferentes, tendo em vista incluí-los em seu convívio? Quando foi a última vez que você convidou alguém assim para uma refeição em sua casa ou mesmo em sua mesa em refeições na igreja? Amor fraternal provavelmente seja nossa chave perdida. Quando falamos de amor, não falamos de amor por aqueles que naturalmente aceitamos, que são iguais a nós ou que façam parte do nosso “clube”. Igrejas de membros frios, desatenciosos, indiferentes, satisfeitos com seus pequenos guetos não têm qualquer chance de atrair as pessoas e crescer. Paulsen termina com um desafio: “Se sua igreja não oferece a comunhão mais atrativa da comunidade, o que você fará para mudar isso?”
26 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Batizados no vinagre? – Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado. Mateus 13:30
O espírito de individualismo que permeia a cultura moderna afeta a igreja. Com frequência, encontramos membros “azedos”, parecendo terem sido batizados no vinagre. Partilhando da “mentalidade de morcego”, parecem ver as coisas sempre de cabeça para baixo. Críticos, encontram em tudo e em todos razões para seus ataques.
O pastor Robert Spangler, um dos mais dignos representantes do ministério adventista, antigo editor da revista Ministry, num livro publicado depois de sua trágica morte em um acidente automobilístico, em Los Angeles, descreve com extraordinário candor os próprios sentimentos. Suas palavras representam um apelo vestido em uma aura de tristeza:
“Ao permitir-nos transitar através do vale do vinagre, a doçura daquilo que Cristo está realizando por meio de Sua igreja passa despercebida. A mente vê aquilo em que foi treinada a permanecer. Malícia, ceticismo e cinismo são males difíceis de serem vencidos.” Spangler, então, fala de sua experiência, do espírito de crítica desenvolvido e alimentado: “Com tristeza, eu confesso que no início de meu ministério alimentei-me das faltas dos líderes da igreja. Lembro-me de uma carta hostil que escrevi ao velho amigo F. D. Nichol. Sua doce resposta desarmou-me completamente. Aquilo que eu tentava demonstrar não estava completamente errado, mas errados estavam meu espírito e minha atitude. À medida que os anos passaram, encontrei-me alimentando-me mais e mais dos problemas da igreja. Meu relacionamento com Jesus Cristo tornou-se frágil. As devoções pessoais eram frequentemente interrompidas por irritações [...]. Eu estava construindo barreiras entre meu coração, os outros obreiros e meu Deus. Gradualmente, por meio da ajuda do Senhor, aprendi a buscar o bem e o melhor” (And Remember – Jesus Is Coming Soon, p. 89).
Você vê erros na igreja? Segundo Jesus, o joio e o trigo estarão juntos até o final. Lembre-se, a igreja não é seu jardim, mas o jardim de Deus, e Ele saberá como administrar aquilo sobre o que não temos qualquer controle. Finalmente, lembre-se: Jesus está voltando em breve. Aliás, essa é uma tradução do título do livro do pastor Spangler. Essa era a mensagem de despedida que ele deixava em sua secretária eletrônica. É uma bela lembrança de que todos os desvios humanos serão afinal corrigidos.
27 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Por que não agradecemos? – Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?Lucas 17:17, 18
Quando foi ministro da Fazenda no governo de Washington Luís, Getúlio Vargas, grande estadista brasileiro, costumava semanalmente dar uma audiência pública e receber pessoas que queriam falar com ele. Em sua autobiografia, ele narra que, por algum tempo, certo homem vestido de preto entrava na fila das pessoas que iam fazer-lhe algum pedido. Mas, curiosamente, o homem de preto avançava até chegar sua vez, então cedia o lugar para a próxima pessoa, voltando para o fim da fila. Isso aconteceu durante várias semanas. Intrigado, Vargas chamou o homem e perguntou por que ele agia daquela maneira. Teve a seguinte resposta: “Bem, doutor, na verdade eu não venho aqui para pedir nada. Venho apenas para lhe agradecer aquilo que o senhor tem feito pelos pobres.” Getúlio conclui que nunca alguém o havia procurado para agradecer, e o único que o fez era doido!
Dos dez leprosos curados do terrível flagelo, apenas um voltou para dizer “muito obrigado”. Isso não é estranho? Por que somos tão reticentes em agradecer? Primeiramente, porque julgamos que merecemos mais do que aquilo que recebemos. Assim, o que nos é ofertado é sempre visto como um direito, não como privilégio. Em segundo lugar, pela falta de perspectiva. Nosso limitadíssimo campo de visão nos impede de ver que mesmo as coisas ruins podem ser bênçãos disfarçadas. Aquilo que não faz qualquer sentido será, afinal, visto como lógico quando pudermos ver tais fatos em todas as suas implicações. Para Ellen White, as provações amargas e os duros golpes da vida, se recebidos com fé, tornam-se coobreiros de Deus. Em terceiro lugar, falta-nos compreender que Deus não nos dá apenas o que queremos, mas aquilo que realmente necessitamos. E o que mais necessitamos? Apenas Ele sabe.
Aprender a agradecer em meio aos problemas comuns da existência significa mais do que conformismo passivo. Significa entender que nascemos em um planeta afligido por um conflito cósmico. Por outro lado, nossa rebelião é, muitas vezes, responsável por várias de nossas dores de cabeça. Devemos crer na providência divina. Em todas as circunstâncias, Deus trabalha para nosso bem final (Rm 8:28). Portanto, faça das palavras do hino “Dia a Dia” sua oração: “Quero, ó Deus, em cada sofrimento, / confiar em Teu cuidado e amor. / E com fé, eu permaneça atento / às promessas Tuas, meu Senhor.”
28 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Em tudo daí graças – Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1Tessalonicenses 5:18
Nesta seção de sua Epístola aos Tessalonicenses (5:12-22), o apóstolo Paulo oferece as exortações finais aos cristãos da Ásia Menor, para quem ele escreve. Eles são desafiados a viver de tal forma que agradem a Deus. O contexto geral é a lembrança do retorno de Cristo e a necessidade de vigilância. A ênfase não é ética, mas religiosa. Primeiramente o apóstolo trata da esfera dos relacionamentos: respeitai os que trabalham por vós, vivei em paz com os outros, consolai os de pouco ânimo, a ninguém pagai mal por mal e segui o bem uns para com os outros.
Então, Paulo oferece três exortações pessoais que tocam os motivos mais íntimos, alcançando os recessos da personalidade humana em sua relação com Deus: “Regozijai-vos sempre” (v. 16); “Orai sem cessar” (v. 17); “Em tudo, dai graças” (v. 18). Observe: “sempre”, “sem cessar” e “em tudo”. Essas qualificações indicam constância e abrangência. É natural nos regozijarmos algumas vezes, orar ocasionalmente ou mesmo, uma vez por ano, dar graças. Mas o apóstolo está falando de outra coisa. O termo traduzido por “sempre” aparece quatro vezes nessa carta e leva a ideia de “em cada ocasião” ou “em qualquer circunstância”.
O imperativo não é dar graças “por tudo”, mas “em tudo”. Não é apenas dar graças circunstancialmente, mas sempre. Agradecer aqui é tirado do reino das generalidades, e é a única ordem com uma razão: “Porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” Dar graças em tudo, seja cara ou coroa, faça chuva ou sol, haja abundância ou escassez, significa entender que Deus pode extrair algo bom daquilo que é ruim. Ter uma vida cheia de ação de graças é exortação comum em Paulo.
Curioso é que do ponto de vista da psicologia a gratidão começou a ser estudada a partir do ano 2000. Até então, a psicologia tradicional se ocupava de sentimentos negativos como ira, depressão, ansiedade e desejo de vingança.
Recentemente, a psicologia e as ciências relacionadas têm visto a gratidão como fonte de saúde. Nas Escrituras, ela é fundamental entre as virtudes cristãs, o útero onde outras virtudes são concebidas. Em circunstâncias adversas, a gratidão desconcerta o inimigo, que espera de nós apenas reclamações e queixas. Se você não pode agradecer hoje pelo fruto, agradeça pela sombra das folhas; se nem por isso, agradeça pela intenção da semente.
29 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A face séria do evangelho – Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo. 1Timóteo 1:8
Milhões de cristãos creem que a lei de Deus foi abolida. Tal ideia, contudo, não tem o apoio bíblico. No texto de hoje, vemos que a lei pode ser usada de forma legítima ou de maneira inapropriada. A lei pode, assim, ser empregada para fins nunca intencionados por Seu Autor. Esse foi o uso farisaico da lei. Paulo, em sua experiência pré-cristã, julgou poder confiar na justiça da lei, considerando-se “irrepreensível” (Fp 3:4-6). Segundo o farisaísmo, o homem era justificado pelas obras de obediência. Mas, afinal, o apóstolo entendeu que “ninguém será justificado [...] por obras da lei” (Rm 3:20). No entanto, o que é combatido não é a lei, mas o uso ilegítimo dela: a lei como método de salvação. Como norma de conduta cristã, a lei é afirmada. Daí surge a pergunta: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei” (Rm 3:31).
Paulo afirma ainda que a “lei é boa” (Rm 7:12). Boa para quê? Sabemos que coisas boas podem ser usadas de maneira indevida. Nem Cristo nem o Novo Testamento detratam a lei ou sua importância. Eles apenas buscam colocar a lei em seu devido lugar. Antes de tratar da lei em Romanos 7, Paulo trata da universalidade do pecado, concluindo que tal doença não pode ser curada pela lei (Rm 3:20, 21). Esse argumento representa um poderoso golpe na religião farisaica. A lei revela o pecado e a ira de Deus (Rm 4:15). Não há justiça na lei (Gl 2:16; 3:10). Como um espelho, a lei apenas aponta a seriedade de nosso problema, mas não oferece solução. Ela nos deixa com nossa sentença (Gl 3:1-3).
O uso farisaico da lei a colocava em competição com Cristo. Qual, então, é o propósito da lei? (1) Ela reflete o caráter de Deus. (2) Por meio dela o pecado se torna conhecido (Rm 7:7). (3) Ela conduz o homem a Cristo, nossa única esperança (Rm 3:28). (4) Ela age como guia moral. Assim, a lei nos conduz continuamente ao evangelho para a salvação, e o evangelho nos conduz à lei para a obediência. Lutero cria que Deus tem duas palavras ao homem: uma na lei, a outra no evangelho. Calvino discordava: “Deus tem apenas uma palavra ao homem: o evangelho.” O que é a lei? O reformador respondia: “A lei é a face séria do evangelho.” A graça não anula a lei, apenas nos dá uma nova motivação para a obediência. A graça nos diz que devemos amar a Deus. A lei nos ensina como fazê-lo.
30 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A bênção do Senhor enriquece – A bênção do SENHOR enriquece, e, com ela, Ele não traz desgosto. Provérbios 10:22
As pessoas, em geral, são destruídas e opressas precisamente por aquilo que buscam e a que atribuem valor. É apenas a presença de Deus que transforma, redime e dá significado ao que somos, temos e fazemos. Nossos ais iniciam quando Deus é forçado a deixar o centro de nossa vida e permitimos que falsos deuses tomem Seu lugar em nosso altar interno. Depois da queda, por natureza, o ser humano não tem paz no coração. Em nossa tentativa de resolver essa situação, agravamos nosso estado, permitindo que usurpadores nos governem. Os dons divinos tomaram o lugar de Deus, e todo o curso da natureza é desfigurado por essa monstruosa substituição.
Julgamos que os problemas reais serão resolvidos com o acúmulo de coisas. Possuir e possuir, cada vez mais, é como um câncer enraizado, endurecido e fibroso que nos subjuga e manipula. Cobiçamos as coisas com intenso desejo. Os pronomes “eu” e “meu” podem parecer inocentes quando escritos, mas seu domínio constante e universal é significativo. Eles expressam a real natureza do velho Adão em nós melhor do que centenas de compêndios de teologia poderiam fazê-lo. Essa incorrigível concentração em nós mesmos é o sintoma de nossa enfermidade.
O materialismo é a doutrina de que o único ou o mais alto valor e objetivo da vida encontram-se no bem-estar e segurança material. Em essência, o materialismo coloca uma etiqueta errada de preço nas coisas deste mundo e nas coisas de Deus. É uma ilusão pensar que apenas os ricos são vítimas desse assédio. Em muitos casos, os ricos são dominados pelo que têm, e os pobres pelo que gostariam de ter. Mas o resultado é o mesmo.
O materialismo começa com nossas crenças. Não é meramente aquilo que dizemos acreditar, mas o que realmente cremos, o estilo de vida pelo qual vivemos. Cristãos podem negar a teoria materialista, mas tornar-se materialistas práticos. Materialismo é uma questão do coração. Ele não pode ser corrigido por discursos ou seminários de moralidade e ética. A única esperança é uma mudança radical em nossa visão. Apenas Deus pode oferecer o contexto adequado para entendermos a nós mesmos e o lugar das coisas, das posses e do dinheiro. Você já observou com atenção os Dez Mandamentos? Eles começam com Deus, passam para as pessoas e terminam com as coisas. Essa é a ordem!
Avançando para o alvo – Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Filipenses 3:12
Em todas as reuniões de oração, um homem solicitava que os irmãos orassem para que Deus retirasse as “teias de aranha” de sua vida. O mesmo pedido era repetido todas as semanas. “Senhor, tira as teias de aranha de minha vida”, orava ele. Numa quarta-feira, depois da oração rotineira ser repetida mais uma vez, uma irmã, já cansada do mesmo pedido, ora: “Senhor, mata a aranha da vida deste irmão!”
A vida cristã pode tornar-se um poço estagnado, onde marcamos passo por anos, sem absolutamente qualquer avanço. Como saber se estamos fazendo progresso em nossa experiência espiritual? Alguns indicadores podem ajudar-nos nessa avaliação: Estudo a Palavra de Deus diariamente? Avanços e retrocessos têm muito que ver com proximidade ou distância da Palavra. Aplico em minha vida aquilo que aprendo da Bíblia? Busco sinceramente conhecer a vontade de Deus para mim, e estou vivendo o que conheço de Sua vontade? A oração é essencial em minha caminhada? Minha vida reflete o amor de Deus e os frutos do Espírito? Sirvo a Deus com meus talentos e dons? Atendo as necessidades dos outros? Aproveito as oportunidades para testemunhar de Jesus Cristo como um discípulo dEle? Sou fiel como mordomo dos bens que foram confiados?
Segundo Jesus, os frutos dão testemunho da natureza da árvore. Devemos nos lembrar de que, se Deus não pode mudar nosso caráter, Ele não poderá mudar nosso destino eterno. Sucesso ou fracasso nos pequenos testes diários, a despeito de qualquer otimismo infundado, indica claramente sucesso ou fracasso no grande exame final.
Para Ellen White, a “vida cristã é uma batalha e uma marcha”, e não vamos chegar a um estágio de perfeição absoluta, como alguns creem. Os cristãos sabem que, mesmo depois de avanços significativos, não há razão para orgulho. Haverá sempre mais para alcançar do que aquilo que já foi alcançado. Muitos pensam em santificação como se ela pudesse ser acumulada. Outros a imaginam em termos de exercício físico, em que os músculos são desenvolvidos até estarem tão fortes que não precisarão mais de Cristo. A realidade é que, na verdadeira santificação, ao invés de nos sentirmos mais fortes, tomamos consciência de nossa patética fraqueza separados dEle.
2 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Aproveitar as oportunidades – E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-Se oferecido uma vez [...] aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação. Hebreus 9:27, 28
Ninguém deseja morrer. Mesmo as pessoas que creem que vão para o Céu no momento da morte buscam de todas as formas prolongar a vida aqui. A morte é um encontro ordenado pelas circunstâncias da vida no planeta Terra. Ela é o destino que todos partilhamos, e ninguém, exceto alguns vultos das Escrituras, jamais escapou dela. Há os que não gostam de ouvir do realismo da morte, mas seria tolice viver como se a vida aqui fosse durar para sempre. Para colocar a questão em termos claros, o funeral é tão parte do casamento quanto a lua de mel, embora quase nunca nos lembremos disso.
A Bíblia nos adverte e a natureza dá testemunho de que tudo aquilo que tem início também tem um fim. O dia tem início com o nascer do sol. Mas o sol se põe e surgem as sombras. E então esse dia está para sempre eliminado do calendário, para nunca mais voltar. Nunca poderemos repetir o dia de hoje. Assim é também conosco. Nascemos, vivemos a infância, juventude, vida adulta e velhice. Então o tempo da partida chega para todos. A estatística da morte tem um índice impressionante: 100%.
Steve Jobs, o gênio dos computadores, fundador da Apple, que morreu no fim de 2011, mencionou que, aos 17 anos, deparou-se com uma frase que dizia mais ou menos o seguinte: “Ao se olhar no espelho cada manhã, pense que este pode ser seu último dia. Um dia você vai estar certo!” Num discurso de formatura na Universidade de Stanford, em 2005, Jobs declarou que isso causou enorme impressão nele. Saber que estaria morto destro de algum tempo foi um dos mais importantes instrumentos da vida, disse ele. Isso o ajudou a fazer grandes escolhas e a se libertar do medo e da superficialidade. Se esse, de fato, fosse seu último dia, você ainda faria algumas das coisas que está planejando fazer? Se a resposta for “não”, talvez isso sugira a necessidade de algumas mudanças.
Mas o texto de hoje menciona outro encontro marcado também fora de nosso controle: o retorno de Jesus. Essa é realmente a única certeza que pode dar sentido à vida, encher-nos de alegria e paz, em um mundo em que tudo muda rapidamente e morte. Essa é a grande motivação para vivermos hoje em obediência, serviço e celebração.
3 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Atração fatal – É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Lucas 18:25
Na sociedade capitalista, o dinheiro é visto apenas como um meio de troca. Jesus, contudo, usou o termo aramaico Mamon para descrevê-lo.
Dessa forma, Ele o personificou, tratando o dinheiro como uma divindade. Para o Senhor, Mamon de fato é um deus contrafeito, em oposição ao Deus verdadeiro. O que Jesus revela é que o dinheiro é um poder tão forte que a maioria chega a considerá-lo capaz de fazer aquilo que apenas Deus pode fazer. O dinheiro exerce uma força espiritual, e sua relação com as pessoas é descrita em termos de “senhor e servo”. Para multidões, o dinheiro é o único relacionamento sério. Tudo o mais – amor, justiça, sabedoria e vida – não passa de palavras, conceitos, abstrações.
Pelo dinheiro, as pessoas chegam a se matar trabalhando, alienando-se daqueles a quem amam e por quem são amadas. A sociedade cuidadosamente treina as pessoas, persuadindo-as a trabalhar muito para comprar coisas para seus queridos. É como se dissessem: “As coisas expressam nosso amor melhor do que nossa mera presença.”
Que o dinheiro é um poder espiritual, não há dúvida. Muitos creem que, se o possuírem, todos os problemas estarão resolvidos. Nenhum outro conceito está mais arraigado no psiquismo humano. Se você desejar lutar contra a obesidade, dependência do álcool, tabagismo, drogas ou sexo disfuncional, encontrará ajuda para vencer essas dependências. Mas não existe nenhuma ajuda contra a ganância. O dinheiro é promovido de todas as formas, como se o valor pessoal dependesse dele. As pessoas se sentem orgulhosas de sua busca por mais dinheiro. Pais instigam seus filhos desde cedo a lutarem por ele, e a ganância é vista como virtude, estimulada e aplaudida.
Jesus conclui Seu diálogo com o jovem rico (Lc 18:16-30), que se afasta triste, com o texto de hoje sobre o camelo passar no fundo da agulha. Na Idade Média, muitas interpretações tentaram diluir a força dessa afirmação. Jesus, contudo, literalmente utiliza o maior animal e o menor orifício conhecidos na Palestina para ilustrar a realidade do obstáculo. Esse é o tamanho da dificuldade. Por quê? O dinheiro tende a tornar Deus desnecessário. Impossível que o rico entre no reino? Não! No capítulo seguinte, em Lucas 19, lemos a respeito de Zaqueu, o rico convertido de sua idolatria e contrafação. Como Zaqueu, faça de Cristo o Senhor de sua vida.
4 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Deus pode usá-lo em papéis inesperados – Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. 1Coríntios 1:25
Martinho Lutero era um monge agostiniano e professor na Universidade de Wittenberg. Em 1512, aos 29 anos, recebeu o título de Doutor nas Escrituras. Aos 32 anos, contudo, ele era apenas um homem local, sem grandes pretensões. Até então, não havia publicado nenhum trabalho acadêmico.
Wittenberg, ainda que sede de uma universidade, permanecia isolada dos grandes centros. Praticamente ninguém havia ouvido falar de Lutero fora de seu círculo.
Cinco anos depois, Lutero seria excomungado por Roma e estaria em conflito com a mais poderosa organização da Europa, a igreja. Em pouco tempo, tornou-se uma celebridade, o homem mais famoso entre os europeus, que liam seus escritos revolucionários. Lutero haveria de abalar a Igreja Romana, aparentemente imutável, mas, desde então, com a estrutura trincada por esse monge que se tornaria uma das pessoas mais importantes da história. O irônico é que ele não havia planejado nada disso. Um membro do baixo clero, como tantos outros, inicialmente queria apenas algumas mudanças em sua igreja, o que não foi permitido. Normalmente a hierarquia católica teria triunfado, e Lutero provavelmente teria sido queimado ou permaneceria no anonimato para sempre. Mas Deus tinha outros planos.
Em 1517, Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja, no castelo de Wittenberg, tratando principalmente das distorções relacionadas às indulgências. Começou, realmente, a estudar as línguas bíblicas apenas em 1518. Traduziu o Novo Testamento para a língua do povo em 11 semanas, estando escondido de seus inimigos. Tornou-se um notável administrador e organizador. Escreveu dezenas de livros e ocupa um lugar de importância na história da música. Em seu funeral, em 1546, Felipe Melanchton o comparou aos grandes homens da Bíblia e aos maiores pais da igreja, prestando a ele o tributo de considerá-lo o maior teólogo da igreja cristã desde o apóstolo Paulo.
Qual é o segredo dessa vida extraordinária? Sinceridade e integridade, aliadas a uma devoção ilimitada à Palavra de Deus. O Senhor pode usar, em Seus propósitos, qualquer pessoa que realmente queira ser usada por Ele. Como sabemos, Deus não chama os capacitados, mas capacita aqueles que são chamados.
5 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Aguardando o retorno do Senhor – Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer. João 15:5
A demora do segundo advento tem resultado em diferentes formas de comportamento entre adventistas. Depois do grande desapontamento de 1844, a maioria desanimou-se. Os adventistas do sétimo dia se organizaram posteriormente, herdando a expectativa do breve retorno de Jesus. Hoje, quase 170 anos depois, a demora da parousia tem produzido diferentes reações.
Alguns poderiam ser chamados de “aritméticos”. Baseados em interpretações no mínimo curiosas, dependendo de jornais e mapas proféticos de invenção própria, eles têm tentado determinar quando Cristo voltará. Para esses, a advertência do próprio Jesus de que “a respeito daquele dia e a hora ninguém sabe” (Mt 24:36) se dispersa como fumaça no vento.
Outro grupo é composto dos que estão tentando acelerar o retorno de Jesus por meio de seu estilo de vida: “Sr. e Sra. Perfeccionista.” Esses acham que tudo depende deles e assumem que a volta de Jesus será possível apenas quando todos adotarem restrições rigorosas na alimentação e na maneira de viver.
Há também o grupo composto pelos “descomprometidos”, no estilo “deixa a vida me levar”. Nada parece apelar ao interesse deles. Além desses, outro grupo é o dos “ativistas missionários”, os quais julgam que o retorno de Jesus depende exclusivamente da agressividade catequética deles.
Há aspectos de verdade em boa parte desses grupos. O problema surge quando a parte se torna o todo, e toda a vida cristã passa a depender de uma ênfase exclusiva. Jesus indicou que a única forma correta de aguardar Seu retorno, breve ou demorado, é em unidade com Ele. Em João 15, no discurso sobre a videira e os ramos, várias vezes Ele utiliza o verbo “permanecer”. Os frutos virão como resultado dessa união. Os frutos referem-se tanto à vida vitoriosa como aos resultados da dedicação missionária. E não só os frutos são resultado dessa união, mas também a própria alegria na vida cristã (v. 11).
Quando irá acontecer o segundo advento? Como o primeiro, ocorrerá na “plenitude do tempo” (Gl 4:4). No momento exato, segundo o calendário de Deus. Podemos “apressar” o advento de Jesus? A resposta é sim e não. Não por meio de esquemas humanos, e sim unidos à videira.
6 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Idolatria – Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Salmos 115:4
Corretamente entendida, a tecnologia deveria ser uma evidência de Deus e dos recursos com os quais Ele dotou Suas criaturas. Todo avanço e descoberta deveriam ser vistos como um testemunho dAquele que é o autor da inteligência e mantenedor da vida. Contudo, a tecnologia tornou-se uma idolatria e inimiga da reverência e da meditação. E, em última instância, a idolatria é a celebração do autismo humano.
Nas Escrituras, o culto idólatra não é primariamente uma questão de orar para estátuas de pedra, madeira, ouro, prata ou bronze. O culto aos ídolos é a celebração da criação humana como a maior realização de que somos capazes. O que está errado com a idolatria não é apenas que ela seja uma deslealdade a Deus e ofensiva a Ele. O problema com o culto aos ídolos é que ele é fútil. Na realidade, é uma maneira indireta de adorarmos a nós mesmos. A idolatria, porém, nunca nos ajudará a crescer e amadurecer. O resultado mais funesto dela é que a vida se torna vazia, sem mesmo nos apercebermos disso.
Em sentido final, o culto às nossas realizações se torna enfadonho porque não somos capazes de nos elevar acima de nós próprios. Curiosamente, nós podemos olhar para um lago, para as montanhas, o mar, as flores ou o céu estrelado por horas e não nos sentirmos enfadados. Mas quanto tempo você pode olhar para qualquer produto humano, seja um computador, iPad, avião, carro? Rapidamente nos cansamos daquilo que o ser humano pode inventar. Quando crianças, facilmente nos cansávamos de nossos brinquedos. Como adultos, a reação não é diferente. Não importa quão complicados e deslumbrantes sejam nossos “brinquedinhos”, quando os comparamos com a grandeza e complexidade do Universo, eles se tornam insignificantes.
Nas Escrituras, os ídolos não são nada. De fato, a palavra hebraica para “ídolo” equivale a “vento”. Alguns de nossos ídolos são concretos; outros, abstratos: máquinas, dinheiro, posses, prazer, trabalho, posições, poder, aparência. Mas não importa o que sejam, não podemos confiar neles mais do que podemos confiar no vento. Ore hoje com o salmista: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na Tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16:11).
7 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Identificando nossos ídolos – Tendo ido Labão fazer a tosquia das ovelhas, Raquel furtou os ídolos do lar que pertenciam a seu pai. Gênesis 31:19
A questão não é se possuímos ídolos. Quase todos os têm. Difícil é identificá-los. Eles estão escondidos sob muitos disfarces. Timothy Keller, em seu livro Counterfeit Gods (Deuses Falsos), oferece uma lista deles. Há ídolos teológicos feitos de erros doutrinários com distorções de Deus, em que se termina adorando um deus falsificado, criado por interpretações particulares. Existem ídolos sexuais, vistos na dependência de pornografia e promiscuidade. Dessa categoria fazem parte ideais físicos de beleza e idealismo romântico. Há ídolos da feitiçaria e do oculto, e também existem ídolos políticos nas ideologias de esquerda, direita ou centro, que absolutizam teorias sobre a organização da sociedade.
Ídolos raciais são encontrados em noções de superioridade étnica. Há ídolos relacionais, como “atrações fatais”, disfunções familiares e machismo. Ídolos podem ser religiosos, tais como moralismo, legalismo e perfeccionismo. Ídolos revelam-se também em idolatrias de sucesso ou em pretextos religiosos para abusar da autoridade. Ídolos filosóficos podem ser vistos em sistemas de pensamento. Ídolos culturais estão presentes no individualismo radical, em que a “felicidade pessoal” é supervalorizada, e também na devoção a um grupo, um partido, um clã, uma família ou um gueto elevados à posições de “comando” sobre a própria vida.
Pode-se acrescentar também formas mais complexas de idolatrias, enterradas no psiquismo humano, manifestadas em motivações patológicas e anomalias ditatoriais. Um exemplo disso é a idolatria do poder. “A vida tem sentido apenas se eu me assento em posições reconhecidas”, imagina o adorador do poder. “Tenho valor apenas quando tenho poder para comandar e ditar ordens aos outros.”
De acordo com as Escrituras, toda idolatria se curva diante de deuses falsos. Aqueles que buscam poder, sexo e dinheiro em lugar do verdadeiro Deus, em última análise, tornam-se escravos de seus ídolos. Usando a metáfora do casamento para a idolatria, Jeremias demonstra que aqueles que deixam o verdadeiro Esposo, por outros amores, caem em dependência. “Mas tu dizes: [..] amo os [deuses] estranhos e após eles irei’” (Jr 2:25). Em rebelião, podemos dizer como Judá ao divino Esposo: “Não te servirei.” Com que resultado?
“Em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa, te deitavas e te prostituías” (Jr 2:20). Essa é a realidade da idolatria.
8 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Admitindo nossas idolatrias – Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Romanos 1:21
Falando sobre os deuses falsos, David Clarkson, pregador inglês do século 17, observou que, embora poucos admitam suas idolatrias, nada é mais comum do que isso. Se pensarmos em nossa alma como uma casa, disse ele, “os ídolos estão em cada cômodo”. Nós damos preferência à própria sabedoria, vontade e reputação, em lugar da sabedoria e da vontade de Deus e da honra a Ele devida. Clarkson observou as relações humanas e mostrou como temos a tendência de fazê-las mais influentes e importantes para nós do que Deus. Segundo ele, muitos fazem dos piores inimigos o seu deus. Nós nos preocupamos mais com os medos, com aquilo que põe em perigo a liberdade e a própria vida do que com o desagrado divino. O coração humano é, de fato, uma incrível fábrica de produzir ídolos.
É impossível entender o coração ou a cultura se não discernimos os deuses contrafeitos que os influenciam. Em Romanos 1:21 e 25, Paulo demonstra que a idolatria não é apenas um pecado entre muitos outros, mas o que fundamentalmente está errado com o coração humano. Paulo faz uma longa lista dos pecados que criam a miséria e o mal no mundo, mas todos eles têm suas raízes no mesmo solo: a inexorável tendência humana de produzir deuses falsos. Em outras palavras, a idolatria é sempre a razão para os erros. Lutero entendeu isso perfeitamente ao afirmar que os Dez Mandamentos começam com o mandamento contra a idolatria. Por quê? Ele argumentava que por trás da quebra da lei está a idolatria. Nós nunca transgredimos qualquer outro mandamento sem quebrar antes o primeiro.
Quebramos os outros mandamentos porque o Deus verdadeiro Se torna secundário.
Nunca quebraríamos qualquer outro mandamento a menos que primeiro tornemos alguma coisa – aprovação humana, reputação, poder sobre os outros, vantagem financeira, diversão, satisfação – mais importante e valiosa para o coração do que a graça e o favor de Deus. Há alguma esperança para nós? Sim, se começarmos a perceber que os ídolos não podem simplesmente ser removidos. Eles devem ser substituídos. O segredo da mudança é identificar e desmantelar os deuses contrafeitos de nossa vida, substituindo-os pelo Deus verdadeiro.
9 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
As melhores e as piores testemunhas do cristianismo – Sereis Minhas testemunhas. Atos 1:8
Para incrédulos em geral, o avanço da ciência desmascarou a crença em Deus, julgando que a fé é uma apreensão infantil da existência. Neste caso, a única alternativa para “pessoas maduras” seria o ateísmo. Contudo, o que dizer de muitos cientistas, incluindo alguns ateus, que enxergam as limitações existentes na ciência? Infantil seria tomar as teorias científicas para “explicar o mundo”, uma vez que a ciência pode explicar, na melhor das hipóteses, os fenômenos observados no mundo. Se a tese dos incrédulos estivesse correta, todos os cientistas que mantêm crenças na existência de Deus deveriam ser considerados infantis e supersticiosos, e seus estudos não poderiam ser respeitados. Será que a religião teria envenenado Michelangelo, Dante, Bach, a arquitetura gótica e tantas outras realizações inconcebíveis sem a fé cristã?
Para o ateísmo fundamentalista como o de Richard Dawkins, a religião também é “essencialmente nociva”. Não há dúvida de que em nome de Deus e do cristianismo tem havido violência, fanatismo, guerras e intolerância. Contudo, se qualquer movimento for avaliado por aquilo que ele apresenta de pior, nenhum passaria no teste. Por outro lado, a sociedade ocidental jamais poderá ser compreendida sem os valores herdados do cristianismo. A compaixão, por exemplo, singularmente ilustrada na parábola do bom samaritano, não poderia ter surgido na Grécia. Os espartanos deixavam os bebês que nasciam mais débeis para morrer ao relento. Platão, em A República, claramente flerta com a eugenia. O cristianismo, por sua vez, apresenta a misericórdia como valor inegociável, que constitui o embrião para o serviço social, a expansão dos hospitais e o estabelecimento de grandes universidades. Se as barbáries fossem praticadas apenas em nome da religião, o argumento ateu faria sentido. Mas o que dizer daqueles que cometeram atrocidades em nome do ateísmo?
Como o casal McGrath observa no livro O Delírio de Dawkins, se o mundo fosse mais como desejaria Jesus de Nazaré, a violência poderia ser, de fato, algo do passado. Se, por um lado, as piores testemunhas contra o cristianismo são alguns cristãos, por outro lado, as melhores e mais brilhantes testemunhas do cristianismo também são os cristãos. Este é seu desafio, querido leitor: vindicar o nome de Cristo e da fé em sua vida diária por meio do amor e do serviço.
10 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A sacudidura na igreja – 1 – Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores. 1Timóteo 4:1
A igreja não é perfeita. A sinceridade de seu testemunho é frequentemente colocada em dúvida, de muitas formas, e seus inimigos nem sempre estão fora de seus limites. Líderes e membros cometem faltas que necessitam ser reconhecidas e resolvidas. Num ato de sabotagem, o inimigo traz para a igreja seus representantes.
Muitos têm tentado resolver os problemas da igreja semeando críticas a falhas reais ou imaginárias. Outros têm abandonado a fé. Alguns chegam mesmo a buscar estabelecer um novo remanescente. Na história do povo de Deus, encontramos o ciclo de “chamado, apostasia e novo chamado”. Israel foi chamado. Sua apostasia suscitou a igreja. Com a apostasia de grande parte da igreja, o Senhor levantou a Reforma do século 16. Como o protestantismo sofreu um processo de estagnação e apostasia, Deus suscitou o movimento adventista. Significa isso que esse processo deve continuar para sempre? Obviamente, esse ciclo deve ser quebrado em algum ponto; do contrário, por causa da natureza humana, ele recomeçaria sempre, sem qualquer resolução final da história.
Como Deus tratará os problemas da igreja se não existe provisão profética para um remanescente do remanescente? Deus introduzirá uma nova estratégia. No passado, o chamado foi para que os fiéis deixassem a comunidade apostatada. Nas cenas finais da história, ao contrário das reformas tradicionais, são os infiéis que deixarão a igreja. A sacudidura tomará o lugar do clássico chamado para sair. “Que sacudidura haverá entre os que se dizem filhos de Deus! [...] Os que têm grande luz e nela não têm andado terão trevas correspondentes à luz que desprezaram” (Ellen G. White, Testemunho Para Ministros, p. 163). Noutro texto, a voz profética aos adventistas adverte: “A sacudidura deve em breve acontecer para purificar a igreja” (Ellen G. White, Spiritual Gifts, v. 2, p. 284).
A sacudidura, não a dissidência, há de finalmente purificar a igreja. O extraordinário a respeito desse processo é que ele ocorrerá naturalmente, como resultado de uma incompatibilidade fundamental entre a verdade e tudo aquilo que é contrário a ela. Nosso desafio é “tirar calor da frieza, coragem da covardia e lealdade da traição” de outros (Ellen G. White, Review and Herald, 11 de janeiro de 1887).
11 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A sacudidura na igreja – 2 – Ele, porém, respondeu: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Mateus 15:13
A sacudidura é um evento esperado no fim dos tempos, conforme ensinam os adventistas. Em diferentes fontes, nos escritos de Ellen White, encontramos pelo menos 14 grupos que, eventualmente, deixarão a igreja:
Os autoenganados (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 89, 90; v. 5, p. 211, 212).
Os descuidados e indiferentes (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 182).
Os ambiciosos e egoístas (Primeiros Escritos, p. 269).
Os que recusam sacrificar-se (Primeiros Escritos, p. 50).
Os orientados pelo mundanismo (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 288).
Os que comprometem a verdade (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 81).
Os desobedientes (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 187).
Os invejosos e críticos (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 251).
Os fuxiqueiros, que acusam e condenam (Olhando Para o Alto, p. 122).
A classe conservadora superficial (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 463).
Os que não controlam o apetite (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 31).
Os que promovem desunião (Review and Herald, 18 de junho de 1901).
Os estudantes superficiais das Escrituras (Testemunhos Para Ministros, p. 112).
Os que perderam a fé no dom profético (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 84).
Dois fatos aqui são convergentes. Primeiramente, a ampla variedade desse catálogo. Em segundo lugar, todas essas categorias estão hoje representadas na igreja. “Na medida em que a tempestade se aproxima”, somos advertidos de que “uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandona sua posição, passando para as fileiras do adversário” (O Grande Conflito, p. 608). Novamente, a ênfase é colocada no fato de que são os infiéis que abandonarão a igreja. No texto de hoje, Jesus nos adverte contra as heresias teológicas do rigorismo farisaico como plantas que Deus não plantou. As heresias, contudo, não se limitam às doutrinas. Há também as heresias do comportamento, que serão também eliminadas.
Quando eu ainda era bem jovem, minha família mudou-se para Brasília. Batizado recentemente, para minha surpresa, conheci um grupo de adventistas do qual nunca ouvira falar. A conversa extremista deles causou forte impressão em mim. Mas, desde então, aprendi que a santidade bíblica é mais que meras exterioridades e que a purificação da igreja virá, mas administrada pelo Senhor da igreja. (
12 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Crença e prática – Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Isaías 58:6, 7
A Teologia da Libertação, mencionada anteriormente, criticou de modo severo a teologia tradicional por sua grande insistência na “crença correta”, a ortodoxia, tendo se esquecido completamente da “prática correta”, a ortopráxis. De fato, não podemos pretender inocência nesse particular.
Em muitas ocasiões da história, aqueles que foram zelosos e absorvidos pela ênfase na crença esqueceram-se da outra face da mesma moeda: a prática. Crença correta tem sentido apenas quando ela nos leva à prática ou às ações corretas. Unilateralidade aqui é indesculpável. Pode ser vista apenas como uma máscara para desviar a atenção do dever.
O curioso é que o texto do profeta Isaías mencionado hoje foi escrito originalmente para pessoas não muito diferentes de nós. Preocupadíssimos com a guarda do verdadeiro dia de repouso, com o Dia da Expiação e a purificação do santuário, zelosos com as leis de saúde, acabaram negligenciando o “comportamento correto” em relação aos pobres e oprimidos. O profeta repreende seriamente o desequilíbrio entre a crença e a prática.
Não pergunte se Deus Se preocupa com os pobres. Essa não é a questão. Eu, você e a igreja nos preocupamos com eles? Essa é a pergunta real. Quando você tiver tempo, dê uma olhada no Google sobre “pobreza” e “fome” no mundo. Se você não tem acesso à internet, não há problema; basta olhar ao redor. A realidade é alarmante. O texto de hoje fala de alimento, abrigo, hospedagem, vestuário. São as mesmas categorias indicadas por Jesus em Seu discurso sobre o grande julgamento em Mateus 25:31-40. Quando estivermos reunidos, naquele dia, diante do grande trono branco, o Rei Jesus não perguntará se tivemos a crença correta, mas se aquilo em que cremos foi tão real que afetou nossas ações. O exame final não será essencialmente sobre a crença correta, mas sobre a prática correta. Talvez não poderemos fazer tanta diferença, mas eu, você e a igreja podemos ajudar a muitos. Madre Teresa de Calcutá corretamente observou que as “mãos que servem são mais sagradas do que os lábios que oram”.
13 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Igreja perfeita? – Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida. 2Coríntios 2:4
Com certa frequência, idealizamos a igreja primitiva. “Gostaria que minha igreja fosse como a igreja do 1º século”, às vezes sonhamos. Imaginamos, assim, uma comunidade absolutamente perfeita, composta de membros radicalmente comprometidos, vivendo em impecável harmonia, sem qualquer problema de fé ou de relacionamentos. Infelizmente, a realidade das primeiras igrejas não se ajusta a esse quadro romântico. A igreja em Corinto é um exemplo disso. Portanto, se você está desanimado com sua igreja, anime-se.
A comunidade cristã em Corinto, como é evidente nas duas cartas de Paulo a esses cristãos, mostra-nos que problemas existem em todas as partes enquanto estivermos lidando com pessoas reais, vivendo em um mundo real. Essa igreja lutava com alguns dos mesmos problemas que enfrentamos hoje: divisões sobre personalidades e doutrinas, imaturidade, questões de disciplina, imoralidade, casamento e divórcio, insensibilidade, competição entre os irmãos da fé, relacionamento com os descrentes, estilos de culto, assistência aos pobres, dinheiro e generosidade. Isso para mencionar algumas das questões.
Cristãos atuais podem se beneficiar muito da leitura das duas cartas de Paulo aos Coríntios e encontrar nelas grande encorajamento. Elas nos relembram de que a igreja é formada por pecadores salvos pela graça. Não existe espiritualidade instantânea, e o discipulado é um processo lento. Apesar de suas fraquezas, essas pessoas tinham um lugar especial no coração daqueles que as conheciam bem e as haviam iniciado na fé em Cristo. A primeira e a segunda carta aos Coríntios nos ajudam a ver além dos estereótipos que podemos nutrir em relação à igreja e ao ministério. A primeira carta demonstra que a igreja é formada de pessoas como eu e você, cristãos que estavam lutando com problemas reais. A segunda carta indica que aqueles que se dedicam ao ministério de tempo integral lutam com dúvidas e sentimentos como qualquer outra pessoa.
Pergunte-se: “Se Paulo viesse à minha igreja hoje, que questões ele veria? O que ele teria a dizer?” Mais importante ainda: “Como eu estou reagindo a tais problemas?” Cuide para que você seja parte da solução e da cura.
14 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Cegos guiando surdos – Dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Apocalipse 3:17
Às vezes, descrevemos os que estão fora do círculo do conhecimento de Cristo como surdos, incapazes de ouvir a voz de Deus, Suas advertências e Seus apelos. Contudo, a questão se torna perturbadora quando lemos a descrição bíblica da igreja como sendo composta, em sua maioria, de “pobres, cegos e nus”. Em termos simples, a questão é a seguinte: Como podem cegos, para se dizer o mínimo, conduzir surdos?
Em seu livro Why Revival Tarries (Por que o Reavivamento Demora?), Leonard Ravenhill observa: “Ferida de pobreza em muitas áreas, como a igreja se encontra hoje, em nada ela é tão pobre como na oração. Temos muitos que organizam, mas poucos que agonizam; muitos cantores, mas poucos intercessores; muita aparência, mas pouca insistência; muitos convencidos, poucos convertidos; muitos informados, poucos transformados. Falhar na oração é falhar em tudo o mais.”
A oração intercessora tornou-se prática quase perdida entre cristãos modernos. A não ser que tal virtude cristã seja redescoberta e reapropriada pela igreja, nossos esforços missionários não passarão de tristes e patéticas encenações. Não serão capazes de incomodar ninguém, muito menos o diabo. Sem oração fervorosa, não seremos mais que um punhado de cegos tentando guiar surdos.
É a oração que dá autoridade, identidade e poder à igreja. As páginas das Escrituras do início ao fim estão marcadas pelo exemplo de oração. De Jesus, lemos que Ele passava noites orando (Lc 6:12). O livro de Atos está repleto das orações dos cristãos primitivos. Eles perseveravam na oração (At 2:42; 6:4). Para esses cristãos, a oração era a grande arma para o vigor missionário e a solução de problemas. Este é nosso grande desafio hoje: viver em espírito de oração. Precisamos encontrar tempo para que, como Paulo aconselha, façamos “súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1Tm 2:1, TB). Para o apóstolo, a oração é uma matéria de alta prioridade, o verdadeiro “negócio” da igreja, visto que pela oração a igreja partilha do ministério sacerdotal de Cristo.
Pense nisto hoje: quando trabalhamos, apenas nós trabalhamos; quando oramos, Deus trabalha. Qual trabalho você acha ser mais eficiente?
15 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Deus e César – Disse-lhes, então, Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E muito se admiraram dEle. Marcos 12:17
O relacionamento entre igreja e Estado foi entendido de diferentes formas ao longo da história. Martinho Lutero, contrariando a síntese católica medieval, cria que Deus tem duas esferas separadas de governo. Elas representam Sua mão direita e Sua mão esquerda. Cada uma executa diferentes tarefas. Os dois reinos pertencem a Deus e têm um mandato divino para resistir a um terceiro reino, pertencente a Satanás. Mas essas duas esferas devem permanecer separadas. Enquanto os anabatistas, um grupo de reformadores radicais, pregavam afastamento completo da sociedade e do governo, Lutero advogava participação. Para ele, a igreja e o Estado são parte da criação de Deus, mas um não deve ter domínio sobre o outro.
O sistema de Lutero, contudo, continha incoerências internas e resultou em pesado dualismo na vida da Igreja Luterana na Alemanha no período de Hitler, levando cristãos a uma vida dupla: uma como crentes e outra apoiando o nazismo, complacentes com as injustiças praticadas. Porém, outros cristãos, rejeitaram a interferência da liderança nazista na igreja. Dietrich Bonhoeffer e Karl Barth, teólogos do período, exerceram forte resistência ao governo. Barth, diante das pretensões de Hitler, observou que “a igreja tem apenas um Führer [líder], e esse não é Adolf Hitler”.
Para Barth, os cristãos devem ver a política como eles veem tudo o mais: cristologicamente. O Estado deve ser um instrumento de serviço útil, atuando como um ministro de Deus. Os cristãos são chamados a participar no Estado, dando a “César o que é de César”, mas sempre motivados pela submissão a Cristo. Eles têm a responsabilidade de servir a Cristo, não de formar um “partido cristão”. Eles devem servir ao governo de maneira consistente com o que Cristo demanda deles, apoiando a agenda política quando ela é consistente com o senhorio de Cristo. Como Barth escreveu, “com Deus, nenhuma neutralidade é possível. Devemos escolher entre o verdadeiro Deus e a idolatria”.
Diante de decisões políticas, os cristãos devem examinar as opiniões e opções, sem se deixar levar por ideologias ou propagandas. Assim como Cristo é um, deve ser a vida cristã. Quer na igreja ou fora dela, nossa vida, religiosa ou secular, deve ser orientada pelo serviço a Jesus Cristo.
16 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Pela graça sois salvos – Em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. Gálatas 6:15, ARC
A Galácia era uma província do Império Romano. Foi visitada pelo apóstolo Paulo em sua primeira viagem missionária. Ali não havia a herança judaica. Em Gálatas 4:6-9, Paulo fala da antiga condição dos gálatas, alienados de Deus, separados de Cristo, servindo o que por natureza não é Deus.
O apóstolo havia pregado acerca de Cristo com ênfase na cruz. Eles haviam conhecido a Deus e descoberto a liberdade no evangelho da graça. A Galácia representava os primeiros frutos da grande colheita das igrejas gentílicas. Muitos tinham sido batizados em testemunho de sua aliança com Cristo (4:3-5). Mas agora essa igreja estava sendo perturbada por mestres judaizantes. Provavelmente fossem judeus cristãos ainda intoxicados com a antiga fé, insistindo na circuncisão como um modo de garantir a salvação por meio de obras humanas. Era como se, para tornar-se cristão, alguém devesse tornar-se primeiramente judeu.
Paulo entende que tal ensino representa não apenas uma perversão, mas uma ameaça ao próprio coração do evangelho. Um perigo à liberdade em Cristo. Em consequência, ele escreve a Epístola aos Gálatas, uma das mais belas e lúcidas exposições do evangelho. Na seção final (Gl 6:12-18), ele contrasta duas justiças: uma é resultado da graça, a outra é baseada em obras humanas. Essas duas justiças não apenas se opõem; elas se contradizem e se excluem mutuamente. Se é pelas obras, não é pela graça. Mas, se é pela graça, não há lugar para obras humanas meritórias.
Com toda a intensidade de que é capaz, Paulo insiste que as obras humanas não têm qualquer valor como método de salvação, exceto aumentar a arrogância e a justiça própria dos homens. Se o esforço humano pode acrescentar qualquer coisa à obra perfeita de Cristo, então a salvação já não é pela graça. O que realmente conta não é o que nós podemos fazer, mas aquilo que Cristo fez de forma objetiva, perfeita, completa e final. O que importa é o ato de fé em Cristo, que curva a cabeça e aceita tal obra em nosso favor, abrindo assim o caminho para a nova vida. Para nossa salvação, fazemos apenas uma única contribuição: entramos apenas com o pecado, do qual devemos ser salvos.
17 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Certeza da salvação – Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 1João 1:9
No Novo Testamento, a salvação é sinônimo do perdão dos pecados, e o texto de hoje nos assegura que nossos pecados são perdoados quando nos aproximamos de Cristo em contrição. Todo cristão deveria ter certeza do perdão e consequentemente da salvação, os quais são ofertas da graça. A primeira Epístola de João foi escrita para que os cristãos conheçam a posição deles diante de Deus. De fato, se o Evangelho de João representa a declaração da salvação, sua primeira carta é a afirmação da certeza dela. Nessa carta, os verbos “saber” e “conhecer” e seus equivalentes aparecem mais de 40 vezes. Por exemplo: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus” (5:13, ARC). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (3:14). “Esta é a confiança que temos para com Ele [...]. Sabemos que nos ouve” (5:14, 15). “E nisto sabemos que O conhecemos: se guardamos os Seus mandamentos” (1Jo 2:3, ARC). “Sabemos que somos de Deus” (5:19).
A fé em Cristo traz a certeza do perdão, pois, como afirma o texto de hoje, “se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. Também é dito: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2:1). Juntos, esses textos asseguram que o perdão e a salvação trazem convicção à vida daqueles que estão em Cristo. Muitos se manifestam temerosos de falar em certeza da salvação porque julgam que isso, de alguma forma, representaria um perigo para a humildade e um estímulo ao pecado.
Seria a certeza do perdão divino razão para tratarmos o pecado com leviandade, como alguns poderiam pensar? Apenas se não entendermos o custo do perdão! Ao falar a respeito da pecadora que fora perdoada e Lhe lavava os pés com perfume e lágrimas de contrição, Jesus afirmou que o grande amor que ela mostrou provava que os seus muitos pecados já haviam sido perdoados (Lc 7:47). A consciência do perdão torna-nos dedicados. Leva-nos a amá-Lo mais e a viver em serviço dedicado. O amor torna-se um poderoso incentivo à vida consagrada e, ao mesmo tempo, é o único e autêntico obstáculo ao pecado.
18 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Santidade ao Senhor – Fizeram também a folha da coroa de santidade de ouro puro, e nela escreveram o escrito como de gravura de selo: SANTIDADE AO SENHOR. Êxodo 39:30, ARC
“Santidade ao Senhor” é um famoso lema das Escrituras. A santificação é um requerimento universal, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Contudo, o significado bíblico de santificação parece obscuro para multidões de cristãos. Para muitos, existe uma entidade chamada “justiça comunicada”, que podemos acumular, de modo que nos tornamos mais e mais justos em nós mesmos e, na proporção em que temos mais dessa justiça dentro de nós, menos necessitamos da justiça imputada de Cristo.
A fraqueza e a pecaminosidade do cristão em crescimento terminariam, finalmente, em uma justiça interior plena antes do retorno de Cristo. Em suma, muitos pensam que justificação é aquilo que Cristo faz por nós, e santificação é aquilo que nós fazemos por Ele.
Outra maneira de entender a noção de justiça comunicada é concebê-la como participação na vida de Cristo. O que nos é comunicado é o controle do Espírito Santo sobre nossa vida. A justiça de Cristo em nenhum sentido é nossa à parte ou independente dEle. Tal justiça sempre pertence a Ele. De modo nenhum nos pertencerá. Se esse fosse o caso, a santificação teria o mesmo efeito do pecado: ela nos separaria de Deus (ver Is 59:2).
Assim, o ensino de que Cristo nos concede uma justiça que atua independente dEle e de que em algum ponto da história já não precisaremos mais dEle não é algo que tenha base nas Escrituras. Santificação não é uma qualidade que o homem possui nele mesmo, mas uma qualidade de vida derivada de Deus. Assim, quanto mais vivemos a vida cristã, mais nos tornamos submissos e dependentes de Cristo. Nesse sentido, a santificação depende da mesma fonte da justificação. Se a justificação é a justiça de Cristo creditada em nosso favor, a santificação significa o senhorio e controle de Cristo sobre nossa vida.
Alguns pensam que a santificação é um tipo de “halterofilismo espiritual”: à medida que se exercitam, mais fortes se tornam, até o ponto de não mais precisarem de Cristo para “erguer os pesos” da vida cristã. Em realidade, no exercício da verdadeira santificação, a única coisa que desenvolvemos é a consciência de nossa fraqueza, incapacidade e absoluta dependência dEle. Sem Cristo, nada podemos fazer (Jo 15:5).
19 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Buscavam apedrejá-Lo – Disseram-Lhe os discípulos: Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá? João 11:8
Os evangelhos dão testemunho de que, em diferentes ocasiões, buscou-se apedrejar Jesus. A intensidade do ódio dos adversários contra Ele pode ser vista nessas cenas. Em João 10:31, lemos que, “novamente, pegaram os judeus em pedras para Lhe atirar”. O apedrejamento era um antigo método judaico de punição capital. Estava reservado para os crimes mais severos contra a lei mosaica, que apresenta pelo menos dez razões para tal prática. Entre elas, estão: sacrifício de crianças (Lv 20:2), consulta a necromantes e feiticeiros (Lv 20:27), blasfêmia (Lv 24:16), transgressão do sábado (Nm 15:32-36), culto a falsos deuses (Dt 13:10), rebelião contra os pais (Dt 21:21), adultério (Ez 16:40; Dt 22:22), casos de rebelião contra uma específica ordem divina (Js 7:25).
O apedrejamento era geralmente conduzido pelos homens da comunidade (Dt 21:21), diante do testemunho de pelo menos duas pessoas, as quais deveriam atirar as primeiras pedras (Dt 17:5-7). A execução poderia durar de 20 minutos a duas horas e era conduzida fora do acampamento ou da cidade (Lv 24:14, 23; 1Rs 21:10-13). Jesus certamente percebeu as intenções de Seus inimigos quando eles O cercaram no pórtico de Salomão (Jo 10:22-24). No apedrejamento, o cerco dos executores era estratégico. Tinha a intenção de impedir que a vítima escapasse. Qual era a acusação contra Jesus? Blasfêmia. Ele declarara ser Deus, e isso incomodara grandemente Seus inimigos, assim como ocorrera em outra ocasião, quando agiu como Deus, perdoando pecados (Mc 2:7).
Mais uma vez, Ele demonstra Seu incomparável domínio próprio. Mestre de Suas emoções, está em absoluto controle de Si mesmo e da situação. Mais uma vez, Ele confunde a trama dos inimigos com o argumento das Escrituras: “Está escrito na vossa lei” (Jo 10:34). Jesus desmascara o dolo por trás das intenções dos opositores, demonstrando a incompetência deles. Mas realmente o que me impressiona nesse relato é a disposição de Cristo em expor Sua “face ao vento” por nós. Aquilo que as pedras não puderam fazer foi, afinal, realizado por uma cruz, na colina do Gólgota. Ele morreu por você para que você viva por Ele.
20 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Apenas para pecadores – Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 1Timóteo 1:15
John T. Carroll menciona que, quando foi pastor numa cidade do estado de Nova York, costumava colocar semanalmente uma frase no quadro externo de anúncios para chamar a atenção de pessoas que passavam pela frente da igreja. Em certa ocasião, a frase era a seguinte: “Esta igreja é apenas para pecadores.”
No fim daquela semana, ele recebeu uma carta na qual um membro anônimo escrevia indignado: “Eu estou chocado em saber que nossa igreja é apenas para pecadores. Tenho sido membro dela por 25 anos, e nunca percebi que eu estava no lugar errado e não era bem-vindo.” Na semana seguinte, o pastor Carroll escreveu no quadro de anúncios um texto bíblico: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23, ARC).
Na parábola do fariseu e do publicano, Jesus condenou todo elitismo religioso daqueles que se julgam melhores. A conclusão da parábola de Jesus deve ter estarrecido e irado muitos religiosos de Sua audiência. Um piedoso judeu e um ganancioso publicano sobem ao templo para orar, mas é o último que desce justificado. Qual o problema? O fariseu procurou estabelecer sua justiça própria (Rm 10:3).
Portanto, perdeu de vista a justiça divina (Rm 9:30, 31). O coletor de impostos, não tendo nada do que se gloriar perante Deus (Rm 4:2), confiou nAquele que “justifica o ímpio” (Rm 4:5).
O escândalo da graça, expresso na parábola, é que o “justo” não está mais perto de Deus do que o injusto que reconhece sua condição. Deus rejeita todo desempenho humano erradamente motivado. Em última análise, mais que “transgressão da lei”, o pecado tem uma dimensão relacional, que desce ao nível das motivações. Como o apóstolo relembra, “tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23). Assim, a questão não é apenas o que fazemos, mas por que o fazemos.
Alimentando ilusões a respeito de sua santidade, muitos pensam que são superiores aos seus irmãos. Isso apenas revela que eles desconhecem a Deus e a si mesmos. C. S. Lewis observa corretamente que, “quanto mais um homem está se tornando verdadeiramente melhor, ele entende mais e de modo mais claro o mal que ainda permanece nele. Quando um homem está se tornando pior, menos ele entende sua própria malignidade”.
21 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Quando Deus não faz sentido – E, passando os mercadores midianitas, os irmãos de José o alçaram, e o tiraram da cisterna, e o venderam por vinte siclos de prata aos ismaelitas; estes levaram José ao Egito. Gênesis 37:28
Alguma vez você já se sentiu injustiçado, enganado, em amargura e revolta, e para sua surpresa os reveses sofreram uma mudança? Já passou pela experiência em que tudo parecia perdido, mas novas circunstâncias mostraram outra leitura, e os desacertos foram revertidos em seu benefício? Você teve algum plano que deu errado e, em meio às vidraças partidas, foi possível compreender que precisamente o que era visto como perda tornou-se ganho? Para aqueles que estão nas mãos de Deus, buscando sinceramente viver conforme Sua soberana vontade, não há coincidências. Os “golpes do acaso” tornam-se pela ação divina coobreiros de Deus para executar Seus desígnios. Os cristãos têm uma palavra para isso: providência.
O histórico Catecismo de Heidelberg descreve a providência divina de maneira bastante determinista: “Pelo Seu permanente e infalível poder, Deus sustenta Céus, Terra e todas as criaturas, e assim os governa de tal forma que, cara ou coroa, chuva ou seca, anos de fartura ou períodos de fome, saúde ou doença, prosperidade ou pobreza, todas as coisas de fato nos vêm não por acaso, mas das mãos paternas.”
A história de José é uma das mais claras demonstrações da providência divina em ação. Lançado num poço pelo ódio obstinado de seus irmãos, ele é providencialmente salvo pela intervenção de Rúben, seu irmão mais velho. Aos 17 anos, é vendido a beduínos que surgem no momento exato. No Egito, ele é providencialmente vendido a um alto oficial de Faraó. Por sua integridade, contudo, é lançado na prisão. O presente e futuro não poderiam parecer mais escuros. Nenhuma perspectiva. A história parecia terminar ali. Indefeso em terra estranha!
Entretanto, quando o drama é visto em seu alcance mais longo, as linhas que parecem pontas soltas, sem qualquer relacionamento ou propósito, começam a tomar forma. Os eventos absurdos começam a seguir direção inesperada. Interpretando o sonho de Faraó, José torna-se o segundo homem do Egito. Como fica claro mais tarde, é precisamente sua intervenção que salva da morte por fome o povo que Deus escolhera como depositário de Seus planos. Não por sorte ou acaso, as peças do quebra-cabeça se encaixaram afinal. O bordado apenas estava sendo visto pelo avesso.
22 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Vinte anos depois… – Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus. Gênesis 45:8
O arremate da história de José é de extraordinária beleza. Seus irmãos nem de longe poderiam fazer a conexão entre o irmão que eles haviam vendido e esse poderoso príncipe de autoridade ilimitada no Egito. Deus, não as escolhas humanas, havia levado José até onde ele estava. Aparentemente Deus estivera indiferente quando os irmãos o jogaram num poço, quando estrangeiros o venderam como escravo, quando as mentiras da Sra. Potifar acrescentaram novos sofrimentos às suas desgraças e o colocaram na prisão.
Mas cada fato nessa lista de eventos tinha leitura diferente das aparências. Precisamente os acontecimentos que pareciam golpes cegos do acaso levavam sua vida para mais perto da realização do propósito divino. Três vezes, na narrativa, José indica sua percepção da providência divina: “Não foram vocês, mas Deus.” Afinal, não foi a inveja de seus irmãos o fator decisivo. Eles foram atores menores. O principal ator do drama é o Altíssimo. Cada detalhe da história é utilizado nas malhas de um propósito superior, invisível e incompreensível aos olhos humanos.
Nisso não há nada de determinismo nem “carma” inescapável. A providência divina é vocabulário exclusivo das Escrituras cristãs. Note, Deus não tem qualquer sociedade com o mal. Quando as pessoas pecam, as falhas são exclusivamente suas. A parcialidade de Jacó foi seu pecado. Deus não forçou os irmãos de José a invejá-lo. Deus não é culpado pela licenciosidade da Sra. Potifar. Ele não foi responsável pela ingratidão do copeiro. Mas, sem que fosse culpado ou causador de tais males, de uma maneira misteriosa, nos conselhos de Sua providência, o Todo-poderoso não é tomado de surpresa. Seus planos não são frustrados pelo pecado ou a fraqueza humana. Em todos os pecados contra José, Deus pacientemente trabalha em favor dele, para a glória final de Seus propósitos.
É a compreensão da providência divina que capacita José a elevar-se acima de qualquer sentimento de vingança, revanche ou revolta. Se ele tivesse se tornado amargo, desafiador ou cínico, teria perdido a percepção das novas possibilidades. Tal compreensão também o torna humilde e grato, atribuindo a Deus todo o êxito de sua vida. José “lembrou-se dos sonhos” (Gn 42:9, ARC). Deus também nos deu um sonho glorioso: reinar com Cristo, afinal. E nada, a não ser nós mesmos, poderá frustrar esse sonho.
23 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
As condições do discipulado – Perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. Filipenses 3:8
Em Lucas 14:25-33, Jesus sumariza em três cláusulas o que está envolvido em nossa decisão de aceitá-Lo: “Se alguém vem a Mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo” (v. 26). Em muitos casos, a decisão de seguir a Jesus fica condicionada às opiniões e lealdades familiares. Jesus não deixa dúvida sobre o que deve ter prioridade. A palavra ofensiva aqui é “aborrece”. Mas o termo tem apenas teor comparativo, significando “amar menos”. Nosso amor por Ele deve ser tão grande que, em comparação, outros amores, sem Ele, pareceriam aborrecimento. Devemos entender que as lealdades humanas se fragmentam e deterioram-se a não ser que sejam purificadas por uma devoção absoluta. De fato, apenas quando amamos a Cristo de forma suprema, verdadeiramente podemos amar pai, mãe, mulher, filhos, irmãos e irmãs.
Em segundo lugar, Ele diz: “Qualquer que não tomar a sua cruz e vier após Mim não pode ser Meu discípulo” (v. 27). A cruz era símbolo de morte. É disso que Jesus está falando: abdicação total do trono da vida, morte para o “eu”. Mas aqui também encontramos um paradoxo. Segundo Ele, se o grão não morrer, não pode produzir frutos (ver Jo 12:24). Tudo aquilo que colide com Cristo deve ser sacrificado. Somente então podemos viver, partilhando de Sua ressurreição. Quando permanecemos em nossas próprias mãos, à mercê de nossos caprichos e fantasias, não existe nenhuma chance de vida real.
Na terceira cláusula, Cristo declara: “Todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser Meu discípulo” (Lc 14:33). Jesus exige completa capitulação. Esse é um texto impopular. Ao som dessas palavras, milhões têm desistido de Jesus. A renúncia aqui é completa e abrangente. O texto significa que nada é muito grande em comparação com Cristo. C. S. Lewis observa que as pessoas são como ovos. Como tal, quais são as alternativas? Bem, você pode deixar-se chocar e tornar-se um belo pássaro, destinado a voar e dominar o espaço, ou pode apodrecer em você mesmo como um “ovo decente”. A escolha é sua. Não fosse pela cruz, Jesus teria milhões de outros seguidores. A tragédia é que muitos não querem pagar o preço do discipulado. Muitos gostariam de Cristo sem a cruz. Mas isso é impossível. (
24 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Amigos ou servos? – Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer. João 15:15
No capítulo 15 do Evangelho de João, Jesus Se identifica como a videira verdadeira. No Antigo Testamento, Israel havia sido comparado à videira (Sl 80:8; Is 5:1-7). Mas Israel fora apenas uma representação da videira verdadeira e havia falhado em sua missão. Nesse contexto, oito vezes Jesus fala de nossa necessidade de “permanecer” nEle. O que permanece nEle produz muito fruto. Então Ele conduz o argumento a uma conclusão radical: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
No verso 11, o Senhor fala da alegria resultante da associação com Ele. Alegria? Para milhões de cristãos, essa seria a última coisa a ser encontrada na vida cristã, vista precisamente como obstáculo à alegria. Como seria isso possível? A chave aparece no texto de hoje e tem que ver com o tipo de relacionamento que estabelecemos com Ele. Somos servos ou amigos? O que seria mais conveniente: ter um escravo ou um amigo? Claro que isso depende do ângulo pelo qual a questão é analisada. Do ponto de vista pragmático, um escravo seria muito útil. Contudo, como serve um escravo? Sem dúvida, com amargura, face longa e ressentimentos. Como serve um amigo? Um amigo real, motivado por amor e altruísmo, pode ir ao extremo de sacrifícios, mas com alegria e satisfação.
A essência da escravidão não é muito trabalho ou trabalho pesado, mas trabalho sem significado. Durante o período em que fui pastor nos Estados Unidos e no Canadá, vi pessoas trabalharem em empregos difíceis, com pouco tempo para dormir. Essas pessoas, contudo, não se sentiam escravas. Havia significado no trabalho delas: prover recursos para os estudos de um filho ou para a cirurgia da esposa, do pai ou da mãe, que estavam no Brasil aguardando por eles. Quem trabalha por amor tem um extraordinário brilho nos olhos, um canto no coração, um permanente desejo de fazer o melhor que é possível pela pessoa amada.
Você percebe? O grande problema da igreja são os milhões de cristãos que servem a Cristo como escravos. Nesse contexto, cada segundo de trabalho ou centavo de doação se torna um enorme peso. É exatamente dessa condição que Cristo nos libertou. Quando eu realmente entendo quem Ele é e o que Ele significa para mim, então não existe nenhum limite para minha dedicação, serviço, zelo e amizade.
25 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Amigo dos pecadores – E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles. Lucas 15:2
Faz alguns anos, em visita à Universidade Adventista Southwestern, no Texas, o pastor Jan Paulsen, então presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, observou a importância de transformar o espírito e o clima das igrejas adventistas para torná-las um lugar em que as pessoas se “sintam aquecidas, bem-vindas, seguras, aceitas e livres”. Ele declarou: “Nossas igrejas não são um clube exclusivo para aqueles que se sentem bons e virtuosos. Os pecadores devem ser recebidos cordialmente em nossas igrejas porque esse é o lar deles.”
Essas palavras sábias estão em harmonia com o Jesus que encontramos nas narrativas dos evangelhos. Ele é repetidamente considerado “amigo dos pecadores” e compartilha refeições com eles. Uma dificuldade comum para nós é não entender que aceitar uma pessoa não significa aceitar o que ela faz. Cometemos ainda outro engano pensando que, ao vir para a igreja, devemos nos separar completamente das pessoas que não fazem parte dessa comunidade de fé. A pergunta real a ser feita é a seguinte: Em minha amizade com essa pessoa de fora da igreja, quem está influenciando quem? Jesus aproximou-Se de todos, mas Ele era a grande influência em Seus relacionamentos. Ellen G. White observa que Jesus incomodou os melindres farisaicos, invertendo a ordem da religião deles. Ele ensinou que não devemos esperar que as pessoas sejam transformadas para que as aceitemos: “Não nos arrependemos para que Deus nos ame, porém Ele nos revela Seu amor para que nos arrependamos” (Parábolas de Jesus, p. 189).
Quando foi a última vez que você saiu de seu caminho habitual e de seu grupo para relacionar-se com aqueles que vão à igreja e que você considera diferentes, tendo em vista incluí-los em seu convívio? Quando foi a última vez que você convidou alguém assim para uma refeição em sua casa ou mesmo em sua mesa em refeições na igreja? Amor fraternal provavelmente seja nossa chave perdida. Quando falamos de amor, não falamos de amor por aqueles que naturalmente aceitamos, que são iguais a nós ou que façam parte do nosso “clube”. Igrejas de membros frios, desatenciosos, indiferentes, satisfeitos com seus pequenos guetos não têm qualquer chance de atrair as pessoas e crescer. Paulsen termina com um desafio: “Se sua igreja não oferece a comunhão mais atrativa da comunidade, o que você fará para mudar isso?”
26 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Batizados no vinagre? – Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado. Mateus 13:30
O espírito de individualismo que permeia a cultura moderna afeta a igreja. Com frequência, encontramos membros “azedos”, parecendo terem sido batizados no vinagre. Partilhando da “mentalidade de morcego”, parecem ver as coisas sempre de cabeça para baixo. Críticos, encontram em tudo e em todos razões para seus ataques.
O pastor Robert Spangler, um dos mais dignos representantes do ministério adventista, antigo editor da revista Ministry, num livro publicado depois de sua trágica morte em um acidente automobilístico, em Los Angeles, descreve com extraordinário candor os próprios sentimentos. Suas palavras representam um apelo vestido em uma aura de tristeza:
“Ao permitir-nos transitar através do vale do vinagre, a doçura daquilo que Cristo está realizando por meio de Sua igreja passa despercebida. A mente vê aquilo em que foi treinada a permanecer. Malícia, ceticismo e cinismo são males difíceis de serem vencidos.” Spangler, então, fala de sua experiência, do espírito de crítica desenvolvido e alimentado: “Com tristeza, eu confesso que no início de meu ministério alimentei-me das faltas dos líderes da igreja. Lembro-me de uma carta hostil que escrevi ao velho amigo F. D. Nichol. Sua doce resposta desarmou-me completamente. Aquilo que eu tentava demonstrar não estava completamente errado, mas errados estavam meu espírito e minha atitude. À medida que os anos passaram, encontrei-me alimentando-me mais e mais dos problemas da igreja. Meu relacionamento com Jesus Cristo tornou-se frágil. As devoções pessoais eram frequentemente interrompidas por irritações [...]. Eu estava construindo barreiras entre meu coração, os outros obreiros e meu Deus. Gradualmente, por meio da ajuda do Senhor, aprendi a buscar o bem e o melhor” (And Remember – Jesus Is Coming Soon, p. 89).
Você vê erros na igreja? Segundo Jesus, o joio e o trigo estarão juntos até o final. Lembre-se, a igreja não é seu jardim, mas o jardim de Deus, e Ele saberá como administrar aquilo sobre o que não temos qualquer controle. Finalmente, lembre-se: Jesus está voltando em breve. Aliás, essa é uma tradução do título do livro do pastor Spangler. Essa era a mensagem de despedida que ele deixava em sua secretária eletrônica. É uma bela lembrança de que todos os desvios humanos serão afinal corrigidos.
27 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Por que não agradecemos? – Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?Lucas 17:17, 18
Quando foi ministro da Fazenda no governo de Washington Luís, Getúlio Vargas, grande estadista brasileiro, costumava semanalmente dar uma audiência pública e receber pessoas que queriam falar com ele. Em sua autobiografia, ele narra que, por algum tempo, certo homem vestido de preto entrava na fila das pessoas que iam fazer-lhe algum pedido. Mas, curiosamente, o homem de preto avançava até chegar sua vez, então cedia o lugar para a próxima pessoa, voltando para o fim da fila. Isso aconteceu durante várias semanas. Intrigado, Vargas chamou o homem e perguntou por que ele agia daquela maneira. Teve a seguinte resposta: “Bem, doutor, na verdade eu não venho aqui para pedir nada. Venho apenas para lhe agradecer aquilo que o senhor tem feito pelos pobres.” Getúlio conclui que nunca alguém o havia procurado para agradecer, e o único que o fez era doido!
Dos dez leprosos curados do terrível flagelo, apenas um voltou para dizer “muito obrigado”. Isso não é estranho? Por que somos tão reticentes em agradecer? Primeiramente, porque julgamos que merecemos mais do que aquilo que recebemos. Assim, o que nos é ofertado é sempre visto como um direito, não como privilégio. Em segundo lugar, pela falta de perspectiva. Nosso limitadíssimo campo de visão nos impede de ver que mesmo as coisas ruins podem ser bênçãos disfarçadas. Aquilo que não faz qualquer sentido será, afinal, visto como lógico quando pudermos ver tais fatos em todas as suas implicações. Para Ellen White, as provações amargas e os duros golpes da vida, se recebidos com fé, tornam-se coobreiros de Deus. Em terceiro lugar, falta-nos compreender que Deus não nos dá apenas o que queremos, mas aquilo que realmente necessitamos. E o que mais necessitamos? Apenas Ele sabe.
Aprender a agradecer em meio aos problemas comuns da existência significa mais do que conformismo passivo. Significa entender que nascemos em um planeta afligido por um conflito cósmico. Por outro lado, nossa rebelião é, muitas vezes, responsável por várias de nossas dores de cabeça. Devemos crer na providência divina. Em todas as circunstâncias, Deus trabalha para nosso bem final (Rm 8:28). Portanto, faça das palavras do hino “Dia a Dia” sua oração: “Quero, ó Deus, em cada sofrimento, / confiar em Teu cuidado e amor. / E com fé, eu permaneça atento / às promessas Tuas, meu Senhor.”
28 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
Em tudo daí graças – Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1Tessalonicenses 5:18
Nesta seção de sua Epístola aos Tessalonicenses (5:12-22), o apóstolo Paulo oferece as exortações finais aos cristãos da Ásia Menor, para quem ele escreve. Eles são desafiados a viver de tal forma que agradem a Deus. O contexto geral é a lembrança do retorno de Cristo e a necessidade de vigilância. A ênfase não é ética, mas religiosa. Primeiramente o apóstolo trata da esfera dos relacionamentos: respeitai os que trabalham por vós, vivei em paz com os outros, consolai os de pouco ânimo, a ninguém pagai mal por mal e segui o bem uns para com os outros.
Então, Paulo oferece três exortações pessoais que tocam os motivos mais íntimos, alcançando os recessos da personalidade humana em sua relação com Deus: “Regozijai-vos sempre” (v. 16); “Orai sem cessar” (v. 17); “Em tudo, dai graças” (v. 18). Observe: “sempre”, “sem cessar” e “em tudo”. Essas qualificações indicam constância e abrangência. É natural nos regozijarmos algumas vezes, orar ocasionalmente ou mesmo, uma vez por ano, dar graças. Mas o apóstolo está falando de outra coisa. O termo traduzido por “sempre” aparece quatro vezes nessa carta e leva a ideia de “em cada ocasião” ou “em qualquer circunstância”.
O imperativo não é dar graças “por tudo”, mas “em tudo”. Não é apenas dar graças circunstancialmente, mas sempre. Agradecer aqui é tirado do reino das generalidades, e é a única ordem com uma razão: “Porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” Dar graças em tudo, seja cara ou coroa, faça chuva ou sol, haja abundância ou escassez, significa entender que Deus pode extrair algo bom daquilo que é ruim. Ter uma vida cheia de ação de graças é exortação comum em Paulo.
Curioso é que do ponto de vista da psicologia a gratidão começou a ser estudada a partir do ano 2000. Até então, a psicologia tradicional se ocupava de sentimentos negativos como ira, depressão, ansiedade e desejo de vingança.
Recentemente, a psicologia e as ciências relacionadas têm visto a gratidão como fonte de saúde. Nas Escrituras, ela é fundamental entre as virtudes cristãs, o útero onde outras virtudes são concebidas. Em circunstâncias adversas, a gratidão desconcerta o inimigo, que espera de nós apenas reclamações e queixas. Se você não pode agradecer hoje pelo fruto, agradeça pela sombra das folhas; se nem por isso, agradeça pela intenção da semente.
29 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A face séria do evangelho – Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo. 1Timóteo 1:8
Milhões de cristãos creem que a lei de Deus foi abolida. Tal ideia, contudo, não tem o apoio bíblico. No texto de hoje, vemos que a lei pode ser usada de forma legítima ou de maneira inapropriada. A lei pode, assim, ser empregada para fins nunca intencionados por Seu Autor. Esse foi o uso farisaico da lei. Paulo, em sua experiência pré-cristã, julgou poder confiar na justiça da lei, considerando-se “irrepreensível” (Fp 3:4-6). Segundo o farisaísmo, o homem era justificado pelas obras de obediência. Mas, afinal, o apóstolo entendeu que “ninguém será justificado [...] por obras da lei” (Rm 3:20). No entanto, o que é combatido não é a lei, mas o uso ilegítimo dela: a lei como método de salvação. Como norma de conduta cristã, a lei é afirmada. Daí surge a pergunta: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei” (Rm 3:31).
Paulo afirma ainda que a “lei é boa” (Rm 7:12). Boa para quê? Sabemos que coisas boas podem ser usadas de maneira indevida. Nem Cristo nem o Novo Testamento detratam a lei ou sua importância. Eles apenas buscam colocar a lei em seu devido lugar. Antes de tratar da lei em Romanos 7, Paulo trata da universalidade do pecado, concluindo que tal doença não pode ser curada pela lei (Rm 3:20, 21). Esse argumento representa um poderoso golpe na religião farisaica. A lei revela o pecado e a ira de Deus (Rm 4:15). Não há justiça na lei (Gl 2:16; 3:10). Como um espelho, a lei apenas aponta a seriedade de nosso problema, mas não oferece solução. Ela nos deixa com nossa sentença (Gl 3:1-3).
O uso farisaico da lei a colocava em competição com Cristo. Qual, então, é o propósito da lei? (1) Ela reflete o caráter de Deus. (2) Por meio dela o pecado se torna conhecido (Rm 7:7). (3) Ela conduz o homem a Cristo, nossa única esperança (Rm 3:28). (4) Ela age como guia moral. Assim, a lei nos conduz continuamente ao evangelho para a salvação, e o evangelho nos conduz à lei para a obediência. Lutero cria que Deus tem duas palavras ao homem: uma na lei, a outra no evangelho. Calvino discordava: “Deus tem apenas uma palavra ao homem: o evangelho.” O que é a lei? O reformador respondia: “A lei é a face séria do evangelho.” A graça não anula a lei, apenas nos dá uma nova motivação para a obediência. A graça nos diz que devemos amar a Deus. A lei nos ensina como fazê-lo.
30 de novembro – Meditações Diárias – Meditação Matinal 2014 – Ligado na Videira
A bênção do Senhor enriquece – A bênção do SENHOR enriquece, e, com ela, Ele não traz desgosto. Provérbios 10:22
As pessoas, em geral, são destruídas e opressas precisamente por aquilo que buscam e a que atribuem valor. É apenas a presença de Deus que transforma, redime e dá significado ao que somos, temos e fazemos. Nossos ais iniciam quando Deus é forçado a deixar o centro de nossa vida e permitimos que falsos deuses tomem Seu lugar em nosso altar interno. Depois da queda, por natureza, o ser humano não tem paz no coração. Em nossa tentativa de resolver essa situação, agravamos nosso estado, permitindo que usurpadores nos governem. Os dons divinos tomaram o lugar de Deus, e todo o curso da natureza é desfigurado por essa monstruosa substituição.
Julgamos que os problemas reais serão resolvidos com o acúmulo de coisas. Possuir e possuir, cada vez mais, é como um câncer enraizado, endurecido e fibroso que nos subjuga e manipula. Cobiçamos as coisas com intenso desejo. Os pronomes “eu” e “meu” podem parecer inocentes quando escritos, mas seu domínio constante e universal é significativo. Eles expressam a real natureza do velho Adão em nós melhor do que centenas de compêndios de teologia poderiam fazê-lo. Essa incorrigível concentração em nós mesmos é o sintoma de nossa enfermidade.
O materialismo é a doutrina de que o único ou o mais alto valor e objetivo da vida encontram-se no bem-estar e segurança material. Em essência, o materialismo coloca uma etiqueta errada de preço nas coisas deste mundo e nas coisas de Deus. É uma ilusão pensar que apenas os ricos são vítimas desse assédio. Em muitos casos, os ricos são dominados pelo que têm, e os pobres pelo que gostariam de ter. Mas o resultado é o mesmo.
O materialismo começa com nossas crenças. Não é meramente aquilo que dizemos acreditar, mas o que realmente cremos, o estilo de vida pelo qual vivemos. Cristãos podem negar a teoria materialista, mas tornar-se materialistas práticos. Materialismo é uma questão do coração. Ele não pode ser corrigido por discursos ou seminários de moralidade e ética. A única esperança é uma mudança radical em nossa visão. Apenas Deus pode oferecer o contexto adequado para entendermos a nós mesmos e o lugar das coisas, das posses e do dinheiro. Você já observou com atenção os Dez Mandamentos? Eles começam com Deus, passam para as pessoas e terminam com as coisas. Essa é a ordem!
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