Quatro adolescentes acusados de
violentar sexualmente quatro garotas na cidade de Castelo do Piauí,
região norte do Piauí, no último dia 27, começaram a prestar depoimento à
Justiça na manhã desta quinta-feira (11), na 2ª Vara da Infância e da
Juventude, localizada em Teresina.
Antes da audiência, o promotor de
Justiça de Castelo do Piauí, Cesário Oliveira, disse que as quatro
adolescentes foram estupradas quando já estavam desacordadas. Oliveira
afirmou ainda que o inquérito policial aponta Adão José de Sousa, 40,
como o mentor do estupro coletivo. Ele nega as acusações.
Apesar de não poder entrar em detalhes
por se tratar de crime que envolve menores de 18 anos, o promotor contou
que as garotas foram amarradas em árvores e espancadas, levando
pontapés, pedradas e pauladas. Depois ficaram desacordadas e foram
estupradas.
“As agressões foram tão violentas que
elas desmaiaram. Elas também já estavam desacordadas quando foram
arrastadas e jogadas de cima do penhasco”, disse Oliveira, antes de
entrar na audiência.
Os quatro adolescentes serão julgados
por atos infracionais análogos a feminicídio, tentativa de feminicídio,
associação criminosa e estupro. Por serem menores de idade, um deles tem
13 anos, os acusados só poderão ficar até três anos cumprindo medidas
socioeducativas, de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
O promotor afirmou que está se
preparando para usar todos os argumentos para convencer o juiz a manter a
reclusão dos menores. Oliveira disse que teme que os adolescentes mudem
o depoimento que prestaram à polícia na tentativa de diminuição das
medidas socioeducativas.
“Vou usar todas as minhas forças e
argumentos para que os menores fiquem reclusos no Centro Educacional
Masculino”, afirmou o promotor.
O juiz Antonio Lopes confirmou, por
volta das 13h, que os adolescentes devem receber como punição três anos
de reclusão com aplicação de medidas socioeducativas, mas poderão também
cumprir mais três anos em regime de semiliberdade.
O magistrado criticou o regime aplicado nos centros de recuperação de
menores infratores no Piauí. Para ele, o regime atual não recupera
menores infratores e as unidades educacionais são falhas quanto às
fugas.
“É difícil falar que esses menores terão recuperação num sistema que é
de mera internação, de isolamento. As fugas em semiliberdade são
constantes e esse sistema não recupera. Os menores fogem para usar
drogas nas ruas, como é o caso do Ceip (Centro Educacional de
Internação Provisória). Eles vão para o CEM (Centro Educacional
Masculino) por ter menos ocorrência de fugas”, disse Lopes.
Atualmente, os menores se encontram apreendidos no Ceip, na zona
sudeste de Teresina. Eles estão isolados dos demais menores infratores
para manter a integridade física deles.
Já Adão José de Sousa foi transferido da Casa de Custódia de Teresina
e está preso no isolamento do Presídio Carlos Gomes, localizado em
Altos (região metropolitana de Teresina). Ele não foi colocado em celas
dos pavilhões para que os presos não se rebelem e tentem matá-lo.
Os quatro adolescentes estão em locais separados, isolados, para que não
haja troca de informações sobre os depoimentos ao juiz Leonardo
Brasileiro e ao promotor Cesário Oliveira. O juiz Antonio Lopes, da 2ª
Vara da Infância e Juventude, também está participando da audiência. A
defesa dos menores está sendo feita por um defensor público. Os pais dos
menores também vão prestar depoimentos hoje.
A oitiva estava marcada para ocorrer em
Castelo do Piauí, mas o clima de revolta que domina os moradores da
cidade fez o procedimento ser transferido para a capital do Estado. A
polícia temia que ocorressem protestos e ataques de moradores, impedindo
a realização da audiência.
A audiência em Teresina ocorre sem o
registro de tumultos. O primeiro a depor é um menor que detalhou o
crime. Com base no depoimento dele, a Justiça vai confrontar as
informações com os demais acusados.
Vítima segue internada
As quatro adolescentes foram socorridas para o HUT (Hospital de Urgência de Teresina), porém uma delas tinha plano de saúde e foi transferida para um hospital particular. Duas delas tiveram alta: uma no sábado (6) e outra na terça-feira (9).
As quatro adolescentes foram socorridas para o HUT (Hospital de Urgência de Teresina), porém uma delas tinha plano de saúde e foi transferida para um hospital particular. Duas delas tiveram alta: uma no sábado (6) e outra na terça-feira (9).
No último domingo (7), a garota que
estava em estado de saúde mais grave morreu. Danielly Rodrigues
Ferreira, 17, teve traumatismo craniano e várias lesões pelo corpo. Ela
foi enterrada no cemitério de Castelo do Piauí na última segunda-feira
(8).
Agora, somente uma adolescente de 17
anos continua internada numa área isolada do HUT, após passar oito dias
na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ela teve traumatismo craniano e
lesões pelo corpo. O HUT disse que a paciente vem respondendo bem ao
tratamento, mas não há data prevista para alta.
Campanha
As adolescentes que receberam alta não
voltaram para Castelo do Piauí. Segundo familiares, elas estão
traumatizadas e as famílias estão se esforçando para se mudarem para
outra cidade.
Amigos das quatro garotas criaram o
grupo “Flores para Elas” para arrecadar doações e demostrar apoio às
adolescentes e às famílias delas.
Durante o período em que as meninas
ficaram internadas, flores foram depositadas na calçada do HUT. Além
disso, um grupo capta dinheiro para ajudar financeiramente as meninas,
que são de famílias carentes. Na última segunda-feira (8), foi criada
uma conta no site Vakinha para facilitar as doações.
Dados contabilizados até a manhã desta
quinta-feira (11) mostram que a arrecadação atingiu o valor de R$
13.545, superando a meta de juntar R$ 5.000. As doações estão abertas a
qualquer pessoa até o dia 22. Para doar, basta entrar na página da
campanha, fazer o cadastro e seguir as orientações do site.
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