Márcia Ebinger
Desafios em Família
Os dilemas da família moderna e como superá-los.
Na quarta-feira, dia 24 de junho, morreu, vítima de um acidente
automobilístico, aos 29 anos, o cantor sertanejo Cristiano Araújo. Junto
com ele morreu sua namorada, Allana Moraes, aos 19 anos de idade.
Confesso que não conhecia esse rapaz. Nunca tinha ouvido falar dele. Mas
lamentei a morte dos dois jovens, como sempre lamento a morte de
qualquer pessoa.
Foi impressionante a cobertura feita pelos veículos de comunicação. Após a confirmação da morte do casal, ocorrida no início do dia, as emissoras praticamente pararam suas programações para focar na notícia do acidente. Durante a tarde, então, não se falou em outra coisa. Você mudava o canal e as cenas eram as mesmas, o carro capotado, os policiais falando sobre os motivos, os amigos dando entrevistas, as fotos e imagens do casal, pedaços de shows do cantor, detalhes sobre suas últimas horas, seu histórico, o mapa com o local do acidente, familiares expressando sua dor, etc. etc. etc.
Foi impressionante a cobertura feita pelos veículos de comunicação. Após a confirmação da morte do casal, ocorrida no início do dia, as emissoras praticamente pararam suas programações para focar na notícia do acidente. Durante a tarde, então, não se falou em outra coisa. Você mudava o canal e as cenas eram as mesmas, o carro capotado, os policiais falando sobre os motivos, os amigos dando entrevistas, as fotos e imagens do casal, pedaços de shows do cantor, detalhes sobre suas últimas horas, seu histórico, o mapa com o local do acidente, familiares expressando sua dor, etc. etc. etc.
Isso sem falar no dia seguinte, quando a cobertura girou em torno do
velório e sepultamento dos dois jovens. No mesmo dia, à noite, quando
novamente muito se falava sobre o artista, assisti uma notícia que
apresentou a morte de uma mãe de quatro filhos, em Curitiba, no Paraná.
Maria da Luz, de 39 anos, estava com fortes dores na cabeça, no peito e
sentia falta de ar. Foi levada para a UPA – Unidade de Pronto
Atendimento, onde passou por uma triagem e ficou mais de três horas
esperando por atendimento. Como ninguém apareceu para medicá-la, o
marido a levou até uma farmácia para buscar medicação. Foi nesse momento
que Maria piorou e desmaiou na porta da farmácia. Os pedidos
desesperados de socorro feitos pelo marido a três funcionários da UPA
não surtiram efeito, ninguém veio atendê-la. Maria da Luz morreu por
falta de socorro na porta de uma instituição de “saúde”. O fato ocupou
dois minutos e meio do jornal. Não vi notícias sobre seu velório e
sepultamento.
Ainda na mesma noite também foi rapidamente noticiada a pior onda de
calor em 35 anos a atingir a cidade de Karachi, no sul do Paquistão.
Temperaturas por volta de 45 graus já haviam matado mais de “mil”
pessoas. A situação estava tão crítica que necrotérios estavam sem
espaço e hospitais públicos enfrentavam dificuldades para lidar com a
situação. O número de mortos continuava subindo no momento em que fechei
este artigo.
Atenção para poucos
Diante desses fatos fiquei pensando: o que faz com que uns poucos
recebam tanta atenção enquanto milhares e milhares morrem, diariamente,
anonimamente? Acredito que a explicação esteja no fato de que o cantor
Cristiano Araújo era famoso, conhecido, e a nossa sociedade valoriza
isso. Maria da Luz e os milhares de paquistaneses mortos não eram
conhecidos e muito menos famosos.
Humanamente a gente entende essas diferenciações. Isso é assim e a
sociedade não vai mudar. Mas seria bom se aprendêssemos um pouco com
estas situações. Veja bem, quero destacar que pelo menos em nosso âmbito
familiar podemos demonstrar aos seres que nos cercam que eles são, sim,
muito importantes. É em nosso pequeno núcleo familiar que podemos e
devemos construir autoestimas saudáveis e pessoas bem resolvidas
emocionalmente. A sociedade diferencia as pessoas, e sempre será assim,
mas em nosso meio familiar podemos fazer diferente. Se lá fora, de
diversas formas, dizem para nós que não temos muito valor, dentro das
quatro paredes do nosso lar podemos nos sentir as pessoas mais amados do
mundo! É hora de darmos atenção diferenciada àqueles que são
importantes para nós, em especial, os nossos filhos.
Além disso, sob a ótica espiritual esse tema é muito claro. Para Deus
não há conhecidos e desconhecidos, não há famosos e não famosos. Somos
todos igualmente amados pelo Pai. Ele se interessa de igual forma pela
dor sentida pela família do cantor Cristiano, e pela dor sentida pela
família da Maria da Luz. Ele está atento ao que está acontecendo no
Paquistão e sofre com aquela situação de miséria humana. A Bíblia diz,
em Lucas 12:6: “Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto,
nenhum deles está em esquecimento diante de Deus”.
Pense nisso!
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