quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Professores influenciam vida de alunos além da esfera acadêmica

Para o doutor Renato Gross, professores devem trazer um diferencial para a vida dos estudantes.

Jacareí, SP… [ASN] “Hoje, por menor que seja, o aluno espera do professor uma palavra: coerência”. Era fim de tarde de uma segunda-feira quando, depois de dois dias cheios de gravações em Curitiba, no Paraná, subimos quatro lances de escada carregando mais de 30 quilos de equipamento para a última entrevista da noite. Não sabíamos que ficaríamos naquele apartamento por mais cinco horas.
Lembro dos detalhes daquela residência. Móveis de madeira e livros, muitos livros, e por toda a parte. A sala era a biblioteca, só não sabíamos que o dono da casa era uma extensão dela também. E aí chegamos a quem realmente interessa nesta história. A frase do início deste parágrafo vem de um senhor que concede uma entrevista como se estivesse conversando com um de seus netos, e não pude imaginar outra coisa, senão, que suas aulas deveriam ser tão interessantes quanto aquela entrevista, em que mal via o tempo passar. Trata-se de Renato Gross, pós-doutor em História da Educação, ou, como ele mesmo prefere ser chamado, professor.
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Então chegamos ao tal ponto que Gross defende como aquilo que os alunos de antigamente, os de hoje, e os que ainda nem nasceram, buscam nos seus professores: a coerência. Mas, o que seria isso? “Esta coerência está em enxergar na vida do seu professor aquilo que ele ensina”, explica.
Desafios da profissão
Ser professor, no entanto, não é simples, e por diferentes motivos. Financeiramente, a profissão é pouco valorizada no Brasil. Se comparada a outros países, é uma das mais mal pagas do mundo, segundo a Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico, que reúne 44 nações nas Américas, Europa e Ásia. De acordo com a última pesquisa realizada pela entidade em 2014, um professor em início de carreira no Brasil está na 43º posição nesse ranking, e recebe, em média, 10,3 mil dólares por ano – quatro vezes menos que o rendimento dos docentes dos países em análise.
Mas o rendimento no fim do mês não é o único entrave da procura pela profissão. Ao longo das últimas décadas, com a modernidade e a presença mais intensa da mulher no mercado de trabalho, coube à escola a função de educar as crianças cada vez mais cedo e por períodos de tempo ainda maiores.
Veja no vídeo abaixo uma homenagem a todos os professores:

Verônica Branco, doutora em Educação Integral pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica como a influência do professor sobre os alunos aumenta nesse contexto. “A mãe e o pai trabalham o dia inteiro, a criança fica na escola, e a escola acaba realizando essas múltiplas funções. A criança precisa de referências. E para que elas sejam saudáveis, devem mesclar a escola, o convívio em família e com a sociedade”, diagnostica.
Diferencial
Dentro da filosofia da Educação Adventista, o professor eficaz, além de ser aquele que se capacita e busca novos conhecimentos diários para a formação acadêmica e pessoal do aluno, também se preocupa com a espiritualidade deles. A escritora e educadora norte-americana Ellen White, no livro Visões do Céu, fala sobre a existência de uma escola celestial, para onde os professores devem preparar os seus alunos, mas, também, devem se preparar para a frequentar na posição de estudantes.
“Na escola celestial vamos aprender sobre questões que nunca conseguimos resposta, e vamos ter o próprio Deus como mestre. Aquele que entende que preparar seus alunos para a escola celestial é sua grande missão merece ganhar uma coroa, que é a da eternidade”, enfatiza Gross.
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Antes dos treinos, equipe se reúne para orar e conhecer mais sobre a Bíblia.
É isso que tem feito, por exemplo, o docente Márcio Santos, que leciona Educação Física no Colégio Adventista de Taguatinga, no Distrito Federal. Antes de cada treinamento com o time de futsal feminino da escola, eles realizam um estudo da Bíblia. “Dez alunas já tomaram a decisão de entregar as suas vidas a Jesus, e demonstram essa escolha através do batismo”, conta.
Semelhante ao que tem feito a professora Lucimar Porangaba, do Colégio Adventista Campo Grandense, no Mato Grosso do Sul. Durante as aulas de Geografia, ela procura ser dinâmica para repassar o conteúdo, mas também está disponível para o que o aluno precisar. “É uma professora muito especial. Ela me ensinou principalmente sobre o amor de Jesus, a como me relacionar com Ele, e hoje sou uma pessoa melhor por causa da influência que ela me deu”, relata um de seus alunos, Rafael Batistoti, de 16 anos.
Edgard Luz, diretor da Rede de Educação Adventista para oito países da América do Sul, enfatiza a diferença que a organização tem proporcionado através dos seus mais de 20,7 mil professores. “Um professor aos olhos de Deus é aquele que tem o compromisso de ensinar os nossos estudantes a se destacarem na sociedade em que vivemos, mas, principalmente, que os prepara para a eternidade ao lado de Jesus”, argumenta. [Equipe ASN, Rebbeca Ricarte*]
*Rebbeca Ricarte é jornalista, apresentadora do programa Educação, da TV Novo Tempo, e filha de uma professora.
Assista ao programa especial sobre o Dia do Professor:

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